A seguir dá-se conta das fontes abastecidas pelos Mananciais de
Paranhos e de Salgueiros.
Esta fonte só foi construída entre 1816 e 1822 e
resultou, muito tempo depois, de um compromisso anteriormente assumido com o
proprietário da Quinta de Santo Ovídio, na altura em que cedeu o terreno para a
abertura da Rua da Boavista, em 1724.
Situava-se, praticamente, defronte do edifício do Grande Colégio Universal
e, em 1908, sobre a qualidade da sua água, A. Fontes,dizia:
“Não queremos terminar
estas considerações a respeito da Fonte da Bôa-Vista sem dizer que é
simplesmente vergonhoso manter aberta ao publico com o distico de Agua bôa (…),
uma fonte cuja agua recebe sem a menor duvida fartas inquinações de latrina;
até pelos mais elementares principios de decoro é urgente substituir esta
agua”.
Fonte da Rua da Boavista, junto ao poste nº 536, da Companhia
Carris de Ferro do Porto – Fonte: A. Fontes, 1908, Pág. 70
Fonte de Cedofeita
Na Rua de Cedofeita, em frente à Rua da Torrinha e um pouco
ao lado da antiga “Casa Granado”, construiu-se a Fonte de Cedofeita. Tal fonte
foi construída em 1826 a pedido de José Ribeiro Braga, então proprietário de
vastos terrenos naquela zona e por onde passava o aqueduto com águas dos
mananciais de Paranhos e Salgueiros. Essa fonte acabou por ser incorporada,
mantendo a sua utilização, num prédio que, desde 1855, albergou a escola «Von
Hafe Schule», antecessora do actual Colégio Alemão e que em 18 de Novembro
de 1901 se muda para o nº 410 da Rua da Restauração, passando a designar-se por
«Deutsche Schule zu Porto».
Provavelmente pouco depois dessa data, instala-se no
edifício um estabelecimento hoteleiro com o apropriado nome de Pension
La Fontaine.
Durante algumas décadas esteve em funcionamento e ainda lá
estava em 1908 e, quando encerrada a pensão e feitas obras para adaptação a loja
comercial, no piso inferior, o espaço da fonte foi ocupado com a dita loja.
Pensão La Fontaine
O Dr. Adriano
Fontes, na sua obra – “Contribuição para a Higiene do Porto”-
Pagina 29 (Porto 1908) afirma o seguinte:
“Podemos dizer
que a 4 de Julho de 1825 foi praticada vistoria, a requerimento de José Braga e
outros as suas propriedades de Cedofeita e situadas na Rua da Torrinha, para ai
se edificar um chafariz... Assim oferecia o citado munícipe o terreno necessário
a construção da fonte, mas impondo como condição a cedência por parte
da câmara de pena e meia de agua diários (945 litros)”.
Segundo o mesmo autor, a fonte teria gravado no seu cume a data de
1826. Em 1893, sofreu esta fonte um pequeno corte no seu tanque, a fim de que
as pessoas que lá se dirigissem para colher água, pudessem estar abrigadas em
caso de chuva.
A bica desta fonte
está nos jardins dos SMAS em Barão de Nova Sintra.
Bica da Fonte de Cedofeita actualmente nos jardins dos SMAS
Foto tirada ao local
da fonte a partir da Rua da Torrinha
Fonte do Largo da Maternidade
ou Chafariz do Campo Pequeno
Fonte do Largo da Maternidade Júlio Diniz – antigo Campo Pequeno
Neste local existiu
primeiro um chafariz construído entre os anos 1826 e 1828 no lado sul do largo
na continuação da Rua do Breyner e cujo encanamento seguia por essa rua vindo
da Fonte de Cedofeita.
Em 1894 foi
levantado um outro no meio da praça.
Chafariz do Campo Pequeno - Ed. Dr. Adriano Fontes, In: “Contribuição para a Higiene do Porto”
– 1908
Fonte do Triunfo ou Fonte do Quartel e Chafariz da Torre da Marca (Desaparecidos)
Esta fonte teria sido construída entre 1855 e 1863, na Rua
dos Quartéis, mais tarde, Rua do Triunfo (hoje, Rua D. Manuel II), e terá tido como
antecedente, nas suas imediações, um chafariz, chamado de Chafariz da Torre da
Marca.
A Fonte do Triunfo nasceu encostada ao muro do que foi Regimento de Infantaria 6, Quartel do Batalhão de Metralhadoras 3 e, depois, CICAP (Centro de Instrução de Condutores Auto do Porto), situado em frente da Rua do Pombal.
Quando foi necessário proceder a um novo alinhamento da via, a fonte teve que ser mudada e, mais tarde, seria demolida.
