A fonte actual não é
a original que foi construída em 1707 e terá sido implantada no que é hoje a
Rua das Virtudes, junto ao Postigo das Virtudes, da muralha Fernandina, e era
alimentada pela rica nascente de Paranhos.
Esta, foi
substituída pela actual fonte devido a reclamações do seu funcionamento, já em
1772, encontrando-se agora na Rua das Taipas.
“A 23 de Dezembro
de 1796 foi lavrado um contrato com o Procurador da Cidade, Manuel Teles
Correia Maia, representante da Junta das Obras Públicas, para a cedência de
duas penas de água do novo chafariz das Taipas aos proprietários da Casa de S.
João Novo – Diogo Leite Pereira de Lima e Melo e sua mulher, Dona Gertrudes
Emília Leite Pereira (1775-?) –, em troca da autorização dada pelos mesmos à
Junta das Obras Públicas para tirar da pedreira, que possuíam no seu quintal,
toda a pedra necessária para a fábrica das Obras Públicas – possivelmente para
a construção do novo chafariz das Taipas. Esta provisão recebeu a mercê de D.
Maria I, a 28 de junho de 1797 e entrou em cumprimento a 12 de Julho de 1797. A
quantidade de água estipulada e o plano da obra são-nos transmitidos através do
Auto de Averiguação e Regulamento do encanamento da água do chafariz das Taipas
para a Casa de S. João Novo, pelas lojas da casa e quintal de Maria Pessoa de
Melo, documento inédito datado de 18 e 19 de Julho de 1797”.
Com a devida vénia a
Catarina Sousa Couto Soares; In Dissertação realizada no âmbito do Mestrado em
História da Arte Portuguesa, 2016
Num outro texto,
dá-se conta a seguir, da distribuição da água chegada às Taipas.
“Sabemos por documentos existentes no nosso
Arquivo Municipal que "as vertentes da água da Fonte das Taipas eram
distribuídas, em partes iguais, para a casa do juiz José Luís de Negrelos e
para as casas de Bento Gomes Delgado Alves, ambos da Rua de Belomonte".
Pela leitura da referida documentação,
fica-se a saber, também, que a este Bento Delgado Alves fora dada autorização
para vender uma parte da água a que tinha direito a um tal José de Araújo
Braga.
Resta informar que da Fonte das Taipas ainda
saía uma pena de água para a casa do conselheiro António Alves do Vale, que
vivia na Rua das Flores; e mais meia pena para "o hospício que foi dos
religiosos Antoninos do Vale da Piedade", que funcionava numa construção que
ficava "junto dos celeiros na Cordoaria", sensivelmente onde está
agora o Palácio da Justiça.
A
título de curiosidade, informa-se que uma pena de água correspondia a um
fornecimento diário de 1272 litros”.
Com o devido crédito
a Germano Silva
O conselheiro
António Alves do Vale habitaria a casa dos Constantino, pelo que o texto, se
referirá à transição do século XVIII para o século XIX.
A fonte das Taipas
encontra-se hoje no meio de dois prédios, no interior de uma profunda cavidade
na parede com elemento da época Neoclássica.
Primitivamente, para
servir essa zona, existiu um chafariz no Largo de Belmonte, bem
no seu meio, abastecido pelo manancial de Paranhos.
Chafariz das Taipas - Ed. Isabel Silva
Fonte de Miragaia - Ed. A. Fontes (1909)
O pináculo que encimava a fonte veio do chafariz da Praça D.
Pedro ou Tanque da Praça Nova. Atrás da fonte vê-se a Alfândega e a sapata onde se apoiava ainda pode ser vista, pois, não foi demolida.
Fonte da Rua Comércio do Porto – Ed. A. Fontes (1909)
Esta fonte ficava na Rua Comércio do Porto, já muito perto
da Rua da Alfândega, à esquerda, no sentido ascendente, em frente à Rua de S. Francisco e ao lado das Escadas do Forno Velho.
“A fonte dos Banhos também não chegou até
nós. Aparece referida na memória do padre Baltasar Guedes, que nos diz que é
muito antiga e se localizava em frente do Postigo dos Banhos. Manuel Pereira de
Novais também não acrescenta muita informação, e nas Memórias Paroquiais de 1758 é-nos dito que é a mais célebre da
freguesia de São Nicolau. Segundo Henrique Duarte e Sousa Reis, esta fonte
também era conhecida como fonte do Sargento dos Banhos, no século XIX, e diz
que é uma das primeiras fontes públicas que existiram na cidade intramuros.”
