Descrição das catedrais
Descrição da Sé
1 - Capela-mor 2 - Capela Absidial/Capela de S. Pedro 3 -
Capela do SS. Sacramento 4 - Transepto 5 - Galilé ou Loggia (Nicolau Nasoni
1736) 6 - Nave lateral 7 - Nave central 8 - Salas do Cabido 9 - Capela de S.
João Evangelista 10 - Capela de S. Vicente 11 - Claustro gótico (iniciado em
1385) 12 - Sacristia 13 - Claustro velho
Para que seja entendido o que se segue convém identificar,
num templo, o lado da Epístola como
aquele que se situa à direita do celebrante quando este se encontra de frente
para o altar (na celebração de costas para o povo), e o lado do Evangelho, com o que fica à sua esquerda, naquela mesma
posição.
Epístola é uma passagem das Sagradas Escrituras (em geral
extraída das epístolas dos Apóstolos), que é lida ou cantada antes do
Evangelho.
A Sé é um conjunto composto por igreja e claustro adossado ao lado
direito, com IGREJA de planta em cruz latina de três naves com cinco tramos
cada, transepto saliente e cabeceira tripartida constituída por capela-mor rectangular
profunda com capelas colaterais, a do lado do Evangelho, designada por capela
do Santíssimo Sacramento de planta centrada trilobada, para a qual se abre a
sacristia paroquial de planta retangular, e do lado oposto a capela de São
Pedro de planta hexagonal; possui duas torres retangulares flanqueando a
fachada principal, tendo, a Norte, uma galilé de cinco tramos.
Esta galilé substituiu o antigo alpendre de S. João, que
era coberto por telha. Era costume antigo fazer-se pregações da parte de fora
da Sé, junto a este alpendre, onde, possivelmente, estaria um púlpito, que era
de pedra e que em 1548 foi substituído por um de madeira.
No século XVI, esse alpendre estava em mau estado e para
evitar a entrada da chuva foi mandado cobrir de colmo. Pelo cabido foram
pagos, em 13 de Agosto de 1547, treze carros de colmo aos lavradores de
Cedofeita. E, meses depois, mais pagamentos foram feitos aos rendeiros de
Cedofeita e lavradores de Custóias "por sete feixes de colmo". Dez
anos depois, em 1557, telhou-se o alpendre. Aos vinte e um dias do mês de
outubro daquele ano, "andou Manuel Pires a telhar o alpendre de São João,
onde chovia".
“Em louvor de S.
Roque, os portuenses mandaram construir, em 1581, uma capela, junto à porta
travessa da catedral, sensivelmente no sítio onde agora está a galilé,
atribuída a Nasoni.
A devoção a S. Roque
era tão firme que os devotos que mandaram fazer a capela fizeram questão de que
se gravasse na padieira da porta principal do templo uma legenda em Latim que,
em vernáculo, dizia isto: "Permanecerá esta capela no tempo e só
desaparecerá no dia em que uma formiga conseguir beber toda a água dos oceanos
ou uma tartaruga dê uma volta completa ao redor do Mundo".
Mas nada é eterno e a
capela de S. Roque desmoronou-se, na consequência do terramoto de 1 de
novembro de 1755, que arrasou Lisboa e que também fez sentir no Porto os seus
nefastos efeitos.
A Câmara mandou
construir, no Largo do Souto, um novo templo dedicado a S. Roque que foi
demolido, em 1877, quando sobre o rio da Vila se começou a construir a Rua de
Mouzinho da Silveira”.
Com a devida vénia a Germano Silva
A Sé Catedral…:
…“De volumes
escalonados e coberturas diferenciadas em lajeado de uma água na galilé, duas
águas nas naves, transepto e sacristia do Cabido, em telhados de duas águas na
capela-mor e cruzeiro, este com torre, aberta em três faces por janelas termais
em arco quebrado, sendo em domos bolbosos pétreos nas torres sineiras. Fachadas
em cantaria de granito aparente, interrompidas por contrafortes escalonados e
rematadas em cornijas e ameias piramidais decorativas.
