Hospitais Primitivos
Nesses tempos recuados os hospitais, fora a vertente
assistencial de ajuda aos enfermos, tinham uma outra com um funcionamento
próprio de hospedaria ou albergaria, dirigido aos caminhantes e viajantes.
No tempo do reinado de João I, os hospitais ficavam junto ao
rio Douro.
Assim, tínhamos no que é agora o Largo do Terreiro o Hospital de Nossa Senhora da Piedade do
Cais que em 1501 se chamava Hospital
da Senhora do Cais, fundado por Catarina Anes Ramalha.
Este hospital conhecido como o Hospital da Ramalha consta de um documento da Câmara de 1484.
Junto a este hospital, de que hoje não há quaisquer
vestígios, existia (ainda existe) uma capela da invocação de Nossa Senhora da
Piedade mas que antes se chamou de Nossa Senhora do Cais. No século XVII (1608)
a ermida denominava-se de Nossa Senhora do Terreiro da Alfândega.
Tanto o hospital como a capela eram administradas pela
Câmara que nomeava um provedor que, por imposição dos estatutos tanto da
capela como do hospital, tinham "que ser vizinhos" isto é, morarem
por ali perto.
Nos finais do século XVII a Câmara mandou fazer obras de
remodelação na capela e no hospital por "ambos se acharem em ruínas".
Os trabalhos decorreram entre 1699 e 1700.
Nas imediações do Hospital da Ramalha mais propriamente na
Reboleira, desde o século XIII, existiam o Hospital
da Senhora da Guia ou Hospital de
Santa Catarina e o Hospital de Santiago,
para apoio aos peregrinos e ainda o Hospital
de S. Lourenço que ficava junto a S. Nicolau.
Camilo Castelo Branco escreveu no seu “Cousas Leves e
Pesadas” que ” no meado do século XIII
foram estabelecidos os dois hospitais de Santiago e de Santa Catarina na
Reboleira e daí transferidos para o Largo de S. João Novo e mais tarde para a
Ferraria de Cima”.
Na Ferraria de Cima, o hospital de Santa Catarina tinha a
entrada pela Rua de Trás.
Então o hospital de Santiago e o hospital de Santa Catarina acabaram
por se juntar e passaram a ser o Hospital
de São Nicolau, por ficar junto à ermida do mesmo nome, referida no romance
de Arnaldo Gama “A Última Dona de S. Nicolau”.
Na Rua da Reboleira houve ainda o Hospital dos Gafos.
Mas os exemplos de proliferação de hospitais na cidade são
muitos. Por volta de 1350 no local que os Judeus tinham habitado na Judiaria
velha, na Cividade, junto à Sé, há documentos que falam no Hospital dos Coreiros da Sé.
O Hospital dos Coreiros ficava defronte da capela de Nossa
Senhora do Ferro onde havia umas casas que serviram de cárcere da Inquisição.
A capela da Senhora do Ferro situava-se na esquina da Rua
Escura com a Travessa de S. Sebastião, a antiga Viela dos Gatos.
O Hospital dos Coreiros já existia no ano de 1320. Mas um
documento de 1440 localiza esse mesmo hospital "na judiaria velha a cerca da Cividade". Sabemos que
houve, de facto, uma judiaria e a respetiva sinagoga, "no monte da
Sé", muito antes, claro, da judiaria de Monchique que D. João I mandou
transferir (1385-1388) para o alto do monte da Vitória, junto à porta do
Olival.
Não se sabe ao certo quando, mas parece que, em meados do
século XIV um outro hospital (que se terá ficado a dever a D. Martim Domingues
de Barcelos) existiu, o Hospital do
Salvador do Mundo com a sua capela anexa na Rua das Congostas.
Dele será, ainda, um singelo vestígio o Pátio de S. Salvador
confrontando a Rua Mouzinho da Silveira.
Este hospital foi conhecido também por Hospital dos Ganhadores.
Pouco antes de morrer em 1521 o rei D. Manuel I determinou
que a Santa Casa da Misericórdia do Porto que existia desde o ano de 1499
ficasse com a administração do Hospital
Rocamador que se situava ao fundo da Rua dos Caldeireiros (fundado ainda no
tempo de D. Sancho I) e com o Hospital-Albergaria
de Santa Clara que ficava na Rua dos Mercadores, também conhecido por Hospital dos Velhos Inválidos de Santa Clara.