In Dissertação de
Mestrado da UP de Diogo Emanuel Pacheco Teixeira
Graças ao trabalho
de pesquisa de Nuno Cruz que se segue, é possível ter um pouco mais de
conhecimento desta fonte.
“…não lhe conhecendo eu nenhum registo
fotográfico, tive contudo a felicidade de a encontrar em desenho no livro Here
and there in Portugal, editado em Londres em 1856 onde o autor descreve
sucintamente a rua dos Banhos:
« The coopers, for whom there is abundant occupation in Oporto, occupy a
long and very narrow street, running parallel with the river, called Rua dos
Banhos, whose irregular but picturesque buildings would give an artist ample
occupation. The fountains are some of them quaint and curious, but the most
characteristic is situated in this street. »
É muito curiosa esta observação sobre ser a
fonte dos Banhos a mais característica das fontes. O autor ou alguém por ele
deu-se ao "trabalho" de a registar em desenho, registo histórico
único (?) para alegria do portuense do século XIX!”.
Com a devida vénia a
Nuno Cruz, In “aportanobre.blogspot.pt”
A Fonte dos Banhos –
Ed. “Here and there in Portugal”, In “aportanobre.blogspot.pt”
Localização em
planta da Fonte dos Banhos em 1856 (oval azul) – Fonte: “gisaweb.cm-porto.pt”
Legenda da gravura
anterior:
1. Igreja dos
Terceiros de S. Francisco
2. Escadas do
Caminho Novo
3. Baluarte de S.
Filipe junto da Porta Nobre
À data a Rua
Comércio do Porto era Rua da Ferraria de Baixo e a Rua dos Banhos onde estaria
a fonte aparece em tempos mais remotos como Rua
das Boas Mulheres do Mester.
A Travessa dos
Banhos (que também existiu) e a Rua dos Banhos já aparecem mencionadas em
escrituras de 1473. No entanto, deviam ser bem mais antigas porque, em 1331, a
Câmara assumiu, perante a população ribeirinha, a obrigação de construir um
balneário que, supõe-se, foi quem acabou por dar o nome à rua.
Local aproximado
onde a fonte se encontrava, ainda que a uma cota mais baixa – Fonte: Google
maps
Localização da Fonte dos Banhos (pinta amarela), na planta
de Perry Vidal (1865)
Esta fonte foi concluída em 1795 e debitava 3 anéis e 6
penas de água.
Sobre esta fonte dizia J. Bahia Junior:
“A primeira Fonte
da Rua do Almada fica defronte do prédio n.° 242 e tem uma só bica a meio
de um grande tanque que vem até ao alinhamento das casas.
Tem a sua nascente
proximo do Largo da Picaria e no seu frontespicio está marcada com o respectivo
triangulo negro, tendo superiormente as armas reaes.”
Primeira Fonte da Rua do Almada, no seu lugar de implantação
– Ed. J. Bahia Junior (1909)
Localização (dentro da elipse) da Primeira Fonte da Rua do
Almada – Planta de Telles Ferreira de 1892
A Primeira Fonte da Rua do Almada esteve implantada onde
vemos hoje o quiosque (em primeiro plano). Ao fundo, a Praça D. Filipa de
Lencastre – Fonte: Google maps
Esta fonte resulta de um desenho de Damião Pereira de
Azevedo (1768-1810), um arquitecto e riscador de talha, filho de um entalhador
famoso, Francisco Pereira Campanhã. À data da sua construção, era presidente da
Junta das Obras Públicas, o chanceler José Roberto Vidal da Gama.
Um comerciante, Manuel António de Araújo, ofereceu-se para a
construção de uma nova fonte, em 1787, com a condição de que lhe fosse
concedida metade da água do cano, proveniente de Paranhos, que passava junto à
sua propriedade, em Santo Ovídio. Assim, a fonte foi por ele construída sob
inspecção do Senado, seguindo um risco que lhe foi entregue, sendo também
obrigado a mandar construir o respectivo aqueduto à sua custa. A fonte e o
aqueduto foram concluídos em 1790.
Actualmente, esta fonte encontra-se reconstruída nos jardins
do Museu Militar do Porto, na Rua do Heroísmo. Apresenta um tanque simples, de
forma rectangular. O seu espaldar, também simples, ostenta a seguinte
inscrição: “MDCCLXXXVII”. É arrematada por um frontão curvo com as armas
da cidade ao centro, constituídas pela imagem da Nossa Senhora da Vandoma no
meio de dois castelos, como na fonte das Virtudes.