Fachada principal
voltada a Oeste com corpo inscrito em amplo arco de volta perfeita apoiado em
pilastras toscanas, com o intradorso ligeiramente côncavo decorado por mísulas,
encimadas por motivos fitomórficos. Portal principal de verga reta ladeado por
quatro colunas dóricas, grupadas em plintos galbados, suportando entablamento
também dórico com métopas ornadas por motivos vegetalistas, sobre o qual se
elevam fragmentos de frontão recortados, de volutas, encimado por par de urnas,
interrompido por varandim balaustrado. Sobre o varandim, estrutura
arquitetónica de planta côncava, com nicho central contendo a imagem de Nossa
Senhora da Assunção, assente em base piramidal, enquadrado por quatro pilastras
decoradas por folhagem e por duas colunas, rematada por cornija com urnas nos
extremos. A encimar o portal, cartela recortada com inscrição. Sobrepuja este
conjunto, rosácea radiante, com raios perlados, reunidos por arcos trilobados e
com decoração fitomórfica. Torres sineiras rematadas por guarda balaustrada,
com urnas sobre acrotérios nos ângulos, de dois registos, definidos por
ressalto, sendo o primeiro do lado Norte percorrido por três frisos de
cantaria, e ambas rasgadas por seteiras; no topo, ventana em arco de volta
perfeita, de molduras salientes. Fachada lateral esquerda, com notório
escalonamento dos vários corpos, apresentando adossada à nave galilé, com pano
lateral formando ângulo com a torre, rasgado por nicho com a imagem de granito
de S. João Nepomuceno. A galilé é aberta por cinco arcos de volta perfeita
assentes em pilastras toscanas, com guardas balaustradas, sendo os que ladeiam
o arco central mais estreitos e ornados por volutas, sendo os cheios ritmados
por pilastras toscanas decoradas por volutas nos ângulos superiores, existindo
um vão no espaço entre as pilastras. Remata em entablamento, encimado ao centro
por espaldar com cornija quebrada, interrompida por pináculo, ladeado por
frontões curvos, interrompidos por pináculo piramidal volutado inferiormente,
sobre acrotério. Junto aos extremos, a cornija do entablamento eleva-se em
semicírculo, coroada por pináculo idêntico aos restantes. Interior com
cobertura abobadada, rebocada e pintada de branco, demarcada por arcos torais
em granito e pavimento em lajeado de granito, formando composições geométricas.
Paredes ritmadas por pilastras toscanas, formando os tramos, sendo os vãos dos
arcos revestidos com azulejos figurativos, azuis e brancos. A estes, adossam-se
bancos de espaldar recortado, em granito, apresentando o do lado Este, janela
retangular gradeada. Sobre esta, o corpo da nave central mais elevado, que se
liga à lateral por arcobotantes, tendo cada tramo rasgado por uma fresta com
toros diédricos e capitéis sem imposta. Braço do transepto rematado em empena
com cruz grega flor-de-lisada no vértice, com três registos marcados por
frisos, possuindo no último fresta com toro diédrico e capitel sem imposta,
ornado com motivos vegetalistas. Corpo da capela-mor com duas janelas
retilíneas e pequena luneta. Tem adossado o corpo da sacristia paroquial com
fachadas flanqueadas por cunhais apilastrados e panos definidos por pilastras,
e rematadas em cornija. Os panos são rasgados por dois registos de janelas
retangulares gradeadas, as do primeiro, jacentes. Sobre esta, o corpo da Capela
do Santíssimo Sacramento, rematado por cornija e coroado por lanternim. Fachada
lateral direita com claustro adossado, sendo os corpos da nave e transepto
idênticos aos da fachada oposta. INTERIOR com paredes em cantaria aparente e
pavimento em laje de granito, ao qual se sobrepõe amplo estrado de madeira a
partir do segundo tramo da nave central e no último tramo das naves laterais.
