Do foral manuelino aos inícios do século XVII e Emancipação da cidade e Privilégios
Em 1331, no reinado de D. Afonso IV, já tinha o Senado da Câmara conseguido realizar um acordo com o Bispo D. Vasco Martins,
que foi um primeiro passo para a emancipação da cidade e segundo o qual a Mitra
cedia à cidade toda a vasta área do Campo do Olival, recebendo em troca
diferentes herdades e casas na Maia.
Nas célebres inquirições de 1339 de D. Afonso IV, afirma-se
o embargo de pousada aos fidalgos na cerca do castelo, a proibição de morada,
de compra de casas e criação de filhos.
Por carta régia de 1355 de Afonso IV, as casas e lojas de
mercadores e de “viúvas honestas”
eram isentas do vexame das aposentadorias e aboletamentos para manter a
inviolabilidade dos lares dos cidadãos.
Para o completo cumprimento daquela medida, mais tarde, D.
João I ordenou que fossem construídas 7 estalagens no Porto para pousarem nelas
todos os que lá se dirigissem.
Por sua vez, D. Fernando I confirma os privilégios à cidade
do Porto acerca das restrições à aposentadoria de fidalgos.
No tempo do rei D. João I, os bispos deixaram de ser os
senhores do burgo e a administração da cidade passou a ser exercida pelos
portuenses que, entre si, passaram democraticamente a eleger o Senado
ou a Câmara. Tudo aconteceu no tempo do bispo D. Gil Alma, em que o
bispo fazia o escambo dos seus poderes temporais a troco de uma avença.
Assim, em 13 de Abril de 1406, é assinado um acordo, em Santarém, entre D. João I e os procuradores do bispo Gil Alma, em que este cede à coroa a jurisdição e o direito que tinha na cidade do Porto, por 3.000 libras anuais.
Os cidadãos do Porto sempre defenderam aqueles privilégios, muitas das vezes com lutas intestinas como a narrada por Arnaldo Gama na sua obra “A última Dona de S. Nicolau”, na qual o fidalgo Rui Pereira senhor das terras de Santa Maria é impedido de permanecer na cidade, mais do que o privilégio da cidade estipulava. O povo incendiou-lhe as casas da pousada, matou alguns dos seus criados e, só muito a custo, o fidalgo conseguiu escapar. Posteriormente o rei desautorizava o fidalgo dando razão ao povo.
Assim, em 13 de Abril de 1406, é assinado um acordo, em Santarém, entre D. João I e os procuradores do bispo Gil Alma, em que este cede à coroa a jurisdição e o direito que tinha na cidade do Porto, por 3.000 libras anuais.
Os cidadãos do Porto sempre defenderam aqueles privilégios, muitas das vezes com lutas intestinas como a narrada por Arnaldo Gama na sua obra “A última Dona de S. Nicolau”, na qual o fidalgo Rui Pereira senhor das terras de Santa Maria é impedido de permanecer na cidade, mais do que o privilégio da cidade estipulava. O povo incendiou-lhe as casas da pousada, matou alguns dos seus criados e, só muito a custo, o fidalgo conseguiu escapar. Posteriormente o rei desautorizava o fidalgo dando razão ao povo.
O duelo episcopal versus cidadãos acaba, por fim, no tempo
de D. ManueI I quando, ao cabo de mais de 3 séculos, liquida contas com a mitra
e o rei atribui foral ao Porto, o foral manuelino de 1517.
O foral novo de D. Manuel I, concedendo privilégios à cidade
do Porto e datado de 1517, inicia um período de crescente desenvolvimento
económico e urbano.
Já antes em 1 de Junho de 1490, encontrando-se D. João II em
Évora, em carta régia, concedeu aos cidadãos do Porto alguns privilégios que
viriam a ser confirmados por Filipe I, em Novembro de 1596. Recordemos alguns
destes privilégios:
1- Não serem presos nem metidos a tormento senão nas mesmas
condições em que os fidalgos o podiam ser.
2- Poderem trazer por todo o reino e senhorios régios
quaisquer armas, quer de noite quer de dia.
3- Desfrutarem dos mesmos privilégios que gozava Lisboa
ressalvando a proibição de andarem em bestas muares.
4- Os seus caseiros, amos, mordomos, lavradores encabeçados
e todos os outros que com os cidadãos do Porto vivessem não seriam obrigados a
servir na guerra, tanto por terra como mar, só podendo fazê-lo, quando os
próprios cidadãos estivessem no serviço militar.