Em 10 de Fevereiro de 1750, o hospital seria expropriado para a abertura da Rua de S. João.
Por sua vez, o velho hospital Rocamador daria, mais tarde, origem ao Hospital D. Lopo e, este, em 1799, devido à sua exiguidade, ao Hospital de Santo António.
Em 10 de Fevereiro de 1750, o hospital seria expropriado para a abertura da Rua de S. João.
Por sua vez, o velho hospital Rocamador daria, mais tarde, origem ao Hospital D. Lopo e, este, em 1799, devido à sua exiguidade, ao Hospital de Santo António.
Desenho do Rocamador
Albergaria Rocamador - Desenho Luís de Pina
Desenho do Hospital D. Lopo no local do Rocamador
Claustros do Rocamador nas traseiras de um edifício na Rua
das Flores
Pela porta em arco, da foto acima, se entrava para o pátio dotado com uns claustros observáveis nas fotos anteriores.
Desconhece-se a data da criação do hospital Rocamador que
começou por se chamar de Santa Maria do
Rochedo.
Sabe-se, no entanto, que era muito antigo e há quem diga que
reportava a 1189 com a chegada ao País dos Eremitas de Nossa senhora de Roca de
Amador, que instituíram os hospitais de Lisboa, Porto, Coimbra, Santarém,
Leiria, Torres Vedras, Guimarães, Braga, Lamego e Chaves.
Corria o ano de 1499 (14 de Março) quando D. Manuel I
institui, por Carta Régia, a Irmandade da Misericórdia do Porto.
Em 1521 D. Manuel I atribuiu a esta instituição o
Hospital-Albergaria de Rocamador, cuja origem parece remontar a D. Sancho I.
Era, na época, a maior instituição com este tipo de missão. Localizava-se na
Rua do Souto (mais tarde Rua da Ferraria de Cima, actual Rua dos Caldeireiros)
e ia da Rua de Santa Catarina das Flores à Porta do Olival.
A entrada fazia-se em frente ao Padrão de Santo Elói (actual
Largo dos Lóios).
A partir de 1671, começava o bispado de D. Nicolau Monteiro
que como grande protector da obra da Santa Casa da Misericórdia do Porto,
mandou construir no Rocamador uma enfermaria de convalescentes.
Este hospital possuía cemitério próprio que está
identificado como tendo-se situado, no que são hoje, as traseiras de uns
prédios da Rua das Flores.
O hospital acabaria por adoptar o nome de D. Lopo, pelos
avultados bens que o clérigo Lopo de Almeida legou à instituição quando faleceu
em 1584. Tais verbas permitiram a reconstrução e alargamento do antigo
Rocamador, construindo-se uma nova ala com frente para a Rua das Flores.
Houve ainda antigamente uma Albergaria-Hospital de
Santo Alifon (Santo Ildefonso) e que depois se chamou Hospital
do Santo Espírito ou Hospital do Santo Cristo ou ainda Hospital das Entrevadas, situado
próximo da Igreja de Santo Ildefonso (fora das muralhas), que resultou de uma
separação de sexos do Hospital dos
Entrevados situado em Cima de Vila
(interior das muralhas), perto da porta do mesmo nome e da capela de Nossa
Senhora da Batalha.
Estes dois hospitais viram a sua gestão ser entregue pelo
rei D. Manuel à Santa Casa da Misericórdia, na altura em que aconteceu,
resolução semelhante, para o Hospital Rocamador.
Inicialmente albergando pobres dos dois sexos, após a
separação, os utentes do sexo feminino, iriam ocupar então as novas instalações.
Em Cima de Vila começou então, por existir um
hospital, que era o Hospital dos Entrevados fundado sob a protecção de
Nossa Senhora do Amparo, que daria origem "cerca de Santo
Ildefonso", ao Hospital das Entrevadas (que já constava de um documento de
1467) e que, em 1855, foi transferido para a Rua do
Regato, hoje Rua das Fontainhas.
Estes hospitais localizavam-se numa artéria, perto de um
campo lavradio, chamado "Campo do Pombal", que corresponde
à actual Praça da Batalha, contíguo à Rua de Cima de Vila. A pequena artéria
ainda hoje existe com o nome de Travessa de Cima de Vila e chamava-se
então, Travessa dos Entrevados.