Coberturas diferenciadas em abóbadas de berço ligeiramente quebrado,
sustentadas por arcos torais lisos na nave central, assentes em colunas
fasciculadas, que se unem aos pilares polístilos da arcaria quebrada que a
separa das naves laterais, formando um núcleo cruciforme apoiados sobre grandes
socos. Os arcos das abóbadas da nave lateral do lado do Evangelho são
fasciculados, à exceção do que antecede o transepto, ornamentado com meias
esferas. Os arcos da nave do lado da Epístola, são lisos e os dois mais
próximos do transepto estão ornados com meias esferas. Os braços do transepto
apresentam cobertura em abóbada de berço, também ligeiramente quebrado,
sustentada por colunas embebidas na caixa murária, e o cruzeiro é coberto por abóbada
polinervada. As frestas são decoradas por toro diédrico e capitel sem imposta.
Coro-alto assente em arco de volta perfeita suportado por colunas idênticas às
da nave, totalmente ocupado por grande órgão de tubos. O portal está protegido
por guarda-vento de madeira. Nas naves laterais, na parede fundeira, abrem-se
portas de acesso às torres, ladeadas por pias de água benta, formadas por
grande concha em mármore rosa, encimadas por decoração fitomórfica e sustentada
por anjo em mármore negro, surgindo outras duas nas naves laterais,
semelhantes. Em cada uma das naves, surge um confessionário em madeira. No
primeiro tramo da nave do lado do Evangelho, batistério protegido por grade de
ferro decorada por motivos fitomórficos. O interior tem as paredes revestidas a
mármores policromo, com cobertura em falsa abóbada revestida a estuque
policromo e pavimento em mármore rosa e branco formando motivos geométricos.
Tem pia batismal em mármore rosa composta por pedestal de jaspe e mármore. Nos
topos dos braços do transepto, as capelas de Nossa Senhora do Presépio
(Evangelho) e de Santa Ana (Epístola); ambas estão enquadradas por composição
pétrea, composta por arco de volta perfeita enquadrado por quatro pilastras,
demarcadas no terço inferior, grupadas em plinto único decorado por cartelas,
rematando em friso geométrico, cornija e um segundo friso decorado por óvulos e
almofadados, nos extremos, encimados por pináculos piramidais com bola,
encimado por tabela retangular vertical, rematando em frontão triangular interrompido,
ladeado por aletas, contendo esculturas policromas, uma Santíssima Trindade
horizontal na do lado do Evangelho, e uma Santa Ana, a Virgem e São Joaquim no
lado oposto. Para o transepto abrem-se em arco de volta perfeita, as capelas
colaterais, dedicadas ao Santíssimo Sacramento (Evangelho) e a São Pedro
(Epístola). São enquadradas por estrutura de talha dourada, composta por quatro
colunas demarcadas no terço inferior, decoradas por motivos fitomórficos, com
capitéis coríntios, grupadas em plintos paralelepipédicos pétreos. As colunas e
as pilastras são encimadas por fragmentos de entablamento, suportando
frontalmente figuras encimadas por entablamento ritmado por modilhões que
sustenta espaldar rendilhado, com par de plintos piramidais com bola, nos
extremos e ao centro nicho com imagem do orago. No intradorso, decorado por
ornatos de canais, pilastras a sustentar o arco. A Capela do Santíssimo
Sacramento é protegida por grade de ferro ornada com motivos fitomórficos e tem
as paredes em tons de verde são ornadas por estuque com finos motivos
fitomórficos dourados e apresentam portas de comunicação com a sacristia
paroquial; tem cobertura em cúpula de lanternim, ornada por pinturas e
pavimento em mármore rosa, branco e negro compondo um grande motivo floral. A
Capela de São Pedro está protegida por grade de comunhão de ferro, ornada com
enrolamentos e motivos fitomórficos, tendo paredes laterais com arcada cega, em
parte oculta pelo retábulo, tendo cobertura em abóbada de talha dourada, de
quarto de esfera. Arco triunfal, de volta perfeita assente em par de pilastras
de capitel compósito dourado, emolduradas, com pintura policroma de motivos
fitomórficos. A rematar o arco, sobre a pedra de fecho, as armas de D. Frei
Gonçalo de Morais, sob entablamento, ritmado por mísulas, interrompido por
edícula rematada por frontão, com imagem de Nossa Senhora da Assunção. Está
ladeado por capelas retabulares colaterais dedicadas a Nossa Senhora de Vandoma
(Evangelho) e a Nossa Senhora da Silva (Epístola).