5- Não serem obrigados a hospedar gratuitamente poderosos,
nem tomadas as suas casas, adegas, cavalariças, bestas de sela e albarda, ou
qualquer outra coisa, contra sua vontade.
Foral Manuelino de 1517 na Biblioteca Pública Municipal do
Porto
Realizações da época:
Em 1521 é aberta a Rua das Flores.
Durante os séculos XV e XVI a cidade vê surgir notáveis
edifícios de congregações religiosas ou de assistência:
Convento de Santa Clara;
Convento dos Lóios;
Conventos femininos de S. Bento da Ave-Maria e de Monchique
(este último extramuros);
Hospital de D. Lopo;
Convento de S. João Novo;
Mosteiro de S. Bento da Vitória.
“Na zona da Sé os
padres da Companhia de Jesus dão início à construção do Colégio de São Lourenço
e, mais tarde, da Igreja de São Lourenço (popularmente conhecida como
"Igreja dos Grilos"), o que implicou a destruição de algumas ruas e
trouxe alterações urbanísticas ao local.
Até 1583 o Porto teve
apenas uma paróquia, a da Sé, que nesse ano foi dividida em quatro: Sé, São
Nicolau, Nossa Senhora da Vitória e S. João Baptista de Belmonte, esta última
extinta alguns anos mais tarde.
No começo do século
XVII iniciam-se as construções do primeiro edifício da Casa da Relação e
Cadeia, do Convento dos Carmelitas Descalços, hoje quartel da Guarda Nacional
Republicana (GNR) e as obras do Mosteiro e da Igreja de S. Bento da Vitória,
que irão prolongar-se por todo este século, ocupando o vazio deixado pelo
abandono forçado dos judeus do Morro do Olival, um século antes”.
Fonte: pt.wikipedia.org
Este é um período de um enorme desenvolvimento da cidade
expandindo-se definitivamente para lá dos muros.
Sobre ele, o texto seguinte dá uma ideia interessante dos
tempos que se viveram.
“Os finais do século
XVII e o século XVIII vão trazer à cidade do Porto uma intensa actividade
arquitectónica, tanto religiosa como civil, que lhe dará uma nova imagem.
Realizam-se obras públicas como fontes e chafarizes. Constroem-se os grandes
edifícios de arquitectura barroca, de aspecto monumental, que identificam um
Porto barroco.
São exemplos:
O Paço Episcopal
totalmente reconstruído;
A intervenção no
edifício da Sé Catedral;
A frontaria da Igreja
da Misericórdia do Porto;
A Igreja e a Torre dos
Clérigos;
As Igrejas dos
Terceiros do Carmo, da Ordem do Terço, de Santo Ildefonso;
A Casa do Despacho da
Ordem Terceira de São Francisco;
O Palácio de S. João
Novo;
O Palácio do Freixo;
A Casa da Rua de D.
Hugo n.º 17, actual Casa-Museu Guerra Junqueiro;
A Casa de Ramalde.
Muitos destes
importantes edifícios têm o traço ou a influência de Nicolau Nasoni, artista
italiano que chegou ao Porto em 1725 e aqui desenvolveu uma notável obra nos
domínios da pintura e da arquitectura. São considerados expoentes máximos a
frontaria da Igreja da Misericórdia e o monumental conjunto dos Clérigos,
nomeadamente a sua célebre Torre com cerca de 75 metros de altura.
Até meados do século
XVIII a vida urbana portuense ficou quase confinada aos limites da Muralha
Fernandina, estendendo-se ainda, ao longo das vias de ligação aos pequenos
núcleos das paróquias rurais e dos centros piscatórios da margem do Douro. A
segunda metade do século XVIII traz novas transformações urbanísticas e
arquitectónicas que irão alterar profundamente o aspecto da cidade.
Foram factores
decisivos para o desencadear desta nova fase o crescimento rápido da população
citadina, uma conjuntura económica favorável ligada à actividade mercantil,
nomeadamente ao comércio e à exportação do vinho do Porto como resultado da
crescente importância da produção vinícola e da criação da Companhia da
Agricultura do Alto Douro e, ainda, a nomeação de João de Almada e Melo como
comandante militar.