Segundo J. Bahia Junior:
“A segunda Fonte da
Rua do Almada está situada defronte do prédio n.° 460, sendo mettida no
meio de dois prédios que parecem terem sido construídos pela mesma occasião da
fonte. E', como a anterior, marcada também pelo triangulo negro …A sua nascente
é proximo da rua de Liceiras e o tanque, como o da anterior, vem até ao
alinhamento das casas, mas é de menores dimensões.”
2ª Fonte da Rua do Almada actualmente no Museu Militar
Segunda Fonte da Rua
do Almada – Fonte: Bernardo Xavier Coutinho In Fontes e chafarizes do Porto,
Boletim Cultural Câmara Municipal 1969, vol. XXXII, p. 452)
Segunda Fonte da Rua do Almada, no seu lugar de implantação
– Ed. J. Bahia Junior (1909)
Localização (dentro da elipse) da Segunda Fonte da Rua do
Almada – Planta de Telles Ferreira de 1892
Fonte de S. Roque ou Fonte do Souto (Desaparecida)
Capela e Fonte de S.
Roque no Largo do Souto
A Praça de Santa Ana (Largo de S. Roque) foi projectada pelo
arquitecto-engenheiro Francisco Pinheiro da Cunha, entre 1767 e 1775, a mando
da Junta das Obras Públicas.
A fonte desta praça inseriu-se no risco do projecto e era constituída
por um nicho aberto na parede central da escadaria, que dava acesso à capela de
São Roque.
Nesse nicho, havia uma escultura de um génio montado num golfinho,
executada, em 1774, pelo mestre escultor de Braga, José de Sousa. Esta peça
escultórica lançava a água num tanque com a forma de concha, sendo alterada
mais tarde, passando a apresentar o seu tamanho aumentado e uma estrutura
rectangular.
Esta fonte também era conhecida como Fonte do Souto ou Fonte de São
Roque. Segundo Henrique Duarte e Sousa Reis, tinha duas bicas sendo que, uma
era abastecida pela água proveniente da junção dos mananciais de Paranhos e de
Salgueiros e, a outra, provinha de uma mina antiga, pertencente à Câmara e ao
Convento de São Francisco. Foi demolida em 1875, sendo substituída pela fonte
da Rua Mouzinho da Silveira.
“A porta de
entrada da capela fica voltada ao poente e apoiada a sua soleira no patamar das
escadarias, e no meio da curva ou meia-lua que elas formam no pavimento
ladrilhado da praça está um amplo tanque cujas águas nele se alimentam pela
boca de um golfinho em que se vê montado um Génio nu do tamanho de uma criança
de oito anos e fica encostado no pedestal do patamar da entrada da capela”
Texto de Sousa Reis
“ (…) uma capela feita
à romana, que lhe serve de remate, duas bem repartidas escadas que, cingidas
com balaústres da mesma pedra fina, vão formar diante dela um grande pátio,
debaixo do qual aparece um lindo génio cavalgado sobre um golfinho, que lança
borbotões de água em uma bacia de pedra lavrada, merece alguma estimação do
público apaixonado por semelhantes obras.”
Padre Agostinho Rebelo da Costa, In “Descrição Topográfica e
Histórica da cidade do Porto”
Com as obras para abertura da Rua Mouzinho da Silveira, foi
previsto remover a fonte e colocá-la debaixo do arco que sustenta a Rua dos
Pelames. Sabe-se que não foi o que aconteceu, pois, encontra-se lá, hoje, uma
outra da autoria de António Meira.
“Ficou ontem fechado o
grande arco que se andava construindo na Rua de Mousinho da Silveira e sob o
qual será colocada a antiga fonte de S. Roque. O arco feito a expensas do
município, destina-se também a servir de base à Rua dos Pelames, que está
intransitável naquele ponto em consequência do desabamento da pedreira.”
In “O Primeiro de Janeiro”, de 30 de Julho de 1885 – 5ª
Feira
A fonte de S. Roque acabaria por ser instalada nos Jardins
do Palácio de Cristal, onde ainda pode ser apreciada.
“Menino montado no golfinho” no Jardim do Roseiral do
Palácio de Cristal – Fonte: Google maps
Fonte Mouzinho da Silveira reconstruída em 1966
Esta fonte existiu desde a abertura da Rua de Mouzinho da Silveira e tinha risco de António Meira.