Vista lateral da Sé vendo-se entre as duas torres a casa do
sacristão já demolida
Altar de Nossa Senhora de Vandoma
Portas são rasgadas, a
do lado do Evangelho, de acesso à Sacristia Paroquial e a do lado da Epístola à
tribuna, encimadas por frontões invertidos ao centro do qual surge uma cartela
em forma de coração rematado por uma concha. Adossado às paredes e
confrontantes, o cadeiral de pau-preto, de três filas, encimado por órgãos.
Apresenta supedâneo de granito com escadas centrais, sendo lateralmente
protegido por guardas de bronze, tendo, nas faces do maciço, inscrições.
Retábulo-mor assente em banco de cantaria, formando apainelados marmóreos, de
talha dourada, de planta côncava e um eixo definido por cinco colunas torsas,
percorridas por espira fitomórfica, assentes em plintos paralelepipédicos
ornados por elementos geométricos e fitomórficos. Às colunas adossam-se mísulas
com imaginária. Ao centro, dois vãos sobrepostos, o inferior formando um nicho
definido por pilastras, encimado por anjos e com falsos drapeados a abrir em
boca de cena, contendo o sacrário; sobre este, a tribuna em arco de volta
perfeita, com a representação da Santíssima Trindade e Nossa Senhora da
Assunção. A estrutura remata em espaldar rematado por baldaquino ladeado por
anjos atlantes e ornado por lambrequins. Altar paralelepipédico com banqueta de
embutidos de mármore ornada de acantos. O CORPO ANEXO desenvolve-se no
seguimento da fachada principal, composto pela Casa do Cabido, o claustro
gótico com a capela de São Vicente, retangular, e a sacristia do cabido
adossada lateralmente ao Claustro Velho, também conhecido por Cemitério do
Bispo, de planta trapezoidal. De volumes escalonados com coberturas de três
(Casa do Cabido) e quatro (Capela de São Vicente) águas. Tem fachadas rebocadas
e pintadas de branco, rasgadas por vãos de verga reta. CLAUSTRO GÓTICO de dois
pisos, o primeiro formado por quatro galerias, de cinco tramos cada, marcados
por contrafortes de esbarro, fechado por murete e com acessos centrais, sendo
composto por arcaria de três arcos apontados assente em colunelos geminados,
sobrepujados por espelho vazado por enorme óculo. No centro da quadra, cruzeiro
em pedra, assente em plataforma octogonal de três degraus, onde assenta a base,
a coluna facetada com peanha adossada, albergando a Virgem. É rematado por cruz
florenciada, com Cristo na face frontal e Nossa Senhora da Piedade na
posterior. As alas do claustro têm paredes revestidas a painéis de azulejos
figurativos a azul e branco, com coberturas em abóbadas em cruzaria de ogiva,
com arcos torais e formeiros sem cadeia que partem de colunelos embebidos na
caixa murária e nos pilares da arcaria. Capitéis uniformes na repetição do
modelo, finos e altos, com decoração vegetalista presa ao cesto e impostas
altas e desproporcionadas relativamente aos pequenos arcos que aguentam. Para
as alas abrem portas de acesso às várias dependências anexas e outras falsas,
em que se destacam os jogos de frontões, os panejamentos com borlas, as urnas e
os diamantes, e por três capelas dedicadas a Nossa Senhora da Expectação, Nossa
Senhora da Conceição e Nossa Senhora da Esperança. São enquadradas por
composições arquitetónicas de granito com duas pilastras a ladear o nicho em
arco de volta perfeita e sobre este uma ampla composição de enrolamentos e