A data de 1763
representa o início do funcionamento da Junta de Obras Públicas, presidida por
João de Almada, que incluía membros da Câmara apoiados por engenheiros
militares e, mais tarde, por arquitectos encarregados dos trabalhos. A direcção
do desenvolvimento urbanístico da cidade centralizou-se assim num único
departamento que funcionou até 1804.
A acção da Junta
introduziu uma abordagem racional na concepção da cidade, defendendo aspectos
como a luz, a higiene e a salubridade. Segundo estes novos conceitos
urbanísticos as construções deviam obedecer a planos rigorosos em que se
privilegiava o conjunto arquitectónico e não o edifício isolado. O risco das
novas ruas era acompanhado pelo desenho dos alçados a edificar. Estas áreas
constituem, ainda hoje, paradigma de coerência e equilíbrio na relação
rua-conjunto edificado.
O plano almadino
pretendia renovar a cidade antiga e ordenar o crescimento para fora da Cerca
Fernandina que, sobretudo desde meados do século XVII, estava a realizar-se de
uma forma espontânea e caótica. Visava ainda redefinir as principais vias de
acesso tornando-as desafogadas. São, disso, exemplos as Ruas de Cedofeita, de Santa
Catarina, Direita (hoje de Santo Ildefonso), do Reimão (actual Avenida
Rodrigues de Freitas), dos Quartéis (agora Rua de D. Manuel II), a Calçada da
Natividade (Rua dos Clérigos), a Rua Nova das Hortas (troço inicial da Rua do
Almada) e o Passeio das Virtudes.
Da concretização deste
plano resultaram: novas praças como a Praça de São Roque (desaparecida um
século mais tarde, aquando da construção da Rua de Mouzinho da Silveira) entre
a Rua do Souto e a Rua das Flores; a renovação da Praça da Ribeira; a abertura
de ruas amplas e com passeios como a Rua de S. João; realinhamentos de fachadas
e ruas antigas. Surgem também novas preocupações com os espaços públicos, de
que são exemplos, as alamedas voltadas para o rio Douro, como as das Virtudes,
das Fontainhas ou de Massarelos.
O plano urbanístico de
João de Almada para a cidade do Porto— um dos primeiros planos de conjunto a
aparecer na Europa— criou um novo e importante eixo citadino que partia da
Praça da Ribeira, seguia pela Rua de S. João, Largo de São Domingos, Rua das
Flores, Rua Nova das Hortas e Rua do Almada até ao Campo de Santo Ovídio
(actual Praça da República).
A segunda metade do
século XVIII foi também a época da construção de grandes edifícios
representativos da arquitectura neoclássica de influência inglesa, que se
prolongaria ainda pelo século XIX.
São exemplos do Porto
neoclássico:
O Palácio da Bolsa;
A Casa da Feitoria
Inglesa;
O edifício da Cadeia e
Tribunal da Relação;
O Hospital de Santo
António;
O Quartel das Partidas
Avulsas / Real Casa Pia;
Os edifícios do lado
poente da Praça da Ribeira e os arcos abertos no "Muro da Ribeira";
O edifício da antiga
Academia da Marinha e Comércio, mais tarde Academia Politécnica, hoje Reitoria
da Universidade do Porto;
As Igrejas dos
Terceiros de São Francisco, da Lapa, da Trindade, de Nossa Senhora da Vitória;
O edifício da
Alfândega Nova.
Data ainda de finais
de setecentos o Convento de Santo António da Cidade dos Capuchos, um enorme
edifício claustral situado defronte do actual Jardim de São Lázaro, onde desde
1842 tem funcionado a Real Biblioteca Pública da Cidade do Porto, depois
Biblioteca Pública Municipal do Porto e onde já funcionou, a Escola de Belas
Artes e o Museu Municipal.
Entretanto, desde
finais do século XVIII e ao longo do século XIX, a velha Muralha Fernandina foi
sendo progressivamente demolida, uma resposta da época à crescente expansão
urbana. Dela são hoje visíveis os trechos dos Guindais (o mais extenso), o do
Caminho Novo e ainda vestígios como no Muro dos Bacalhoeiros e no interior do
edifício da antiga Cadeia da Relação.
Apesar de todas estas
transformações, o Porto de finais do século XVIII manteve-se uma cidade virada
para o Douro, vivendo em função do rio, com o centro económico e social nas
suas proximidades – Praça da Ribeira, Rua Nova dos Ingleses, Rua de S. João e
Largo de São Domingos.
