quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

(Continuação 7)

10.5 MANANCIAL DO CAMPO GRANDE E MANANCIAL DA AGUARDENTE



“A primeira referência conhecida sobre a existência de água no Campo de Mijavelhas surge no século XV na Crónica d' El Rei D. João I, escrita por Fernão Lopes que, reportando-se para a crise sucessória entre 1383 e 1335, relata que 700 homens do burgo do Porto juntaram-se junto ao chafariz aí existente para aguardar pela chegada das tropas galegas comandadas por D. João Manrique.
Mas, só a 22 de Setembro de 1548 é que surgem as primeiras referências relativas à existência deste manancial, aquando do Prazo de cedência da Quinta do Reimão, celebrado entre a Câmara da cidade e António de Madureira e sua mulher, Maria Fernanda das Póvoas. Uma das cláusulas do contrato dava o direito aos emprazados acima referidos de usufruir da água do ribeiro e da arca de Mijavelhas.
 Nas Memórias Paroquiais de 1758, o padre Simão Duarte de Oliveira descreve o seu percurso, como também salienta a importância dos lavadouros existentes no local, dizendo-nos que:

“[…] poço das Patas, onde se lavam a maior parte das roupas da cidade, que nunca falta por mais rigoroza que seja a sua, tendo também quantidade de tanques parta este efeito, cujas vertentes dessem à Ponte das Patas e por baixo dellas correm por três arcos a regar a Quinta de Francisco Diogo de Souza Cirne, a do Prado e a dos Padres da Companhia e dos seus moinhos de Val de Milhorados, e vai dezaguar ao rio Douro.”


O cano de Mijavelhas, bem como as suas fontes, foram arranjados a 11 de Maio de 1707 pelo Mestre pedreiro João Fernandes. Este voltou a arrematar outro conserto a 29 de Fevereiro de 1708. Mas foi na segunda metade do século XVIII, que a remodelação deste manancial, bem como dos outros existentes na cidade, foi uma das muitas preocupações da Junta das Obras Públicas.
Este aparece-nos referenciado como aqueduto de Mijavelhas ou aqueduto do Poço das Patas.
Em 1812, uma carta régia demonstra o interesse do soberano pela arca do Poço das Patas. Isto terá, por certa forma, impulsionado as obras de remodelação que foram feitas em 1819, demonstrando o desenvolvimento da planta como a conhecemos hoje, na estação de metro do Campo 24 de Agosto. No entanto, são visíveis as diferenças da construção entre o poço central em cantaria, e o espaço periférico em alvenaria, sendo o primeiro espaço, o mais antigo.
Henrique Duarte e Sousa Reis, em 1866, ao contrário de Baltasar Guedes dois séculos antes, eleva o valor da água bem como os vários nomes da mesma, dizendo:

“O segundo manancial, considerando a importância e qualidade d‟agoa que produz, vem a ser o chamado do Campo Grande, denominaçaõ posterior que se lhe deo por assim se (sic) conhecido o lugar aonde assenta a sua arca, sendo modernamente mudado o nome para Campo 24 d‟Agosto, notando se que a esta nascente chamava se primitivamente Mijavelhas”.

No estudo de Tito Bourbone de Noronha, 24 anos depois, revela-nos que a água era transportada em tubos de ferro até à fonte da Batalha e depois em tubos de chumbo para as fontes de S. Sebastião e da Rua Chã. Ainda refere que as fábricas de fiação abriram poços que fizeram o manancial secar, sendo depois estas a fornecer água às fontes públicas. Por último, refere que a água “não é límpida, de gosto regular.””
Com a devida vénia a Diogo Emanuel Pacheco Teixeira, In: Dissertação de Mestrado em História da Arte Portuguesa



O Campo Grande é o actual Campo de 24 de Agosto. Este concorrido local do Porto teve várias denominações ao longo dos tempos. Tinha, na Idade Média, a pitoresca denominação de Campo de Mijavelhas. Depois deram-lhe o nome de Poço das Patas, o que até se compreende se tivermos em conta as características alagadiças do terreno onde se formavam enormes poças que aquelas aves frequentavam com assiduidade. Em 1833, era o Campo da Feira do Gado, porque nesse espaço se realizava um importante mercado de gado bovino e seis anos depois, já era só o Campo Grande. A actual designação foi-lhe dada por deliberação camarária de 1 de Agosto de 1860.
O Manancial do Campo Grande tem sido, em comparação com os demais, o que menos atenção tem despertado, a quem se tem debruçado sobre a história do abastecimento de água à cidade do Porto. Daí que escasseiem alguns dados históricos, nomeadamente, o da data da sua construção.