O Hospital dos Entrevados sofreu obras de vulto em 1639 e
ainda funcionava aqui em 1838
porque, neste ano, a Câmara do Porto atribuiu-lhe "meia pena de
água" que devia ser retirada do aqueduto" que passa de trás da capela
(era a capela de Nossa Senhora da Batalha) junto ao mesmo
hospital...".Edifício onde esteve o Hospital dos Entrevados, na esquina da Rua de Cima de Vila (pela esquerda) e Travessa de Cima de Vila (pela direita)
Em 1891, o edifício estava em ruínas e é transferido para a zona da Sé, para trás da
Catedral onde funcionaram as oficinas de S. José e depois de ter passado pelo
Estabelecimento Humanitário do Barão de Nova Sintra, acaba nos chamados Hospitais Menores pelo qual é conhecido
o Asilo de S. Lázaro.
Em 1897, a proprietária do edifício do antigo Hospital dos Entrevados, em Cima de Vila, de seu nome Maria Nogueira, solicita licença para instalar nele uma padaria e um andar de habitações.
Além dos acima
citados hospitais, existiram ainda:
O Hospital dos
Clérigos, na Rua Escura;
Hospital dos Palmeiros – Desenho de J. Villanova em 1833
Na gravura acima vê-se Capela e Hospício de S. Crispim, sendo este também conhecido por Hospital
dos Palmeiros.
O Hospital dos
Palmeiros ao cimo da Rua das Congostas que já existia em 1398, administrado
pelos sapateiros e anexado a um outro que eles já detinham (a capela anexa aos
Palmeiros ficava ao cimo da Rua Nova de S. João, em frente da Calçada
de S. Crispim, vulgarmente Calçada de S. Domingos com entrada
pela Rua
da Biquinha por onde corria o Rio da Vila);
O Hospital da Tareija
Vaz Daltaro para mulheres pobres na Rua da Bainharia;
O Hospital de S. João
Baptista, da confraria da nossa Senhora da Silva na Rua do Souto;
O Hospital do
Espírito Santo e Albergaria do Remoynho em Miragaia, dos marinheiros e pilotos e de apoio aos mareantes.
Foram três senhoras benfeitoras, de quem se desconhecem os
nomes, que fundaram o hospital tendo ainda doado o terreno, onde o hospital foi
construído como era seu desejo, tendo ficado o mesmo concluído em 1443, mas,
julga-se que a capela adstrita, já existiria em 1405 quando começou a ser
construído, pelo que, teria nesta óptica, demorado 38 anos a ser levantado.
Naquela capela assentaria lugar a Confraria do Espírito
Santo de S. Pedro de Miragaia que constituiria um compromisso das gentes do
mar, e além da vertente religiosa e assistencial, também promoviam o espírito
de grupo entre os seus membros, estando estes objectivos, consignados no
respectivo compromisso.
“A administração do
hospital do Espírito Santo foi, entregue inicialmente, a um frade do convento
de S. Domingos de nome Frei Vasques Anes.
No documento da
fundação lê-se que se destinava a agasalhar
pobres, peregrinos, envergonhadas e caminhantes.
Certo é que os
dominicanos, por qualquer razão desconhecida, cedo deixaram de administrar o
dito hospital.
É opinião de alguns,
que, em 1450 (quando ainda não existiam mosteiros no Porto) um abade de
nome Afonso Martins assinou o título paroquial que trespassava aos mareantes de
Miragaia a administração deste hospital, passando este a ser "directamente
dirigido por quem o tinha criado".
Fonte: aportanobre.blogspot.pt
Miragaia – Ed. aportanobre.blogspot.pt
Na foto acima, muito antiga, seguramente de meados do século
XIX, assinalada com o rectângulo laranja está a capela do Santo Espírito.
“A administração estava confiada à Confraria
dos mareantes. A sua finalidade seria a de socorrer os pobres da freguesia,
pois os de fora só poderiam estar lá 3 dias. Tinham, ainda, obrigação de dar
sepultura condigna aos cadáveres que chegavam nas águas do Douro. Era uma das
instituições mais ricas da cidade, pois recebia avultadas dádivas e testamentos
de ricos mareantes. Na praia de Miragaia havia estaleiros navais que pagavam
por cada “assento” de
navios que aí construíam. Tinha também muitos devotos que ofereciam esmolas e
rendimentos de prédios de sua propriedade. Em meados do séc. XVII o hospital
foi anexo ao Hospital de Santa Catarina na Rua da Reboleira”.