As imagens da época,
representando o rio coberto de navios, sugerem a importância do intenso tráfego
comercial. O acentuado crescimento demográfico verificado por essa época na
cidade e principalmente nos núcleos rurais fora da área amuralhada (onde
surgiram as primeiras fábricas precursoras do dinamismo industrial do século
seguinte) significa outra das potencialidades deste Porto de finais do século
XVII”.
Fonte: pt.wikipedia.org
Não há uma só
definição taxativa para distinguir um convento e um mosteiro.
Uma forma será o
modo como vivem os seus habitantes e como se relacionam.
Assim, Convento,
do latim, conventu(m) é o
edifício habitado por pessoas religiosas que vivem em comum e como irmãos.
Chamam-se frades (irmãos)
e freiras (irmãs).
Por sua vez, Mosteiro era o local para onde os monges e
ou/monjas, se retiravam da vida mundana.
No mosteiro vivia-se, geralmente, a vida em solidão, e no
convento vivia-se a vida em comunidade.
No passado, geralmente, o convento era edificado na zona
urbana da cidade, normalmente delimitada por uma muralha.
Já o mosteiro era o oposto, sendo edificado fora da cidade.
Como os limites geográficos das urbes iam-se expandindo, a
diferença entre as duas comunidades religiosas passou a observar o tipo de
organização subjacente à sua constituição.
Podem considerar-se quatro tipos de Ordens Religiosas:
monásticas: são
formadas por monges ou monjas que vivem enclausurados em mosteiros.
Exemplos: Anunciadas,
Beneditinos, Basilianos, Camaldulenses, Capuchinhas, Cartuxos, Celestes,
Clarissas, Cistercienses, Concepcionistas, Jerónimos, Mínimas, Monges e Monjas
de Belém, Premonstratenses, Trapistas e Visitandinas;
mendicantes: são
formadas por frades ou freiras que vivem em conventos.
Eles não são tão
isolados como os monges, tendo por isso um apostolado mais activo no mundo
secular (ex: obras de caridade, serviço aos pobres, pregação e evangelização).
A sua sobrevivência depende das esmolas e dádivas dos outros, porque eles
renunciaram a posse de quaisquer bens, comprometendo-se em viver radicalmente
na pobreza.
Exemplos: Agostinianos,
Carmelitas, Dominicanos, Franciscanos, Mercedários e Servitas;
regrantes: são
formadas exclusivamente por cónegos regrantes.
Exemplos: Ordem dos
Cónegos Regrantes de Santo Agostinho e Ordem Premonstratense;
clérigos regulares:
são formados exclusivamente por clérigos regulares ou consagrados (os cónegos
são excluídos). Eles não vivem uma vida comunitária tão enclausurada e austera
como os monges ou como os frades, tornando-se por isso muito mais disponíveis
para o apostolado. Com isto, eles ajudam grandemente o clero secular em áreas
como a liturgia, a administração dos sacramentos, a educação e a evangelização.
Exemplos: Crúzios,
Escolápios, Jesuítas, Somascos e Teatinos.
As ordens religiosas podem, ainda, ser agrupadas em duas categorias:
a Primeira Ordem destinada aos homens e a Segunda Ordem destinada às mulheres.
Entretanto, há algumas ordens, que possuem uma Terceira Ordem,
as chamadas Ordens Terceiras. Estas são destinadas àquelas pessoas que vivem no
mundo. Pessoas muito religiosas, que gostariam de ter entrado para uma ordem
quando jovens, mas não tiveram oportunidade ou pessoas que gostariam de
dedicar-se melhor a Deus, mas não encontram nos movimentos paroquiais maior
incentivo.
Quanto ao tipo de
estabelecimento, existem Ordens Segundas que, embora tenham uma vivência
monástica, tomam a designação da sua morada, de acordo com a que é atribuída à sua Ordem
Primeira.
No Porto, é o caso
das Carmelitas descalças, que vivendo em clausura, se designa as suas
instalações por convento, já que, os frades da sua Ordem Primeira têm uma vida
em comunidade.