motivos fitomórficos em torno de uma cartela circular central. Na ala N., no
segundo tramo, arcada cega geminada com um capitel historiado com dois grifos e
duas figuras humanas. Na ala Sul, a Capela de Nossa Senhora da Piedade, ou de
Santa Catarina, a Escada Barroca e a Capela de São Vicente. Na ala Este, a
Sacristia do Cabido. O piso superior é protegido por gradeamento simples em
ferro com acrotérios paralelepipédicos. As alas Sul e Oeste estão ornamentadas
com painéis de azulejo figurativo azul e branco. O CLAUSTRO VELHO tem acesso a
partir da ala Este do claustro gótico, tendo, na ala O., o corpo da capela de
Nossa Senhora da Piedade, uma porta de ferro de acesso ao terreiro exterior e
corpo anexo ao Paço Episcopal. Nas alas Este e Sul, arcosólios apontados, com
pilares de secção retangular. Arcos e impostas com ornamentação de meias
esferas, lóbulos e entrelaçados. Mísulas entre os arcos, facetadas e, sobre
estas, remate em friso de corda. Alguns elementos de origem arqueológica como
túmulos antropomórficos ou capitéis. Na ala Norte, o acesso para o Antigo
Tesouro. CASA DO CABIDO com fachadas rebocadas e pintadas de branco, com
elementos marcados a granito, cunhais apilastrados e remates em cornija sob
beiral saliente, apresentando na fachada principal, modilhões. Fachada
principal de dois panos, o esquerdo, alongado, precedido por comprido patamar
em cantaria, com acesso nos extremos por escadas com arranque volutado, com
três registos, e o do extremo direito, ligeiramente recuado, de dois registos,
sendo o primeiro em cantaria de granito aparente. Pano alongado possuindo no
primeiro registo, portas intercaladas por janelas gradeadas, encimadas por
frontão triangular. A porta central é ladeada por pequenas janelas em quarto de
círculo e rematada por frontão de volutas interrompido por nicho com a imagem
de São Miguel. As dos extremos apresentam bandeira encimada por frontão curvo.
Registos superiores rasgados regularmente por janelas, as do segundo, gradeadas
e as do último, de sacada, com guarda de ferro, bandeira e remate em frontões
triangulares e curvos alternados. Pano estreito rasgado por fresta no primeiro
registo e no segundo por janela de sacada à face. Fachada lateral Sul com
primeiro registo, contrafortado e segundo com janela de sacada à face. INTERIOR
rebocado e pintado de branco, exceto na Capela de S. João Evangelista ou de
João Gordo em cantaria aparente. Primeiro piso com dois compartimentos cobertos
por abóbada de berço pintada de branco com arcos torais de pedra, de acesso à
Capela hexagonal de João Gordo. Segundo piso com abóbadas de berço e de arestas
pintadas a branco, apoiadas em arcos torais de pedra e pavimento de madeira.
Museu do Tesouro com compartimentos contínuos com vitrinas com fundo forrado a
veludo azul. No último piso, correspondente ao andar nobre, encontram-se o
Antecabido, Sala Capitular e Cartório”.
In Site do Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana
Sé, Casa do Capítulo e Paço Episcopal (foi Paços do
Concelho)
Modelo dos edifícios da foto anterior da autoria de Agostinho
Conceição Gonçalves Teixeira
A Sé antes de 1940
Largo da Sé
Na foto acima, vê-se a porta de entrada da Sé, Casa do
Cabido, portão de acesso ao Paço Episcopal e a Capela dos Alfaiates ou Nossa
Senhora de Agosto, à direita.