Fonte: portoarc.blogspot.
Do conjunto ainda resta, hoje, algo da capela que já foi
Museu e teve à sua guarda, entre outras peças valiosas, o tríptico de
Pentecostes ou do Espírito Santo.
Tríptico de
Pentecostes
“O Tríptico, flamengo, do Espírito Santo foi
encomendado em 1515 por um cidadão chamado João de Deus, que o ofereceu à
Confraria. Diz-se que o personagem ajoelhado, que se vê no volante esquerdo do
tríptico, será o retrato do próprio doador. Também há quem afirme que o retrato
será o de outro João de Deus e que o Tríptico terá sido pago com dinheiro
deixado em testamento por este, embora encomendado pelo primeiro, que terá
mandado pintar o retrato do João de Deus falecido, em sua homenagem. Esta obra
notável encontra-se actualmente no Museu de Arte Sacra da Confraria do Espírito
Santo, ao lado da Igreja de S. Pedro de Miragaia”
Fonte: portoarc.blogspot.
Capela do Santo Espírito
A construção da foto acima, é o que resta da capela do Santo
Espírito do hospital da confraria do Espírito Santo.
Foi reedificada em 1802 e as duas torres que lhe pertenciam
demolidas por ameaçar ruína e serem desnecessárias, presumindo-se que estas,
fossem as casas do hospital.
Acesso actual à capela
O Hospital do Santo Espírito estava ligado à Igreja de S.
Pedro de Miragaia, notando-se ainda paredes e caminhos, na foto acima;
O Hospital de S. João
Baptista, por sua vez, começou por funcionar em Cima de Vila, de onde
transitou para a Rua do Souto, no começo da actual Rua dos caldeireiros.
Confraria de Nossa Senhora da Silva
Interior da Capela da Senhora da Silva
Era a Confraria da Nossa Senhora da Silva na Rua dos
Caldeireiros, dos ferreiros e anzoleiros que administrava o hospital de S. João
Baptista e ainda os hospitais de Santiago, de Santa Catarina, tendo a confraria
reunido em 1685, num só hospital as suas instituições de assistência na Rua de
Trás com comunicação para a sede da irmandade na Rua dos Caldeireiros.
O hospital de Santiago funcionava, principalmente, como
albergaria para apoio aos peregrinos e tinha como obrigação "dar camas boas e limpas em que se possam
albergar nove desses peregrinos aos quais serão dadas rações de entrada e
saída, e lume, água e sal quanto lhes fizer mister".
A capela da confraria situava-se num 1º andar e prestava
culto a S. João Baptista e Santa Catarina, os santos da devoção de cada um dos
hospitais.
Em tempos (começo do século XX) teve existência o Hospital de Santa Clara, anexo ao convento do mesmo nome.
Hospital de Santa Clara
A Torre de Pedro Sem,
em 1486, também passaria a funcionar esporadicamente como hospital, em virtude da peste
que começou na Rua das Taipas.
Outros Estabelecimentos
Hospitalares
Os Hospitais dos
Lazáros e os Hospitais das Ordens
Terceiras (sempre pugnaram por ter o respectivo hospital associado) foram sempre,
uma referência na assistência na saúde.
A notícia mais antiga que se conhece sobre a actividade de
uma gafaria dá-a como tendo funcionado, já em 1247, na Ribeira onde hoje está a
igreja de S. Nicolau. Só no século XIV se fez a transferência do hospital para
a parte de fora das muralhas com a fundação de uma ermida e hospital que tomaram
como padroeiro S. Lázaro e que já não existem. Daí adveio o nome ao local que
abrangia o actual jardim e artérias circundantes. Uma descrição desses sítios
dos meados do século XIX diz-nos que «o
campo ou terreiro de S. Lázaro, em frente da capela e da gafaria, se
assemelhava a um vulgar largo de feira em terra provinciana…».