Para este local esteve previsto instalar a fonte que estava no Largo do Souto, o que não aconteceu.
Tinha duas bicas e recebiam água, uma dos mananciais de Paranhos e Salgueiros e a outra da Arca das Hortas. Esta Arca das Hortas estava situada na Rua do Almada, junto da nascente que a alimentava.
Em 1920, a Fonte da Rua Mouzinho da Silveira foi demolida para construção de dois estabelecimentos comerciais, porém, em 1966, foi reconstruída tal como estava.
J. Bahia Junior chama-lhe Fonte d’Água.
A Fonte c. 1932 - Ed. “portodesaparecido”
Na foto acima, à esquerda, ainda é possível ver parte de estabelecimento comercial, por debaixo da arcada.
Local da fonte entre 1920 e 1966
Chafariz
da Rua do Souto com as suas duas taças
O
Chafariz da Rua do Souto foi construída em 1920, com uma taça anterior (esta
para os animais) e outra posterior, e substituiu um outro que aí existiu, e que
servia para se dessedentar o gado.
A
parede que se vê atrás em granito poderá ser ainda um resquício da antiga Praça
de S. Roque, que estudos recentes dizem que se desenvolveria daí para a parte
de cima do que é hoje a rua de Mouzinho da Silveira e cujo centro ficaria onde
hoje está a fonte da rua Mouzinho da Silveira. Por aqui ficaria a parte lateral
direita da escadaria que dava acesso à capela de S. Roque.
Por
aqui existiu a Fonte dos Sapateiros quando à Rua do Souto se chamava Rua dos Sapateiros.
Mais
lá para cima na então chamada Rua do Corpo da Guarda existiu a Fonte da
Cividade e do outro lado da Rua Mouzinho da Silveira, quase em frente à Fonte
dos Sapateiros, existiu a Fonte dos Ferreiros que seria soterrada,
aquando da construção da Ponte Nova e que fazia a ligação das duas margens do
Rio da Vila.
À esquerda a Fonte do Largo de S. Domingos que substituiu um chafariz
No Largo de São Domingos, ou Largo
de Santa Catarina, fronteiro do antigo convento do mesmo nome, existiu
desde o séc. XVI um grande chafariz, transferido em 1845 para o Largo do
Laranjal, na confluência da Rua da Cancela Velha e a Rua do Laranjal, por exigências do intenso
trânsito de pessoas, animais e carroças no local. Após a transladação do
chafariz em 1845, foi erguida uma nova fonte (à esquerda na foto acima).
O chafariz transladado para o Laranjal passou a ser conhecido como o Chafariz do Laranjal sendo, mais tarde instalado na Praça da Trindade, onde hoje ainda se encontra.
Para isso, num terreno expropriado ao Conselheiro Domingos
de Faria mandou a Câmara construir uma fonte e, na parte sobrante, seria
construído um prédio, em cuja fachada ficou a fonte incrustada e que, mais
tarde, seria comprado por Manuel Francisco de Araújo, que haveria de ser o fundador
da Papelaria Araújo & Sobrinho, dando sequência ao negócio fundado, em 1929, por um seu tio, de um armazém de papel - Armazém de Papel do Murinho de S. Domingos.
A fonte, no entanto, foi demolida em 1922, restando dela
apenas o brasão de armas, que está agora na Quinta de Nova Sintra.
Fonte do Largo de S. Domingos encimada pelo
brasão de armas da cidade
Brasão de armas da Fonte do Largo de S.
Domingos - Ed. Manuela Campos (2019)
Fonte das Congostas
ou Chafariz da Rua Nova (Desaparecida)
Julga-se que esta fonte construída no séc.
XVII e demolida em 1882 quando foi aberta a R. Mouzinho da Silveira, teria tido
no seu lugar, uma outra levantada no século XV.
Esta última era encimada pelo escudo real de
D. João II entre 1481/1495 e, para a mais recente, em 16 de Outubro de
1604 a Câmara do Porto mandou Inácio Ferraz de Figueiroa, mestre pintor, pintar
as armas reais nela.
“O alçado
constava de um corpo central com uma forte cimalha apoiada em colunas
com capitéis de inspiração coríntia sobrepujado por um frontão
de remate circular onde se encostavam, na frente e aos lados, três golfinhos de
bocas hiantes; lateralmente pequenos corpos com tímpanos curvos de ligação,
limitados por pilastras.”
