terça-feira, 13 de dezembro de 2016

(Continuação 22) - Actualização em 16/10/2018



Casa de Honório de Lima - Ed. JPortojo


Este é um palacete de referência nesta rua, que se encontra devoluto e em degradação.
Localizado no nº 403, adossado à "Casa de D. Laura Leitão", foi habitado na primeira metade do século XIX pelo presidente do Tribunal da Relação de então, o conselheiro Vieira da Mota, o qual, por determinação do Duque de Saldanha, em Maio de 1851, foi demitido das suas funções.
Passaria, mais tarde, a ser a residência de Honório de Lima.


“Honório de Lima era uma figura prestigiada na cidade do Porto. Nascido em S. Luís do Maranhão, Brasil, no ano de 1856, mas filho de pais portugueses, radicou-se nesta cidade. Grande comerciante e industrial, sendo ao mesmo tempo um amante das balas artes e do belo canto, fez edificar, no seu palacete da rua de Cedofeita, nos jardins, um pequeno teatro, por onde passaram figuras líricas quer nacionais quer estrangeiras. Do seu palacete fez um verdadeiro museu de obras de arte.
Quando ardeu, no Porto, o teatro lírico, foi Honório de Lima que surgiu na vanguarda para a reconstrução do actual teatro S. João, o que se verificou em 6-3-1920. Mais tarde comprou a maioria das acções da empresa proprietária da referida casa de espectáculos”.
Fonte – Site:  uniaojf-sminfesta-srahora.pt



“O capitalista portuense Eduardo Honório da Lima (1856-1939), coleccionador de arte e grande amador de música, foi, em 1881, um dos fundadores da sociedade de concertos «Orfeon Portuense», de cujo conselho de administração fez parte durante 57 anos. Possuidor de uma notável galeria de pinturas de artistas contemporâneos, manifestou em vida o desejo de que os seus 21 quadros de Silva Porto fossem doados ao Museu Nacional de Soares dos Reis, o que a sua viúva cumpriu, reservando-se ali uma sala para o grande paisagista, com a legenda «Doação de Eduardo Honório de Lima»”.
Fonte -  Site: Câmara Municipal do Porto



Honório de Lima ficou também conhecido pela sua ligação à Fábrica de Curtumes do Bessa e, teve, ainda, uma participação de vulto, na gerência da empresa Águas do Gerês (EAG).
A sua passagem pela gerência desta empresa, nos anos 20/30 do século passado, marcou uma época de elevado fulgor na vida da EAG, um período áureo, consubstanciado nas inaugurações da colunata do parque das termas e do "Bairro dos Pobres", na Assureira.


Colunata Honório de Lima no Gerês inaugurada em 1926


“De salientar, entretanto, que a acção de Honório de Lima no Gerês não se quedou apenas à sua actividade empresarial. Nascido no Maranhão, Brasil, em 21 de Novembro de 1856, veio para o Porto, terra dos seus antepassados, ainda jovem, onde passou a viver numa quinta de Cedofeita.
Cedo começou a revelar, na Cidade Invicta, a sua propensão para as actividades culturais, para além de comerciante de créditos firmados que lhe granjearam enorme prestígio e reputação. Em 26 de Abril de 1884 consorciou-se com D. Elisa Adelaide de Bessa Cardoso (1861-1947), senhora de grande estrutura moral e elevado espírito solidário que em muito ajudou os pobres do Gerês naqueles tempos difíceis. Habituais frequentadores desta estância termal, hospedavam-se, habitualmente, no Hotel Universal, sendo o quarto preferido deste benemérito casal, o último do 1° andar, voltado para a Avenida Manuel Francisco da Costa, no topo norte, paredes meias com o balneário de 1.ª classe.
Distinguiu-se este casal nas suas estadias no Gerês pelas suas generosas acções de benemerência…”
Com o devido crédito ao Dr. Agostinho Moura


Praticamente em frente da casa de Honório de Lima, o nº 492-498, da Rua de Cedofeita foi, também, propriedade de Eduardo Honório de Lima, bisavô de Jorge Nuno Pinto da Costa, presidente do Futebol Clube do Porto.
A casa foi reconstruída, em 1910, por Eduardo Honório de Lima, para a filha e o genro. 


O 1º prédio à esquerda era também da família de Honório de Lima - Ed. Patrícia Garcia


O edifício de cave e três pisos, contava com dois tipos de lances de escadas: uma para os donos da casa e outra para os criados.
O jardim da casa era dotado com uma espécie de estufa, onde dois painéis de azulejos se encontravam, há pouco tempo, quase intactos.
Honório de Lima faleceu em 1939, na “Quinta de Cima”- S. Mamede de Infesta, no lugar da Igreja, que anos antes tinha comprado ao negociante Francisco Nogueira Bastos.
O texto que se segue é sobre a Quinta de Cima.