O encanamento seguia até àqueles pontos de água pela Rua do
Pombal.
A Fonte do Triunfo (canto superior direito) na planta de
Telles Ferreira de 1892, adossada ao Quartel do Regimento Nº 6, no enfiamento da Rua do Pombal
Planta de Joaquim Costa Lima Sampaio, aprovada em sessão de Câmara em 31-12-1838, para alargamento da Rua do Pombal, em trabalhos sobre terrenos pertencentes aos herdeiros de Teresa Luísa da Silva
A planta anterior contempla, para além do alargamento da Rua do Pombal, a construção de uma nova fonte (dentro da oval), precisamente no enfiamento daquela rua e onde se encontrava em 1892.
Não é consensual a história contada sobre a origem da Fonte
do Triunfo. Assim, o Dr. Adriano Fontes, referindo-se a ela, diz num relatório
de Maio de 1908:
“ (…) extraordinário é
ainda o que succède com o da rua do Triumpho, visto que ainda em sessão
camarária de 6 de dezembro de 1855- se deliberava proceder á arrematação da
obra do chafariz da Torre da Marca, conforme um desenho approvado em 29 de
novembro do mesmo anno. Seria uma modificação num chafariz que existisse
anteriormente? Seria a construcção de um chafariz projectado trinta annos
antes? Não sabemos. O facto é que por vários officios dirigidos em 1863 pelo Commandante
do Regimento de Infantaria nº 5? queixando-se da falta d'agua na fonte do
quartel, se pôde concluir que esta fosse acabada entre os annos de 1855 e 1863.
Sobre mudanças
averiguamos que no anno de 1875 o engenheiro militar pedira á Camará a
transferência do chafariz da Torre da Marca e que o engenheiro municipal
escolhera o local para onde podia ser transferido, sem que os documentos
precisem esse ponto; é certo contudo que nos annos de 1900, 1901 e 1902,
conforme informações do Snr. Prof. Souza Junior que morava para estes sities, a
fonte se achava em frente á rua do Pombal, sendo n'este ultimo anno e por
ocasião do alargamento da rua do Triumpho que ella foi deslocada para o sitio
onde hoje se encontra”.
Fonte do Triunfo, em 1909, no seu derradeiro local de
instalação – Fonte: A. Fontes, 1908,
Pág. 70
Como se pode observar, na notícia seguinte, gerou alguma celeuma a escolha do novo local para instalação desta fonte.
Fonte
da Praça de Santa Teresa e Fontanário de Santa Teresa (Desaparecidos)
Em 1823 decorrente de uma anterior resolução foi decidido
uma intervenção na Praça Santa Teresa e que o chafariz aí existente, presume-se
no meio daquela área, fosse substituído por um outro mais digno.
Surgiria assim, a Fonte de Santa Teresa, no local onde
viriam a estar os Armazéns do Chiado. Mais tarde acabaria por receber, três enormes carrancas que para ali foram
levadas da Fonte da Natividade, que esteve na Praça da Liberdade.
Hoje, duas dessas carrancas
estão nos jardins do Palácio de Cristal.
Projecto Fonte de
Santa Teresa – Fonte: “gisaweb.cm-porto.pt/”
No desenho acima
pode observar-se o alçado e planta da fonte a construir junto ao muro do
Convento das Carmelitas, da autoria do arquitecto da Câmara, Luís Inácio de
Barros Lima, aprovada pela Junta das Obras Públicas em 1822-04-19.
“A 10 de novembro de 1796 era votada pela
Junta das Obras Publicas a demolição dos arcos que se achavam na antiga Feira
do pão não só por ameaçarem ruina mas ainda para tornar mais "vistoso e
amplo, o local; e ao mesmo tempo resolvia-se que o chafariz, alli existente,
fosse substituido por outro "mais nobre, e com um tanque que servisse de
deposito de agua para incêndios. Não sabemos o que se passou nos 26 annos
seguintes, mas logramos encontrar uma nota onde se diz que em sessão de 31 de
janeiro de 1823, sendo chamados o architecto da cidade e o mestre das obras
publicas e perguntando-se-lhes em que tempo correria a agua na nova fonte da
Praça de Santa Thereza, por elles fora respondido que por todo o mez de março
d'aquelle anno a cidade possuiria esse melhoramento, d'onde se conclue ter sido
n'esta data ultimada a fonte de Santa Thereza, que se encontrava no ponto
correspondente, mais ou menos, á entrada actual dos Armazéns do Chiado e que
em 1905 foi demolida, apoz a arrematação dos terrenos do bairro das Carmelitas
(1904), para ser substituida pelo Marco fontenario de Santa Thereza,
primeiramente situado no angulo sul da mesma praça e mudado depois para o ponto
onde hoje se encontra”.