Entrada para o sub-solo para o manancial do Campo Grande – Ed. J. Bahia Júnior em 1909



Segundo os dados que se conhecem no século XV existiu no local de Mijavelhas um manancial conhecido por Manancial de Mijavelhas e uma fonte com o mesmo nome- Fonte de Mijavelhas,


“…fonte para a qual se descia por alguns degraus, e nesse plano, talvez dois metros ou menos ainda, abaixo da superfície do campo havia compridos tanques de pedra lavrada, com as devidas divisões, onde a água se detinha e se tresvasava conforme o serviço da lavagem requeria; e, ali, ranchos de lavadeiras se entregavam à faina do seu trabalho, cantando ao desafio e fazendo com que os transeuntes, por vezes parando junto do parapeito superior, se entretivessem a gozar aquele passatempo. 
A água da fonte via-se afluir brotando em límpidos borbulhos á superfície da cavidade da terra ali formada.”
Árvores de uma grossura enorme, cuja ramagem, nos dias calmosos de verão produziam uma agradável sombra, rodeavam, cá em cima, os tanques que, lá em baixo, davam trabalho às lavadeiras. Eram alamos e choupos de tal pujança que deviam ter alguns séculos de existência. Apenas lá existe uma como para memória.
O campo da feira do gado era todo orlado dessas agigantadas árvores; tinha muitos bancos de pedra para comodidade do publico; tinha pelas extremidades do recinto, renques ou alas de piões, que de espaço em espaço eram aformosadas com alguns mais vistosos.
O solo era tão fundo que hoje, a sua depressão se acentuava mais do lado do poente e ao chegar a alinhar com a Rua do Bonfim em frente a Palácio do Cyrne, havia uma ponte com arcos de pedra, por baixo dos quais passavam as águas, que encanadas em parte, com certo ruído lá iam por debaixo da rua e em largo aqueduto, desaguar nos campos do fidalgo. Tinha a ponte para o lado da feira um bem lavrado parapeito e junto dele alguns bancos de pedra, onde por noites serenas os industriais do Bonfim vinham gosar a fresca viração que ali corria, e ouvir, além do canto das aves, o coachar das rãs que em baixo e aos pinchos nas águas se divertiam. E certamente em tempos passados até patos por ali andavam, e esse facto concerteza é que originou o dizer-se Poço das Patas
In O Tripeiro, Volume nº. 2 de 20/8/1909



Nos séculos XVI e XVII já se fazia o aproveitamento da água numa arca (Arca de Mijavelhas) e conhecem-se disputas sobre a água entre a Câmara e Frei Pero Vaz de Sousa e Cirne.
Desde 1629 que a Câmara tentava obter para a sua administração a água do ma­nancial de Mijavelhas (Campo de 24 de Agosto), com a qual iria abastecer o projetado chafariz da Rua Chã. A água deste ma­nancial e a das Fontainhas eram considera­das como as melhores do Porto daquele tempo.