In "O Tripeiro", Série VI, Ano VII
Fonte das Congostas -
Ed. Museu de Etnografia e História do Douro Litoral
A imagem da foto
acima da Fonte das Congostas foi identificada pelo Dr. Pedro Vitorino em 1931,
conforme o relato feito pelo próprio:
«Notando o facto lastimável - a falta no
Museu do Pôrto dos elementos indispensáveis para a história da cidade - foi que
o grupo recentemente criado dos "Amigos do Museu Municipal" projectou
levar a efeito uma exposição de vistas e trechos do Pôrto antigo, que conta em
breve realizar. Entre as pessoas mais entusiásticas por essa tentativa de
educação pela imagem, conta-se o distinto fotógrafo portuense Snr. Domingos
Alvão, meu prezado amigo, que ao mostrar-me há pouco o que já tinha reunido
para o certame, me interrogou acêrca de uma fonte que uma esmaecida prova
fotográfica fazia reviver.
Que fonte seria essa?
Olhando-a, num relance, ocorreu-me logo uma
nota inserta nuns apontamentos manuscritos reünidos pelo pintor Vitorino
Ribeiro, a qual dizia: "Esta fonte (das Congostas) tinha a forma de um
altar". Essa forma era, na verdade, a que nos mostrava a fotografia.
Buscando outros elementos, adquiria dentro em pouco a absoluta certeza.
Possível é, pois, quási cinqüenta anos
volvidos sôbre a sua demolição, conhecerem-se as linhas fisionómicas dêsse
pequeno monumento arquitectónico.»
In "O Tripeiro", 4ª
Série, nº 177 (7), Maio de 1931; Fonte: portanobre.blogs.sapo.pt
Na fotografia
referida é possível observar, na bica do lado esquerdo, gravada a palavra
Paranhos, mas, não era só a água dessa origem que a alimentava, pois, recebia
ainda, água vinda do chafariz de S. Domingos formada por uma mistura de
Paranhos e do Laranjal.
Podemos ainda observar
que um brasão (que deve ter estado antes noutro lugar) encimava a fonte e,
aquando do arranjo urbanístico da zona e demolição da mesma, teria sido,
segundo Nuno Cruz (portanobre.blogs.sapo.pt), colocado numa pequena casa que
servia de posto da guarda municipal no Bonfim, ao lado da escadaria da igreja e
que, mais tarde, a partir de 13 de Junho de 1924, passaria a ser a nova capela
do Santo Antoninho da Estrada.
Em virtude da
implantação da República a coroa já tinha sido há muito picada e feita em cascalho.
Na mesma foto são
visíveis também os aguadeiros com os seus canecos esperando a sua vez. Os
aguadeiros, na totalidade galegos, levavam a água às casas transportando-a nos
seus característicos canecos para o que prendiam ao ombro esquerdo um pedaço de
couro, onde o caneco assentava para o transporte.
Desde 21 de Dezembro
de 1821, por portaria municipal, foi determinado que as fontes públicas deviam
ter duas bicas: uma destinada aos particulares e outra destinada exclusivamente
aos aguadeiros.
Como notou Alberto
Pimentel no Guia do Viajante no Porto (1877),
"os aguadeiros portuenses não andam pela
rua oferecendo água, como os de Lisboa. Estão afreguezados, e levam a água
todos os dias a casas certas. Usam chapéu desabado, ou boné, jaqueta com chapa
[numerada, seguramente] e enormes sapatos, quasi redondos, presos com atilhos
sobre o peito do pé".
In "O Tripeiro", 4ª
Série, Maio de 1931
Local onde ficaria a
Fonte das Congostas (À esquerda sobre o jardim) – Fonte: Google maps
Na foto acima, a
fonte das Congostas ficaria sobre a esquerda da foto e ficava encostada a um
edifício visível na outra foto, que teria sido demolido.
Esse edifício teria
frente para a Rua das Congostas e para a Rua do Infante D. Henrique,
situando-se, portanto, na esquina das duas ruas.
Gravura da Farmácia
Internacional no início do séc. XX
O prédio da gravura
anterior situava-se na esquina da rua, oposta à daquela onde se encontrava a
Fonte das Congostas.
Sobre a primitiva
fonte das Congostas e sobre a que lhe sucedeu escreve Germano Silva:
“A Fonte das Congostas foi demolida entre
1882 e 1883, quando se andava a construir a Rua de Mouzinho da Silveira. Era
uma das mais antigas do burgo. Sabemos que, por uma provisão régia do ano de
1395, a cidade foi autorizada a aproveitar das vertentes (águas que sobravam)
da Fonte do Almazém (assim se denominava a antiga alfândega que funcionava
onde é hoje a Casa do Infante), para alimentar uma fonte pública que se devia
construir nestes sítios". Esses sítios eram as Congostas.