Fonte: Dr. Adriano
Fontes, In: “Contribuição para a
Higiene do Porto” – 1908
Fonte da Praça de
Santa Teresa ou Chafariz de Santa Teresa
A meio da foto
anterior é possível observar a parte superior da Fonte da Praça Santa Teresa
(antes Praça do Pão) e que é hoje a Praça Guilherme Gomes Fernandes, sendo aquela, a única imagem que existe da referida fonte. À direita está o edifício da
Universidade.
A fonte de Santa
Teresa, como era conhecida, foi demolida em 1905 e substituída por um elegante
fontanário (foto mais abaixo) que também desapareceu em 1915.
Fontanário da Praça
de Santa Teresa que sucedeu à fonte
Chafariz da Fábrica do Tabaco ou Fonte
dos Ferros Velhos (Desaparecido)
Sobre esta fonte diz-nos J. Bahia Junior:
“No anno de 1718 o dr.
Diogo dos Santos Mesquita e Manoel de Souza Porto expozeram em requerimento ao
Senado a necessidade da construcção das fontes da Fabrica do Tabaco e das
Oliveiras, offerecendo-se para introduzir no aqueducto geral três anneis de
agua que possuiam junto á Arca, dous dos quaes seriam destinados ás fontes, e
para fazer ainda á sua custa as obras de conducção e o reparamento dos canos,
quando fosse preciso, pelo que receberiam as vertentes. Acceita a offerta,
lavrou-se a escriptura que foi rectificada em 6 de agosto do mesmo anno ; mas
não nos foi possivel averiguar a data da construcção.
Mais de um século
depois, a 6 de março de 1824, cedia o municipe Antonio Cardoso de Moraes Garcez
o terreno para se fazer um novo chafariz e a 7 de abril do mesmo anno era
determinada a mudança do antigo, por "ser incomodo ao transito publico,
para junto do muro da propriedade de Moraes Cardoso, que não pudemos apurar
onde fosse. Finalmente na sessão das Obras Publicas de 30 de abril do mesmo
anno manda-se fazer a planta da fonte que ha-de substituir o antigo chafariz ;
com isto terminam os elementos que logramos colher”.
“Sobre o Chafariz da
Fábrica do Tabaco, não chegou quase nenhuma informação até nós. O padre Simão
Duarte de Oliveira refere que este chafariz distava da cidade uma légua e era
um chafariz com quatro bicas.
Estava localizado no
Largo dos Correios, perto da Rua da Fábrica do Tabaco, actual Rua da Fábrica.
Também era conhecido como chafariz do Largo do Correio, e mais tarde, passou a
ser conhecido como chafariz dos Ferros Velhos.
Segundo Adriano
Fontes, estaria na Rua Rainha D. Amélia,
que hoje corresponderá à zona da Rua Cândido dos Reis.
Aquele chafariz
recebia água da Arca do Anjo, contendo a mistura das águas de Paranhos e de
Salgueiros, mas a partir de 1892 passou a receber apenas de Paranhos.”
In Dissertação de Mestrado da UP de Diogo Emanuel Pacheco
Teixeira
Fonte dos Ferros Velhos – Ed. J. Bahia Junior
Localização (dentro da elipse azul) do Chafariz da Fábrica do Tabaco em planta de Telles Ferreira de 1892
Fonte das Oliveiras na actualidade
A Fonte da Rua das Oliveiras foi construída em 1718 na Rua das Oliveiras.
Em 1824 foi remodelada com projecto de Joaquim Costa Lima Sampaio e
acrescentados a concha e o peixe. Foi mudada para o local actual, na
confluência das Ruas dos Mártires da Liberdade e General Silveira, em 1881.
Era abastecida, em exclusivo, pelo manancial de Salgueiros, bem como a Taça do Jardim da Praça de Carlos Alberto e o Marco Fontanário da Praça de Carlos Alberto, inaugurado pela Sociedade Protectora dos Animais c. 1903.
Era abastecida, em exclusivo, pelo manancial de Salgueiros, bem como a Taça do Jardim da Praça de Carlos Alberto e o Marco Fontanário da Praça de Carlos Alberto, inaugurado pela Sociedade Protectora dos Animais c. 1903.
Acesso para subterrâneos
do manancial, junto à Fonte das Oliveiras
Arca do Anjo,
actualmente nos jardins dos SMAS
Interior da Arca do Anjo
Instalada no extinto
Mercado do Anjo, foi começada a construir em 1892 e abriu ao público, em 1893
no local contiguo à Rua do Doutor Ferreira da Silva. A arca recebia a água dos
mananciais de Paranhos e Salgueiros, que depois de ali misturada, ia abastecer
as freguesias de Vitória, Miragaia, S. Nicolau e Sé. Foi demolida em 1949 e
reconstruída nos jardins dos SMAS.