Edifícios religiosos no século XVIII
2 Palácio Episcopal 1734/…;
3 Convento dos Grilos (Colégio de S. Lourenço)/1577;
4 Convento S. Francisco/ 1232 e Casa do Despacho da O.T. de S. Francisco 1746/1752;
5 Convento S. Domingos (Dominicanos)/1238;
6 Igreja de S. Nicolau 1671/;
7 Convento e igreja de S. João Novo (Eremitas de St. Agostinho - Gracianos)/1604/Fachada:1779;
8 Mosteiro de S. Bento da Vitória / 1598/Obras: Séc. XVII;
9 Igreja da Vitória;
10 Igreja e Casa da Misericórdia (fachada 1750, nave 1754 a 1779);
11 Mosteiro da Ave-Maria de S. Bento (Beneditinas)/ 1518;
12 Igreja e Convento dos Lóios (Cónegos de S. João Evangelista)/1490;
13 Mosteiro de Santa Clara (Clarissas)/1416;
14 Igreja de Santo António do Penedo.
16 Recolhimento do Anjo / 1672;
17 Igreja de Nossa Senhora da Graça (Colégio dos Meninos Órfãos / 1651);
18 Convento 1617/e igreja dos Carmelitas Descalços /1630; igreja / 1658;
19 Igreja do Carmo 1756/1768;
20 Mosteiro das Carmelitas Descalças /1702 a 1732;
21 Convento e igreja dos Congregados (Congregação do Oratório) 1680/1694;
22 Capela dos Reis Magos c.1724;
23 Igreja de S. Ildefonso 1720/1739;
24 Capela da Batalha 1590/1792;
25 Igreja da O.T. do Terço 1759/1775;
26 Igreja de N. S. da Esperança 1746/1763 e Recolhimento das Órfãs 1722/;
27 Convento de Santo António 178.
Mosteiros e Conventos
Femininos e Instituições de Assistência no século XVIII
Legenda:
1 Mosteiro de Santa
Clara; 2 Mosteiro de S. Bento da Ave-Maria; 3 Convento da Madre Deus de
Monchique; 4 Mosteiro das Carmelitas Descalças.
Assistência: 5 Anjo;
6 Nossa Senhora da Esperança;
7 Misericórdia; 8
Ordem Terceira de S. Francisco; 9 Ordem Terceira de S. Domingo.
Conventos e mosteiros masculinos no século XVIII
1 Mosteiro de S. Bento da Vitória; 2 Convento dos
Carmelitas; 3 Igreja de S. Nicolau; 4 Igreja dos Congregados 1694; 5 Igreja de
S. Ildefonso 1731; 6 Igreja dos Clérigos 1732; 7 Convento de Santo António; 8
Convento dos Lóios.
Nos últimos anos do século XVIII o arquitecto Teodoro de Sousa Maldonado trabalhou para a Junta das Obras
Públicas entre 1789 e 1792. Dada a sua competência, foi nomeado o primeiro
arquitecto da cidade em 1792. Desenhou e executou várias importantes obras,
dentre as quais destacamos: a Rua de Santo António, a Calçada dos Clérigos e a
Rua da Boavista. Além de arquitecto, era um excelente desenhador a quem se deve
a magnífica vista do Porto inserida na primeira edição do livro de Agostinho
Rebelo Costa. Faleceu em 1799, mas contribuiu imenso para o desenvolvimento
urbanístico que a cidade iria sofrer nos anos seguintes.
Foi pelos finais do
século XVIII que surgem, então, novos eixos de expansão urbana tendo como
referência a Rua do Almada. Em 1782 dá-se a abertura da Rua de Cedofeita que
constituía o novo percurso para Vila do Conde e Barcelos.
Esta rua
desenvolveu-se primeiro até à Rua da Torrinha e só mais tarde até à Rua da
Boavista.
Ao longo do século
XVII, embora com um expressivo aumento da população, ele só se verificou dentro
da área amuralhada, verificando-se pela consulta da carta marítima de Jansz
Blaeu uma relativa desertificação para além das muralhas.
Com o decorrer do
século XVIII e após a criação da Junta das Obras Públicas do Porto em 1758, são
definidos novos eixos de expansão viária e urbana.
Primeiro surge a Rua
do Almada inserida na “Planta do Bairro dos Laranjais” projectada em 1761 por
Francisco Xavier do Rego e executada sob as ordens de Francisco Pinheiro da Cunha,
Director das Obras Públicas do Porto entre 1767 e 1779.
Assim e a partir
daquele eixo viário, em 1774 dá-se a abertura da Rua de Santa Catarina, seguindo-se
em 1778 a abertura da Rua Direita de Santo Ildefonso e, por fim em 1782, a Rua
de Cedofeita.