Em frente, a anteceder a Catedral, a Calçada de Vandoma
Calçada de Vandoma de acesso à Sé
Antes de 1940, junto ao Chafariz do Anjo
Na foto acima, pode ver-se o aspecto da lateral da Catedral,
antes da grande intervenção no local a partir de 1940, com projecto do
arquitecto Arménio Losa.
Demolições no Largo do
Açougue
Vista aérea antes das
demolições
Largo da Sé durante as demolições
Casa brasonada, que seria demolida, junto à Calçada de Vandoma
Desde o fim do século XV e século XVI, a Sé teve um relógio
pelo qual os portuenses se guiavam e que tinha substituído um, mais antigo, no
qual as horas eram tangidas manualmente.
Em 1540, este relógio já estava avariado e parado, pois as peças
teriam de vir da Flandres.
Na segunda metade do século XVII, este relógio seria
completamente retirado, até que, por decisão régia de 1685 ele voltou ao lugar
anterior. Aquando das grandes obras ocorridas na catedral entre 1717 e 1741 (durante
a sede vacante), ele seria colocado entre as duas torres sineiras numa espécie
de arco triunfal.
Quando a diocese
tinha bispo este recebia 2/3 dos rendimentos e o cabido 1/3. Não havendo bispo
designado o cabido recebia o total. Foi com este rendimento que durante a sede
vacante as obras foram realizadas.
Entenda-se cabido
como a corporação dos cónegos de sé ou colegiada.
Voltando ao relógio, ele ali se manteria, até que foi
retirado definitivamente em 1927, ainda antes das obras efectuadas a partir dos
anos quarenta do século XX.
Adjacente ao Largo do Açougue e à Sé, havia as Ruas
do Faval, da Francisca e das Tendas todas desaparecidas.
Há escritos que mencionam também a Rua da Feira e a Rua
da Sapataria (actual S. Sebastião) junto à Sé.
Sé em 1940
Ao longo dos anos e desde o nascimento de Portugal, que a
cidade se foi protegendo de ataques provenientes do rio, passando a
implantar-se num alto, o Alto de Penaventosa.
Dª. Teresa, mãe de Afonso Henriques terá doado o couto a D.
Hugo, seu grande amigo tendo este exercido o cargo de bispado e ficado a gerir
a cidade.
Como é do conhecimento geral, a Sé teve a sua evolução, quer
na sua construção do seu símbolo edificativo, quer na área de influência que
foi exercendo ao longo do tempo, isto é, com a construção de apoio religioso
aos Cabidos e da própria habitação do Bispo.
Só recentemente, há cerca de 70 anos, é que o largo da Sé se
tornou amplo e visitável a toda a gente que visita aquele local, e perdeu as
feições medievais, de forma a se destacar na paisagem urbana da
cidade. Antes o espaço era ocupado por construções, ruelas e vielas
donde, desde sempre se foram comercializando muitos produtos de utilização
corrente, sendo um local de mercado e feira permanente.
As transacções faziam-se, ora directamente, ora
através de medidoras que para medição necessitavam os vendedores de se deslocar
ao interior da sua habitação para medir o produto avaliado, gerando por isso
dúvidas e suspeições por quem adquiria o produto.
A Câmara, nesse tempo e após constantes suspeições e
comentários, decidiu estabelecer as medidas correntes cravadas na fachada da Sé
donde se poderia visualizar melhor a compra do produto e acompanhar quem
supervisionava essas medições.
As marcas na pedra da catedral do côvado e da vara
A propósito da foto
anterior se dá conta do Quadro-Padrão das medidas de comprimento dessa época em
Portugal:
Braça - 184 cm
Vara - 110 cm (5 palmos)
Meia Braça - 92 cm
Côvado ou Alna - 66 cm (3palmos)
Meia Vara - 55 cm (2,5 palmos)
Meio Côvado - 33 cm (1,5 palmos)
Palmo - 22 cm " Unidade-Base"
Conforme se pode visualizar na foto, encontram-se duas
marcas no pilar da entrada principal correspondendo ao "côvado" e à
"vara", medidas utilizadas nessa época.