Desta arca saíam 2 ramificações: uma passava pela cadeia e abastecia as Fontes de Neptuno, Taça do jardim da Cordoaria e Taipas e do Mercado do Peixe (chafariz do Mercado do Peixe e Torneira das Sardinheiras) e a segunda descia a Rua dos Clérigos, Lóios, Caldeireiros, Rua das Flores e Souto e abastecia as Fontes de Mouzinho da Silveira, do Largo de S. Domingos, do Mercado Ferreira Borges, das Congostas e da Praça da Ribeira.
Uma outra ramificação seguia das Taipas, Fonte de Miragaia e Fonte da Rua do Comércio do Porto.
Desta arca saíam 2 ramificações: uma passava pela cadeia e abastecia as Fontes de Neptuno, Taça do jardim da Cordoaria e Taipas e do Mercado do Peixe (chafariz do Mercado do Peixe e Torneira das Sardinheiras) e a segunda descia a Rua dos Clérigos, Lóios, Caldeireiros, Rua das Flores e Souto e abastecia as Fontes de Mouzinho da Silveira, do Largo de S. Domingos, do Mercado Ferreira Borges, das Congostas e da Praça da Ribeira.
Uma outra ramificação seguia das Taipas, Fonte de Miragaia e Fonte da Rua do Comércio do Porto.
Arca do Anjo com o
edifício da Universidade atrás
Fonte
da Rua S. Filipe Néri, junto do mercado do Anjo (Desaparecida)
Fonte pública junto do mercado do Anjo
Esta fonte situava-se muito próximo da actual
confluência das ruas de S. Filipe Néry com as Carmelitas, à entrada do Mercado.
O mercado tinha três entradas que coincidiam
com os vértices de um triângulo; uma pelo lado da Cordoaria, outra pela Praça
da Universidade e, a mais importante, pela parte baixa da Rua das Carmelitas,
junto aos Clérigos.
Esta entrada tinha grande beleza, pois era
talhada em granito e localizava-se numa pequena praceta (de S. Filipe Nery) que
havia sido feita para desafogar aquele cruzamento de ruas. Acedia-se daqui ao
Mercado por dois lanços de escadas que se encontravam num patamar com uma
varanda também em granito.
Na base deste patamar, fora colocada uma
fonte.
Chafariz
do Mercado do Anjo (Desaparecido)
Chafariz do Mercado do Anjo em 1887
Chafariz em 1908
Este chafariz veio
para este local (mesmo no meio do mercado) em 1846, transladado do vizinho
Convento das Carmelitas.
No centro do convento das carmelitas existia um claustro interno, quase nivelado com a Praça de Santa Teresa (hoje Praça Guilherme Gomes Fernandes), motivado pela desigualdade do terreno, e no meio havia um pequeno chafariz (oitavado), que tinha em granito um menino abraçado a uma águia que brotava água. Transferido o chafariz para o mercado público do Anjo, o povo embirrou com a péssima escultura da ave e do menino, e teve a Câmara Municipal de os substituir por uma urna de pedra, no alto do mesmo chafariz, permanecendo do conjunto vindo do convento o tanque, o pé e a taça.
No centro do convento das carmelitas existia um claustro interno, quase nivelado com a Praça de Santa Teresa (hoje Praça Guilherme Gomes Fernandes), motivado pela desigualdade do terreno, e no meio havia um pequeno chafariz (oitavado), que tinha em granito um menino abraçado a uma águia que brotava água. Transferido o chafariz para o mercado público do Anjo, o povo embirrou com a péssima escultura da ave e do menino, e teve a Câmara Municipal de os substituir por uma urna de pedra, no alto do mesmo chafariz, permanecendo do conjunto vindo do convento o tanque, o pé e a taça.
Fonte Neptuno
A Fonte Neptuno ou
do Olival encontra-se na Praça da Porta do Olival, encostada à Cadeia da
Relação. Ao centro tem um medalhão com Neptuno.
No centro da Praça
do Olival existiu um chafariz construído por ordem de Filipe II, em 1606.
Quando da construção da Cadeia da Relação, em 1765, aquele foi desmantelado e
substituído pela fonte Neptuno. Esta foi restaurada em 1940. Este chafariz era
alimentado pelo manancial de Paranhos.
Fonte que esteve no Mercado do Peixe
Esta fonte presentemente na Rua do Monte dos Judeus, esteve
junto do Mercado do Peixe na Cordoaria, antes ser transferida para este local.
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