A partir de 1784
ocupa a direcção da Junta Francisco de Almada e Mendonça.
Associado a este
período surge a personalidade incontornável de Teodoro de Sousa Maldonado que
ocupando o cargo de “Arquitecto da Cidade” irá acompanhar os trabalhos de
abertura das ruas de Santa Catarina e de Cedofeita e de todos os novos
arruamentos transversais daquelas vias como a Rua de Santo António, Rua Formosa
e Rua de Fernandes Tomás e ainda a Rua do Príncipe, Rua do Breyner e Rua da
Torrinha, respectivamente.
Planta da cidade em 1820
Legenda:
1 Travessa do Carmo
2 Viela dos Poços da Cordoaria
3 Viela do Loureiro
4 Viela do Assis
5 Passeios da Graça
6 Cordoaria
7 Recolhimento do Anjo (Em 1839 seria Mercado do Anjo)
8 Caminho estreito que antecedeu a Rua das Carmelitas
9 Praça do Pão
10 Calvário Velho
11 Colégio dos Meninos Orfãos
12 Rua do Correio
13 Rua das Hortas
14 Calçada dos Clérigos
15 Largo dos Ferradores
16 Convento dos Lóios
17Praça da Constituição em 1820 foi depois em 1823 Praça
Nova e depois D. Pedro
18 Rua das Flores
19 Convento de S. Bento da Ave- Maria
20 Viela do Polé
21 Rua do Loureiro
22 Rua Chá
23 Calçada de Vandoma
24 Carvalhos do Monte
25 Largo de S. Domingos
26 Sé Catedral
27 Calçada do Calvário Novo
28 Passeio das Virtudes
29 Rua S. Bento da Vitória
30 Cadeia da Relação
31 Rua de Trás
32 Rua do Souto ou Rua do Souto dos Ferreiros depois
Ferraria de Cima
33 Rua Mendo Afonso
34 Prédios à frente da Cadeia da Relação
35 Rua das Taipas
36 Capela do Calvário Novo, Hospício dos frades Antoninos e
Quartel Militar dos Terços
37 Largo do Carmo
38 Igreja e Torre dos Clérigos
39 Rua de Cima de Vila
40 Congostas
41 S. João Novo
42 Mercado da Natividade e Rua de Entre-Vendas
43 Rua do Corpo da Guarda
O século XIX portuense ficou marcado, logo no início, por
situações de instabilidade política como as invasões francesas na primeira
década e as guerras liberais, que culminaram com o Cerco do Porto em 1832-1833,
que provocaram destruições na cidade antiga, sobretudo na parte baixa
ribeirinha e nas encostas circundantes.
Mas este século, principalmente a segunda metade, apresenta
épocas de grande dinamismo que se traduziram no adensamento da malha urbana e
numa enorme expansão. A abertura de novas artérias extramuros, como a Rua dos
Bragas ou a Rua de Álvares Cabral, proporciona novas áreas residenciais. A
função habitacional concretiza-se agora nas mais diversas formas e dimensões,
desde a pequena casa popular e operária às variadas casas da burguesia, mono ou
polifuncionais e às casas do brasileiro, de grande ostentação e representativas
de outros gostos estéticos.
Em 1839 já se verifica o prolongamento da Rua da Boavista
para poente com o topónimo de Rua dos Jasmins.
De notar que a margem sul do rio Douro em frente à Ribeira
do Porto, desde ” a fralda do Monte de
Quebrantões até ao Monte do Cavedelo” ainda pertencia à cidade do Porto,
até 1834.
A criação de mercados (do Anjo em 1839; do Bolhão em 1837),
de jardins (São Lázaro em 1834; Cordoaria em 1866; Praça do Infante em 1885), a
abertura do Cemitério de Agramonte em 1855, o aparecimento da arquitectura do
ferro, de que foi exemplo paradigmático, o desaparecido Palácio de Cristal
(inaugurado em 1865), a instalação de sistemas de iluminação pública a gás (a
partir de 1855), de abastecimento de água ao domicílio (após 1887) e de
saneamento, bem como a criação do Liceu Central do Porto (em 1840), são alguns
aspectos significativos da acelerada evolução portuense da segunda metade de
oitocentos.