Manuel de Passos Castro, que foi tesoureiro-mor da Colegiada
de Cedofeita, morreu em 1718. No seu testamento legou uma avultada soma em
dinheiro à Santa Casa da Misericórdia para que esta instituição mandasse
construir um recolhimento destinado a meninas órfãs e pobres, «de boas famílias…». A Misericórdia
aceitou a incumbência e deu cumprimento à vontade do clérigo mandando erguer,
no local onde antes estivera a capela e gafaria de S. Lázaro, a igreja e o
Recolhimento de Nossa Senhora da Esperança, obra de Nasoni.
Hospital dos Lázaros
Em 1850 a doença da lepra não possuía, no Porto, a dimensão
que atingira durante a Idade Média. Mas ainda era considerada um verdadeiro
flagelo. E para o combater a Santa Casa da Misericórdia do Porto mandou
construir, na Rua das Fontainhas, o hospital dos Lázaros e das Lázaras,
destinado a recolher os portadores da doença. No edifício funcionaram depois os
hospitais menores de que aquela instituição era administradora. Tudo feito em
terrenos que, no século XVII, pertenciam a uma propriedade chamada Quinta de S.
Lázaro.
Asilo de S. Lázaro ou Hospitais Menores
Hospitais dos
Ingleses
A numerosa comunidade britânica teve, desde cedo, as suas
estruturas hospitalares próprias.
O hospital dos
Ingleses (1) junto à Porta dos Banhos
Na gravura acima, de
Teodoro de Sousa Maldonado (1789) vê-se, ao lado da Porta dos Banhos, o
primeiro hospital inglês no Porto, conhecido como o Hospital dos Marinheiros
Ingleses, que hoje situaríamos no parque auto da Alfândega.
O hospital que ficava na Porta dos Banhos, acabou por ser demolido e
transferido para a zona de Monchique, mais propriamente, para a Rua da
Bandeirinha.
Após a confluência da Rua Monte dos Judeus com a Rua da Bandeirinha, subindo esta, encontrávamos pelo lado direito, um pouco mais à frente, a entrada, por um portão, para o British Hospital, ao qual se seguia um outro pertencente à colónia inglesa, cuja propriedade, toda murada, em meados do século XIX, era de José Maria Ribeiro Valente.
Foi médico-director do hospital dutante muitos anos o conhecido, à época, Dr. Rodrigo Albano de Magalhães.
Descendo, pela esquerda, se ia para o British Hospital, à Bandeirinha
“…fundado em casas e terrenos de José Maria
Rebelo Valente, tinha farmácia privativa, claro que dirigida por um
farmacêutico inglês, e era dedicado exclusivamente aos súbditos de Sua
Majestade Britânica. Só que a colónia inglesa aqui residente tinha sólidos
meios de fortuna. Dai que o Hospital só servia ocasionalmente algum marinheiro
inglês que viesse doente em barco por cá arribado ou que por cá adoecesse. Um
remansoso local, com óptimas vistas sobre o Douro e Gaia, não dava para manter
muito tempo os doentes.”
Fonte: Júlio Couto, In "Guia de Miragaia”
Hospital Joaquim
Urbano
Em frente à Capela do Senhor Jesus da Boavista, no antigamente chamado
Montebelo, próximo do cruzamento da actual Rua de Barros Lima e a Avenida
Fernão de Magalhães, fica o Hospital Joaquim Urbano, mandado levantar no fim do
séc. XIX por Ricardo Jorge, como provisório, mas que se tornou definitivo. Teve
o aparecimento desta unidade de saúde, a ver com uma decisão preventiva contra
uma epidemia de cólera que grassou na Europa, mas que acabou por não nos
atingir.
O Hospital de Joaquim Urbano foi, então, fundado em 1884, com o fim de
isolar e tratar doentes com cólera, pois, na França e Espanha grassava a tal epidemia
e temia-se que ela chegasse a Portugal.
Tinha então o nome de Goelas de Pau.
O Hospital Joaquim Urbano começou por ser Hospital do Senhor do Bonfim
em 1899 com administração da Santa Casa da Misericórdia e acabou,
inesperadamente, nesse ano, por ser totalmente ocupado com os doentes que foram
alvo da peste bubónica que entretanto surgiu.