A medida de comprimento que foi usada por diversas
civilizações antigas era o côvado. Era baseado no comprimento do antebraço, da
ponta do dedo médio até ao cotovelo. Ninguém sabe quando esta medida entrou em
uso. O côvado era usado regularmente por vários povos antigos e o seu valor
variava de uns para outros. Para os egípcios a medida equivalia os 50 cm e para
os romanos 45 cm.
A vara, unidade de medida que foi utilizada no Império
romano, chamada "pertica", equivalia a 10 pés de comprimento,
aproximadamente a 2,96 metros.
Por sua vez em Portugal, até à introdução do sistema
métrico, a Vara era a unidade básica de medidas lineares, valendo 5 palmos de
craveira, ou seja 1,10 metros.
Baixo-relevo existente nas paredes da catedral
Na torre Norte
existe também, um baixo-relevo mostrando um navio mercante gravado no séc. XIV,
que representa o navio de S. Vicente, primeiro padroeiro da cidade, visível
acima.
A cidade do Porto teve a sua origem, aparentemente, na sua
marginal do rio Douro, devido à grande circulação fluvial que daí se
propiciava.
Entre as torres estava a casa do sineiro
Cronologia das obras
na Sé
“Séc. 12, final -
início da construção da Sé, com o bispo D. Fernão Martins Pais;
1271 - legado
testamentário de D. Afonso III para a construção;
1385 - o Bispo D.
João III oferece mil pedras lavradas para o Claustro Gótico;
1387, 14 de
Fevereiro - casamento de D. João I e de D. Filipa de Lencastre na Sé;
1406 - a cidade
do Porto passa a senhorio da Coroa;
1496-1505 –
construção do alpendre de São João, atribuível a António Pereira; execução do
retábulo-mor, encomendado pelo bispo D. Diogo de Sousa, que doa um pontifical e
dois frontais para o altar;
1502 - 1567 - a
primeira sede da Santa Casa da Misericórdia do Porto está instalada na Capela
de Santiago no Claustro Velho;
1537 - 1539 -
construção do coro-alto em madeira, por André Siciliano e António Simões a
mando de D. Baltazar Limpo;
1538 - execução
do órgão por Heitor Lobo, por 150$000;
1545 - feitura
dos assentos da capela-mor por João Anes, do Porto.
1557, 05 Junho -
conclusão do zimbório que remata o cruzeiro;
Para esta capela
foram transladados, em 1614, os restos mortais dos bispos portuenses para a
cripta que está sob a Capela de São Vicente, obra de D. Frei Gonçalo de Morais.
Encontravam-se no Claustro velho ou “cemitério dos Bispos”.
1591 - construção
da Capela de São Vicente e da primitiva Casa do Cabido;
1606 - 1610 -
construção da capela-mor substituindo-se a primitiva abside e charola, sendo
dotada com retábulo e cadeiral;
1632 - 1641 - construção do primeiro andar da estrutura
escalonada do Altar de Prata da Capela do Santíssimo, por Manuel Guedes;
1639 - conclusão
do segundo nível do Altar de Prata, por Manuel Teixeira e Manuel Gomes;
1639 - 1671 -
construção da galeria superior do claustro;
1647 - conclusão
do terceiro andar do Altar de Prata, por Manuel Guedes e Bartolomeu Nunes;
séc. 17, meados -
colocação na capela-mor do órgão do lado do Evangelho;
1676 - 1682
- concessão do frontal de altar de Prata por Pedro Francisco
Francês;
1679 - 1682 -
execução da banqueta do Altar de Prata;
1682, 19 Janeiro
- contratos da obra de talha, douramento e pintura de 6 retábulos, a executar
por Domingos Nunes, 20 Janeiro - Domingos Lopes toma três dos seis retábulos
contratados por Domingos Nunes; 30 Dezembro - contrata a obra de pintura dos
retábulos Manuel Ferreira, que a confiou a Manuel Correia;
1683 - D.