Esta intensa fase de expansão urbana surge inserida num
contexto de forte crescimento demográfico, de atracção de populações do mundo
rural e de transformações económicas, nomeadamente da crescente importância das
actividades industriais. Observa-se uma grande difusão de fábricas, oficinas e
bairros operários pela cidade fabril, sobretudo no Bonfim, em Massarelos,
Cedofeita, Lordelo do Ouro e Ramalde. A presença das altas chaminés e das
respectivas instalações fabris, assim como os extensos conjuntos de habitações
operárias e ilhas, vêm introduzir novos elementos na paisagem urbana de algumas
áreas da cidade.
Estação de Campanhã em 1895 – Ed. Emílio Biel
Rua de Pinto Bessa de acesso à estação de Campanhã
Simultaneamente
assiste-se ao desenvolvimento dos transportes urbanos: o americano, tracção
animal sobre carris, estreia-se em 1872 ligando a Alfândega a Matosinhos; o
carro eléctrico sobre carris circula pela primeira vez no Porto em 1895. Ainda
neste ano é aberto à navegação o Porto de Leixões, que irá retirar importância
ao velho porto fluvial do Douro.
As profundas mudanças
da vida portuense durante o século XIX também atingem a parte mais antiga da
cidade, dentro da Muralha Fernandina.
O centro da vida
social, política e de negócios portuense situado na área da Ribeira - São
Domingos, deslocou-se progressivamente para a Praça Nova e suas imediações, que
adquiriram crescente importância. Nesta praça, num palácio que a delimitava do
lado norte, esteve instalada a Câmara Municipal do Porto desde 1819 até 1916.
Em meados do século,
já o verdadeiro polo da vida social, intelectual, cultural, política e
administrativa assim como o centro comercial portuense estão localizados na
zona da Praça Nova e áreas circundantes – a chamada "Baixa".
No núcleo antigo, na
segunda metade de oitocentos, dá-se uma importante reorganização das vias de
trânsito com a abertura de novas ruas que cortam e se sobrepõem à malha urbana
preexistente. São exemplos a Rua de Ferreira Borges (iniciada em 1838), a Rua
de Mouzinho da Silveira (1872) e a Rua Nova da Alfândega (1869-1871).
A Rua de Mouzinho da
Silveira criou um novo eixo para a distribuição do tráfego e circulação das
mercadorias, mais largo, rectilíneo e menos íngreme que os anteriores, ligando
a Rua Nova dos Ingleses (Rua do Infante D. Henrique) ao Convento da Ave-Maria
de São Bento.
Esta área antiga ficou
também enriquecida com algumas monumentais construções que criaram novas
centralidades. São exemplos:
O Palácio da Bolsa;
O Mercado Ferreira
Borges (representativo da arquitectura do ferro);
A Alfândega Nova;
Vários edifícios de
bancos e companhias de seguros.
Salientam-se ainda
outras transformações no núcleo histórico durante o século XIX:
Perda progressiva da
importância da actividade comercial, deslocada para o novo centro na Praça Nova
e proximidades;
Fixação das sedes de
empresas, seguros e bancos, ligados à burguesia mercantil e financeira que, se
procuram instalar junto dos novos arruamentos de melhor acessibilidade (Rua
Nova da Alfândega, Rua de Ferreira Borges, Rua de Mouzinho da Silveira);
Redução da função
habitacional devido à gradual transferência das famílias ricas para locais mais
amplos e aprazíveis e consequente separação entre locais de trabalho e de
residência;
Sobre- ocupação
habitacional, acelerada pelo crescente afluxo de gentes do campo atraídas pelo
despontar da industrialização. Esta ocupação tanto se deu nos velhos prédios da
zona antiga, abandonados pelas famílias de posses e transformados em
"colmeias”, como nas numerosas ilhas. Em qualquer destas situações,
verificou-se uma acelerada degradação das condições higiénicas e de
salubridade.
Em suma, o Porto do
século XIX industrializou-se, manteve a tradicional e próspera actividade
mercantil, afirmou-se como centro polarizador de toda a região norte do país,
como entreposto atlântico e mostrou-se uma cidade moderna, aberta à vida
social, política e cultural, plena de vitalidade com os seus teatros,
tertúlias, cafés, feiras, livrarias, exposições internacionais, os seus
passeios públicos e jardins românticos.
Em 21 de Novembro de
1895, com o início da abertura da estrada da Circunvalação e a inclusão das
últimas três freguesias, Aldoar, Nevogilde e Ramalde, ficou definido o actual
território do Porto, cidade e concelho”.
Fonte: pt.wikipedia.org
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