“A Rua Chã tratava-se de uma artéria onde viviam as famílias mais importantes do burgo e o alto clero diocesano, pelo que, a Câmara tinha mandado construir nela, em 1391, uma estalagem " com bons cómodos" exatamente para a acomodação de quem estivesse de passagem.
Para serviço dos moradores e embelezamento da rua, a Câmara deliberou concretizar, aí por 1633, um projeto que alimentava havia três ou quatro anos: a construção de um chafariz.
E apontou logo o lugar onde ele devia ficar: “no encontro da Rua Chã com a Rua do Loureiro. Ou seja, na parte mais ampla da rua”.
E donde viria a água para alimentar o chafariz? De Mijavelhas.
Mas as negociações não foram fáceis. Aos louváveis intentos da Câmara opôs-se frei Pero Vaz de Sousa Cirne, da casa dos Cirnes, onde hoje funcionam os serviços da Junta de Freguesia do Bonfim, tutor de seu filho Manuel e herdeiro dos seus bens. 
Faça-se aqui um breve parêntesis para explicar o seguinte: Pero Vaz de Sousa Cirne, após a morte de sua mulher, ocor­rida antes de 1629, professou na Ordem Hospitalar de Malta. E aí está a explica­ção para o tratamento de frei e a existên­cia de um filho... 
A questão da água de Mijavelhas andou anos pelos tribunais. Frei Pero Vaz, que já trazia em mente a venda da casa dos Cirnes e a propriedade anexa, conhecida por quin­ta do Reimão, que se estendia até à quinta do Repouso do bispo, onde agora está o ce­mitério, alegava que a quinta valia 10 000 cruzados com a água; e que sem ela valia muito menos. Dizia mais: que além disso havia na cidade mais de 30 fontes, incluin­do as que estavam fora e as de dentro do bur­go. O que era verdade. Mas fontes de água boa para beber só havia três: a da Porta do Olival; a da Rua das Flores; e a da Rua Nova, actual Rua do Infante D. Henrique. 
Reconhecendo que não conseguiria ga­nhar a questão nos tribunais, a Câmara re­solveu tratar do assunto através, digamos assim, da via diplomática, procurando al­cançar um acordo que servisse as duas par­tes. E conseguiu-o. A partir de 25 de julho de 1633 a água de Mijavelhas passou a ser da cidade, mediante o pagamento, por par­te da Câmara, de 1000 cruzados a frei Pero Vaz. E à quinta do Reimão ficavam a per­tencer as águas vertentes de outras fontes. 
Concretizado este acordo, a Câmara co­meçou então a pensar a sério no chafariz da Rua Chã. Ainda nesse ano de 1633 a obra "foi posta a pregão", hoje diríamos a con­curso e as obras começaram logo a seguir, em 1634 ou 1635.”
Com a devida vénia a Germano Silva



Sobre aquela disputa conta-nos, por seu lado, J. Bahia Junior no seu trabalho “Contribuição para a Hygiene do Porto”:


“…Ora, querendo a Camará levar a agua d'esté manancial para uma projectada fonte na rua Chã, julgando-se para isso com direito pois que o dito manancial, posto que tivesse sido vendido o terreno em que estava, conservava no frontespicio da arca as armas reaes, fez-lhe opposição Frei Pedro Vaz Soares Cirne na qualidade de tutor de seus filhos menores que eram os possuidores do praso fateozim feito pela Camará em 22 de setembro de 1548, com o foro annual de 130 réis, no qual estava incluido este terreno, e cuja data de reconhecimento por Pedro Vaz Cirne e mulher, é de 3 de fevereiro de 1614. Tendo porém perdido os seus direitos perante o juizo da Correição'do Civel da Relação do Porto e teudo o Senado aggravado para a Casa de Supplicação, parece que reconhecendo já a sua infelicidade n'estas questões em que, como tivemos occasião de ver varias vezes, sempre perdia, desistiu, "com a clausula de ficar para os emphiteutas toda a agua das fontes que alli haviam,,. 
Finalmente por Escriptura de 25 d'agosto de 1633, comprou a Camará a Frei Pedro Vaz Soares Cirno a agua do Manancial de Mijavelhas pela quantia de 400S000 réis para  réalisai' o seu intento. Foi então logo feita a arrematação em hasta publica no anno seguinte de 1634 a 1635 da obra do Chafariz da rua Chã que foi tomado por 1:000$000 réis, custando depois mais 200S000 réis o rebaixamento do Chafariz por se ter reconhecido que o seu nivel era superior ao do Manancial, não contando portanto a agua n'este ponto.
Não foi n'este local que elle se fixou definitivamente, e a 20 d'outubro de 1635 era mudado para o largo onde permaneceu durante muito tempo, como consta no L.° 5 Prop. fl. 196…”



No texto acima a expressão “Praso Fateozim” que hoje se escreve “Prazo Fateusim”, era:

“Um prazo fateusim é um domínio, uma propriedade fundiária que passa por um contrato enfitêutico (enfiteuse) e é entregue em princípio em três vidas, diz-se assim, porque partia do chefe de família que depois podia deixar por morte à viúva e depois ao filho do casal que fosse nomeado para suceder. O contrato podia ser renovado noutras vidas e assim ia sendo o prazo transmitido na mesma família, mas não necessariamente de pai para filho.
Os domínios eclesiásticos usavam muito essa figura em contratos de cedência de propriedade em vidas para ser trabalhada, beneficiada (benfeitorias), contra determinados foros ou prestações fixadas para determinadas alturas do ano, geralmente, festas religiosas.
Estes contratos tiveram tendência para se extinguir no período liberal”. 
Fonte - Pedro França In: geneall.net



No século XVII conhece-se, também, a existência de enxurradas que soterraram a arca.
No século XVIII é levantado um novo aqueduto de abastecimento de água à cidade a partir do Campo Grande.
O Manancial do Campo Grande era resultado da junção do Manancial de Montebelo e de algumas minas existentes nas imediações.
Uma dessas minas situava-se na Póvoa de Baixo, ou seja o local onde hoje confluem a Rua de Santos Pousada e o Campo 24 de Agosto. A água daqui proveniente era conduzida num encanamento até à Arca do Poço das Patas.
O Manancial do Montebelo, por sua vez, corria pela Rua do Montebelo, a actual Avenida Fernão de Magalhães.
Este manancial que pertenceu ao bispo, tinha na padieira da porta de entrada, junto ao prédio com o nº 190 da Rua de Montebelo, a pedra de armas episcopais de Frei José Maria da Fonseca Évora e gravada a data de 1749.
Em 1838 a água proveniente deste manancial foi cedido à Câmara.



Entrada do Manancial de Montebelo – Ed. J. Bahia Júnior em 1909



Na foto acima vê-se a porta de entrada do manancial de Montebelo, encimada pelas armas episcopais e situado no extremo da Rua das Eirinhas, junto ao que é hoje a Avenida Fernão Magalhães.



Rua de Montebelo



Zona da antiga Rua de Montebelo em 1952 – Fonte: Arquivo Histórico e Municipal



Na foto acima com as Eirinhas à direita, e à esquerda no que é hoje o Bairro de Fernão de Magalhães, podem observar-se os trabalhos da abertura daquela avenida entre a Rua de Barros Lima e o Campo 24 de Agosto.



Aspecto actual do local da foto anterior – Fonte: Google maps



Existiria então uma mina na Rua de Montebelo, propriedade de José de Melo Peixoto e de Bento Luís Correia de Melo, conhecida por mina dos Melos. Desta mina a água seguia para uma arca situada no tal prédio, que fazia esquina com a Rua das Eirinhas.
Daqui, de um dos ramos desta mina, saía um cano de chumbo que levava a água pela Rua Ferreira Cardoso e Rua do Saldanha para abastecer a Fonte Exterior do Cemitério do Prado do Repouso, a Fonte do Roseiral (junto ao crematório) e os dois tanques semi-circulares existentes na entrada Norte do cemitério.
Sabe-se, por um documento que existe, que no ano de 1849, existia "uma biqueira" (telha por onde corre a água) que lançava no Manancial do Campo Grande, água que vinha de uma outra mina, do Visconde de Castelões situada na Estrada do Senhor do Bonfim, ou entrada da actual Rua do Bonfim.
Em data que não é possível confirmar, a Misericórdia do Porto comprou uma outra nascente, a Manuel Correia Espadeiro e mulher, moradores no Poço das Patas, "huma poça d'Agua, no Monte de Mijavelhas, junto aonde antigamente estivera a forca" para ser introduzida no manancial e daí seguir para o recolhimento das Órfãs (Nossa Senhora da Esperança).
Vejamos agora quais eram as fontes e os chafarizes que beneficiavam da água deste manancial. Em primeiro lugar, naturalmente, a "Fonte de Mijavelhas", aquela que foi encontrada aquando da construção da estação do Metro e cujas pedras a administração daquela empresa em boa hora resolveu conservar, dentro da própria estação, como memória histórica do sítio.
As "vertentes" (águas que sobravam) iam abastecer "os magníficos lavadouros públicos" que ali havia e, após isso, continuavam a céu aberto e a sua força era aproveitada para mover os moinhos das Fontainhas.
É sobre o uso de uns lavadouros existentes no Campo Grande, no local onde, hoje, se situam os balneários públicos, que a notícia seguinte se refere.
 