Em 1594, o Senado, ou seja a Câmara, mandou
construir um aqueduto para que a água que fora "comprada a Gonçalo Peres,
no campo do Meloal", fosse levada para a Fonte das Congostas. O campo do
Meloal ficava onde está hoje a Avenida dos Aliados, sensivelmente onde se
construiu a estação do Metro.
Sendo assim, temos como certo que a Fonte
das Congostas era abastecida com a mesma água que servia o convento dos franciscanos
e a fonte do Largo de S. Roque, já desaparecida, que ficava onde a Rua do
Souto se cruza com a atual Rua de Mouzinho da Silveira.
Do que não há dúvida é de que a fonte já
existia no século XVI, porque, num documento camarário de 19 de novembro de
1597, a vereação municipal informa que havia arrematado nessa data, a um tal
Bastião Fernandes, mestre de pedreiro, "o conserto do cano que vai da casa
de João Valadares e atravessando a rua das Flores segue para a casa de João
Brandão e que se quebrara quando se andava a construir o cano que a cidade
mandou fazer para levar a água à fonte das Congostas". Como nota curiosa,
informa-se que a Câmara pagou por este trabalho a quantia de 2300 réis.
Sete anos depois, em 16 de outubro de 1604, a
Câmara teve mais uma despesa com a Fonte das Congostas: mandou pagar a Inácio
Ferraz de Figueiroa, mestre pintor, 2000 réis por "pintar as armas da
fonte das Congostas". Aquela pedra de armas era o escudo real, do tipo
adotado por D. João II (1481-1495) que figurava na parte de cima do monumental
frontispício da fonte. Esse escudo veio de uma outra fonte que, desde remota
era, já existira no mesmo local, mas que era de construção bem mais
modesta.
A Fonte das Congostas tomou a designação da
rua onde estava situada. As Congostas ou Cangostas, como também se dizia, identificavam
um caminho estreito e declivoso que do alto da Rua de S. João descia, para
poente, até à antiga Rua Nova, mais tarde dos Ingleses, e que é hoje a Rua do
Infante D. Henrique.
A fonte que existia quando se começou a abrir
a Rua de Mouzinho da Silveira devia ser do século XVII. As suas feições
arquitetónicas eram as que predominavam na altura em construções do género: do
Renascimento. Tinha um corpo central com uma forte cimalha, que se apoiava em
colunas canuladas com capitéis de inspiração coríntia. As bicas estavam
rasgadas no meio de carteias exuberantes com contornos de feição
flamenga.
Uma portaria municipal de 21 de Dezembro de
1821 determinava que as fontes públicas deviam ter duas bicas - uma destinada
aos particulares e a outra para uso exclusivo dos aguadeiros.
Das muitas fontes que o Porto teve (em 1864,
contavam-se 61) restam em serviço meramente decorativo, uma dúzia, se tanto.
Muitas, depois de desativadas, foram reconstruídas, e ainda bem, nos jardins
dos antigos Serviços Municipalizados, na Rua de Nova Sintra. A Fonte das
Congostas, infelizmente, não teve esse destino.”
Com a devida vénia a
Germano Silva
Fonte
do Mercado Ferreira Borges (Desaparecida)
Fonte do mercado Ferreira Borges
Construída em 1885, provavelmente ao mesmo tempo que o
mercado, foi esta fonte, substituída em 1932 por um Posto Eléctrico da C.M.P,
que ainda se encontra no local, por baixo da escadaria do antigo mercado.
O Mercado Ferreira Borges – Ed. O Alquimista
Local da fonte
actualmente
Fonte das Ninfas
A estátua que ornamentava a fonte encontra-se actualmente no
jardim do Roseiral no Palácio de Cristal e é conhecida por Fonte das Ninfas.
Chafariz do Convento de S. Francisco no Jardim do Passeio Alegre
Encontrava-se no
centro do claustro, onde hoje é o Pátio das Nações do Palácio da Bolsa e foi
transferido para o jardim do Passeio Alegre.
Foi comprado pela comissão administrativa do Salva-Vidas e transferido para o seu actual local, em 1869.
Foi comprado pela comissão administrativa do Salva-Vidas e transferido para o seu actual local, em 1869.
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