Ricardo Jorge, o responsável-mor do Reino na Área da Saúde, acabaria
por nomear Joaquim Urbano para director do estabelecimento, no início do século
XX, sucedendo-lhe como director, de 1915 a 1951, o Dr. Álvaro Pimenta.
Nele se instala um laboratório bacteriológico dirigido pelo Prof. Sousa
Júnior, que entretanto elaborara uma valiosa tese de Anatomia Patológica com o
estudo das peças obtidas em doentes de peste bubónica. Este laboratório é
anexado em 1915 à Faculdade de Medicina, embora continue sedeado nas Goelas de
Pau e entregue ao Prof. Carlos Ramalhão que, em 1917, passa a catedrático de
Bacteriologia.
O hospital tomaria o nome de Joaquim Urbano, após a morte deste médico,
em 1914, tendo, no entanto, ele sido mais conhecido por Goelas de Pau, nome que
advém da alcunha do proprietário (Francisco Peixoto da Gama, natural de
Bragança) que deu ainda, por essa via o nome à quinta (Quinta do Goelas de Pau)
e que seria conhecida também como Quinta do Fojo, nos terrenos da qual foi
instalado.
A propriedade em questão pertencia, então, a um tal Francisco Alves
Peixoto da Gama, um bem-sucedido industrial de seda que, por meados do século
XVIII, se fixara naquela zona do Bonfim. Era oriundo de Chacim, terra
transmontana do concelho de Bragança, onde a indústria da seda teve um grande
desenvolvimento.
Francisco da Gama era um homem de elevada estatura,
"esgalgado", com um pescoço muito alto e, por causa destas
características, o povo tratava-o pelo apelido do "Goelas de Pau",
denominação que também era dada à sua propriedade. E o hospital, por tabela,
apanhou a mesma designação.
Outros autores dizem que o estranho topónimo, seria devido a canais em
madeira (pau) que serpenteavam entre os socalcos da elevada quinta e que
transportavam a água de irrigação dos terrenos.
João G. O. Torres, apreciado cronista do Porto, em artigo que publicou
na revista "O Tripeiro" de Setembro de 1910, evoca a quinta, a casa e
o mirante do Goelas de Pau nestes termos:
"conheci bem
(o mirante e a quinta) na minha meninice. Era por esse tempo uma velha e arruinada
casa, assim a modos de propriedade sem dono e abandonada. No deplorável estado
de ruína em que jazia, tinha criado em volta de si a tradição de mistério
entre o povo como um lugar onde habitavam bruxas e espíritos malignos, pelo
que ninguém se aproximava do sítio sem que não fosse, como costuma dizer-se,
com o credo na boca".
Casa da Quinta do Goelas de Pau e respectivo mirante c. 1910 - Ed. JN
Em 2016 os serviços hospitalares prestados pelo hospital Joaquim Urbano
seriam transferidos para o hospital de Santo António, aguardando-se pelo
anúncio do destino que será dado às instalações abandonadas.
O “Goelas de Pau” deixou de existir!
Hospital-Sanatório
Rodrigues Semide
Manuel José Rodrigues Semide, natural da freguesia de
Semide, concelho de Miranda do Corvo, nasceu em 24 de Abril de 1825. Era filho
de José Rodrigues Novo e D. Antónia Rodrigues da Conceição. Casou com Adelaide
Augusta Pinto de Faria Semide e não teve descendentes.
Legou a sua fortuna à Santa Casa da Misericórdia do Porto
para construção de um sanatório de doentes tuberculosos no Porto, quando a
tuberculose era uma terrível enfermidade que, por todo o lado e todos os anos,
fazia milhares de vítimas.
Faleceu em 1910.
No entanto, a sua vontade só foi possível ser satisfeita
dezasseis anos depois, quando o hospital foi inaugurado em 1926, não por
incúria da Instituição, mas tão-somente pela instabilidade da época e, porque
entretanto, se iniciara a 1.ª Grande Guerra.
O hospital foi levantado nos terrenos da denominada Bouça de
Currais, que por escritura celebrada em 14-10-1914, foi comprada pela Santa
Casa a D. Maria Augusta dos Santos Fontes e seus filhos, pela quantia de
10.000$00.
Em 1976, o Sanatório Rodrigues Semide passou à
administração do Estado, que o geriu até 1989.