“Após o 25 de Abril de 1974, a quinta foi ocupada por dezenas de pessoas.
Em 1979, o palacete foi demolido para se conseguir a desocupação das pessoas que aí se tinham instalado durante o PREC (Processo Revolucionário em Curso).
Poucos anos mais tarde, a Câmara Municipal de Matosinhos comprou a quinta para aí fazer o atual Parque Urbano de S. Mamede de Infesta que contém igualmente um complexo de piscinas e as instalações do CATI (Centro de Apoio à Terceira Idade).
Da Quinta de Cima, resta apenas o caramanchão romântico no extremo do parque de estacionamento automóvel do Parque Urbano e atrás de um extenso conjunto de painéis solares fotovoltaicos, e ainda o portão de entrada na antiga quinta”.
Fonte: Com o devido crédito a José Rodrigues


Portão de entrada da Quinta de Cima em S. Mamede de Infesta – Fonte: Google maps


Palacete da Quinta de Cima



Este palacete que se segue ao Palacete de Honório de Lima, denomina-se Palacete da Baronesa do Seixo, mas terá sido inicialmente sua proprietária alguém que Horácio Marçal identifica como viúva Monteiro, que aí terá vivido até falecer.
O título nobiliário de Barão do Seixo foi criado por D. Maria II em 19 de Julho de 1845, a favor de António Almeida Coutinho Lemos (1º barão do Seixo).
A Baronesa do Seixo foi Leonor de Almeida Coutinho e Lemos, 2ª Baronesa do Seixo.
Os jardins foram criados pelo célebre paisagista Émile David (Berlim, 1839-Porto, 1873), que entre outros projectou os Jardins do Palácio de Cristal, do Passeio Alegre e da Cordoaria.
Hoje é um condomínio fechado.
Mas continuemos por Cedofeita que é o que nos interessa agora.


Jardins e Casa da Baronesa do Seixo – Ed. JPortojo








Faz-se agora referência ao edifício (actualmente, com o nº de polícia 439) da antiga Esquadra de Polícia de Cedofeita, o último deste correr de grandes e belos prédios e que, inicialmente, foi residência da família Sandeman e ficou também conhecido por Palacete do Visconde de Barreiros.
Esta personalidade, natural da Maia, de seu nome José da Silva Figueira, era um brasileiro de torna-viagem que casaria, em 1881, com Catarina Justina Bellocq e residente, até 1883, na Rua da Conceição da freguesia de Nossa Senhora da Vitória, no Porto.
A 20 de Fevereiro de 1883, o visconde de Barreiros comprou este palacete ao Comendador Miguel Dantas Gonçalves Pereira e, aí, manteve a sua residência até à sua morte, que ocorreria em 1892.
D. Ermelinda Júlia de Brito e Cunha, casada com Glass Sandeman, foi quem mandou construir o Palacete Sandeman, pegado à igreja S. José das Taipas, na Cordoaria. Era filha de António Bernardo Brito e Cunha, um dos mártires da liberdade, mandado enforcar pelo usurpador D. Miguel.




Casa dos Sandeman – Ed. JPortojo



O prédio nº 548 pertence actualmente à Congregação das Servas Franciscanas Reparadoras e acolhe um lar feminino e dele se diz ter uns belos interiores do séc. XIX.



Congregação das Servas Franciscanas – Ed. JPortojo



O edifício do nº 556, costuma ser referido pelos seus azulejos.

Nº 556 e os seus azulejos – Ed. JPortojo

No edificío que faz esquina com Álvares Cabral - sem qualquer referência do Igespar - nasceu Augusto de Castro Sampaio Corte-Real (Porto, 11 de Janeiro de 1883 - Estoril, 24 de Julho de 1971), mais conhecido por Augusto de Castro. Foi advogado, jornalista, diplomata e político com uma carreira que se iniciou nos anos finais da Monarquia Constitucional Portuguesa e se estendeu até ao Estado Novo. Ganhou grande notoriedade como comissário da Exposição do Mundo Português em 1940. Foi director do Diário de Notícias por dois períodos distintos, de 1919 a 1924, altura em que partiu em missão diplomática para Londres, e de 1939 até 1941.
Membro da Academia Brasileira de Letras, eleito em 25 de Janeiro de 1945, ocupando a cadeira nº 5, que pertencera a Eugénio de Castro (1869-1944).

Casa onde nasceu Augusto de Castro – Ed. JPortojo

Atravessando a Rua de Álvares Cabral (que vai dar, pela esquerda, à igreja de Cedofeita) na bifurcação com a Travessa da Figueiroa, a cerca de 50 metros acaba a rua.


Confluência com Travessa da Figueiroa e Álvares Cabral – Ed. JPortojo






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