 

In “Jornal do Porto”, de 3 de Agosto de 1871, pág 1



Fonte de Mijavelhas - Fonte: portoarc.blogspot.pt



Arca d’Água de Mijavelhas ou do Poço das Patas - Fonte: portoarc.blogspot.pt



A água do Manancial do Campo Grande seguia, também, devidamente encanada, por baixo da Rua da Murta (foi Rua do Mede Vinagre e é hoje a Rua do Morgado de Mateus) e saía em S. Lázaro, "defronte onde estava a Igreja Velha dos religiosos Antoninos" (edifício da Biblioteca Pública Municipal) para onde seguia um anel de água.
Um anel equivalia a oito penas e cada pena correspondia a um fornecimento diário de 630 litros. Era com um anel de água, por exemplo, que o aqueduto abastecia a Fonte de S. Lázaro.
A água do Campo Grande abastecia, neste percurso, mais as seguintes fontes públicas: uma na Rua das Fontainhas, que ficava mesmo à entrada desta artéria; o chafariz da Praça da Batalha obra monumental "que evocava os melhoramentos feitos nesta praça nos tempos passados"; seguia depois "o encanamento" pela "Rua da Senhora do Terço" e pela Rua Chã, até ao chafariz de S. Miguel-o-Anjo, construído por iniciativa do Cabido, no antigo Largo da Sé, acima do sítio onde estava a Porta de Vandoma e onde ainda está; o célebre chafariz da Rua Chã, que ficava entre a rua deste nome e a Rua do Cativo, em frente à casa conhecida pelo Paço da Marquesa, por nela ter vivido a última Marquesa de Abrantes; a Fonte do Largo de S. Sebastião, uma das mais antigas que havia na cidade, actualmente no Largo do Dr. Pedro Vitorino.
Várias fontes do Cemitério do Prado, como já vimos e a fonte do Padrão de Campanhã, eram abastecidas por água deste manancial.
Do Campo Grande partia também, em direcção ao rio Douro resultante de toda a abundância de águas deste local, um regato conhecido por Ribeira de Mijavelhas ou Ribeira do Poço das Patas.
A ribeira tinha o seu leito sensivelmente, pelo que é hoje a Rua do Duque da Terceira, sendo atravessada na chamada, Estrada do Senhor do Bonfim pela Ponte das Patas e encurvando um pouco seguia num leito próximo ao traçado da Rua Duque da Terceira, antes de chegar à sua foz.
No último troço do seu percurso, antes de se precipitar no rio Douro, em tempos, as suas águas faziam mover alguns moinhos, no que em tempos se chamou, segundo o padre Simão Duarte de Oliveira, Vale de Milhorados.



“A Arca do Poço das Patas no ano de 1868 sofreu uma reparação; e, à beira da fonte de duas bicas, construíram um tanque provido de 3 canecas de folha-de-Flandres, presas por cadeias, para uso dos moradores da vizinhança, que iam buscar água destinada aos usos domésticos. Isto é, só as ditas canecas é que mergulhava no tanque, evitando-se assim, como manda a boa higiene, a conspurcação da água pelo constante submergir das vasilhas, nem sempre limpas… Para Noroeste, nas traseiras do Balneário Municipal, em ponto fundo borbulhava uma copiosa nascente, cuja água alimentava uma fonte de chafurdo ou de afoga caneco, abastecia um lavadouro grande e outros mais pequenos (destruídos em 1899 aquando da peste bubónica); e, em volumoso regato, deslizava para as bandas do Sul com direcção ao Monte do Seminário, onde se despenhava no Rio Douro.”
Fonte - O Tripeiro, Série VI, Ano XII, In: portoarc.blogspot.pt




Foz da Ribeira de Mijavelhas – Fonte: oportoeagua.blogspot.pt




Na foto acima vê-se o local (a cerca de 80 metros a jusante da ponte Maria Pia), onde a ribeira de Mijavelhas, após ultrapassá-lo, seguirá num aqueduto sob a Avenida de Paiva Couceiro e as suas águas, encontrarão então, o rio Douro.

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