Fernando Correia de Lacerda manda fazer oito painéis para os retábulos;
1685, 14 Abril -
contrato com Mateus Nunes de Oliveira para a feitura do espaldar do cadeiral do
coro;
1700 - ampliação
da estrutura da Sacristia do Cabido durante o bispado de D. Frei Gonçalo de
Morais;
1709, 11 Abril -
estabelecimento dos primeiros contratos com os mestres pedreiros com vista à
construção da Casa do Cabido; 29 Abril - estabelecimento dos contratos respectivos com os
mestres carpinteiros, assinados na Rua Chã, em casa do arcediago Dr. João Lopes Baptista Lameirão, que representou o Cabido.
1717 - 1741 -
período de Sede Vacante responsável por uma das maiores transformações da Sé,
tanto exterior como interior;
1717 - 1719 -
construção da Casa do Cabido, sob orientação de João Pereira dos Santos;
1717, 22 Março -
estabelecimento dos segundos contratos com os mestres pedreiros para a
construção da Casa do Cabido;
1717 - 1729 -
construção do retábulo-mor por Miguel Francisco da Silva;
1717, Março -
ajuste da obra do tecto da Sala Capitular;
1718 - pagamento
da obra de talha do tecto da Sala do Capítulo a Salvador Martins, compreendendo
os florões e rosas de talha que o decoram;
1718, 09 Agosto -
1719, 12 Janeiro - Luís Pereira da Costa executa o retábulo e as sete sanefas
da Sala do Capítulo, por 61$000;
1719 - António
Pereira chega à Sé do Porto como "Mestre de Estuques da Sé do Porto";
obra do Crucifixo do retábulo da Sala do Capítulo da autoria de Domingos da
Rocha; obra do Sino de Santa Ana por Manuel Ferreira Gomes;
719 - 1720 -
empreitada de quinze painéis do teto da Sala Capitular, executados por João
Baptista Pachini;
1719 - 1726 -
execução do órgão e do novo coro-alto em pedra feito para implantar o mesmo;
1725,Novembro -
Nicolau Nasoni vem trabalhar para as obras da Sé, por intermédio de D. Jerónimo
de Távora e Noronha;
1729, obra do
Sino Balão, o maior sino da Torre N. 2;
1731
- concepção dos frescos da capela-mor por Nicolau Nasoni, segundo
inscrição existente; incêndio na Sacristia do Cabido, sendo destruídas
as pinturas de brutesco, executadas por Manuel Leão e Mateus Nunes de
Oliveira;
1736 - obra de
Nasoni para a Galilé e Escada Barroca;
1742 - obra das
pilastras que enquadram o sacrário do Altar de Prata;
1793 - restauro das pinturas da Sacristia do Cabido da autoria de Nicolau Nasoni, usando a mesma linguagem do artista;
1855 - a imagem de Nossa Senhora de Vandoma é trasladada para a Capela de São Vicente, após a demolição do Arco de Vandoma;
1927 / 1935 - obras no exterior;
1927 - demolição da empena e da casa do sineiro entre as torres;
In “portoarc.blogspot.pt”1793 - restauro das pinturas da Sacristia do Cabido da autoria de Nicolau Nasoni, usando a mesma linguagem do artista;
1855 - a imagem de Nossa Senhora de Vandoma é trasladada para a Capela de São Vicente, após a demolição do Arco de Vandoma;
1927 / 1935 - obras no exterior;
1927 - demolição da empena e da casa do sineiro entre as torres;
Entretanto, outras obras de menor monta eram executadas com muita
frequência, como são aquelas enunciadas na notícia seguinte.
In jornal “O Commercio do Porto” de 10 de Janeiro de 1861
Sem comentários:
Enviar um comentário