Edifício principal do Hospital Rodrigues Semide
Pavilhões do sanatório
No ano lectivo de 1991/92, a Universidade Lusíada
instalou-se na Quinta do Semide, onde funcionava o antigo Hospital Rodrigues
Semide, local onde se encontra até hoje.
Instalações anexas ao edifício principal do Hospital Rodrigues Semide e capela
A Universidade viu-se obrigada a fazer remodelações ao longo
dos anos, visto que o estado dos edifícios era muito precário.
Hospital Geral de
Santo António
O Hospital Geral de Santo António, antigamente Hospital Real
de Santo António, localiza-se na freguesia de Miragaia.
O Hospital Geral, Central e Universitário, é responsável pelo
ensino do Mestrado Integrado em Medicina do Instituto de Ciências Biomédicas
Abel Salazar (ICBAS) da Universidade do Porto. Apesar de instalado em um
edifício de grande valor histórico e arquitectónico, é um dos mais modernos e equipados
hospitais do país, sendo uma referência de qualidade na prestação de cuidados
de saúde.
Fachada principal
Na segunda metade de setecentos, o Hospital de D. Lopo já
não era suficiente para recolher os doentes que, de toda a cidade e arredores,
a ele acorriam.
Em 1769, o arquitecto inglês John Carr conclui o projecto do
novo Hospital Real de Santo António, encomendado pela Mesa da Misericórdia. No
ano seguinte, a 15 de Julho, foi benzida e lançada a primeira pedra. O projecto
não chegou a executar-se sequer em metade, pois era de uma grandiosidade
extraordinária. Em 1799 estava terminado o corpo sul, que foi ocupado por 150
mulheres doentes provenientes do Hospital de D. Lopo.
Entretanto o Hospital D. Lopo só encerraria definitivamente
em 1824.
Nesta época, além do Hospital de Santo António, a
Misericórdia tinha à sua responsabilidade outros hospitais:
- Hospital de D. Lopo, na Rua das Flores;
- Hospital dos Entrevados, em Cima de Vila;
- Hospital das Entrevadas, junto à igreja de Santo Ildefonso;
“Começado a construir
em 15 de julho de 1770 em terrenos vagos, na época, nos arrabaldes da cidade, o
Hospital de Santo António é o mais paladiano dos edifícios portugueses, projeto
do arquiteto inglês John Carr. Desenvolve-se em vários andares, de modo sóbrio,
simples e simétrico, mas com volumes bem definidos animando a superfície.
Possui arcada e aparelho no piso térreo, formando um embasamento. Corpo central
com colunas, simulando um templo clássico, ladeado por vários corpos que
avançam e recuam até aos torreões nas esquinas. O primeiro piso é recuado,
possuindo varanda e balaustrada, lateralmente ao corpo central, com várias
portas coroadas por frontões triangulares e curvos. A decoração é muito
resumida, limitando-se a algumas (poucas) esculturas, urnas e elementos
arquitetónicos clássicos.
O arquitecto previra a
construção das paredes em tijolo. Porém, ignorando esse pormenor, os
executantes fizeram-nas de granito. As obras foram, por isso, muito demoradas e
dispendiosas. Segundo o projecto de Carr o edifício seria quadrangular e de
quatro fachadas, de 172,26 metros as situadas a oeste e a este e de 177,54
metros, as de norte e sul, ocupando uma área total de 29.721 metros quadrados.
No meio do pátio ficaria a capela, de planta circular no interior e
quadrangular exteriormente, tendo de lado 29,26 metros, com um zimbório, 32
colunas e 4 estátuas. Tudo ficou, no entanto, só em projecto, devido às
disponibilidades limitadas. O edifício ficou assim com planta em U por não se
ter executado a fachada poente e haverem sido encurtados os corpos do norte e
do sul”.
Fontes – Sites: monumentos.pt; pt.wikipedia.org
Fachada Sul e construção
de muro de suporte da Rua da Restauração – J. Villanova 1833
Pormenor da planta de José Francisco de Paiva c. 1822 (antes
de 1824), onde está salientada com o contorno a amarelo, a parte do edifício
projectada
Por ter sido erguido em terrenos alagadiços as dificuldades encontradas
ao longo da sua construção foram imensas, levando ao aparecimento de um coro de
críticas de vários sectores da sociedade civil.
Em 1872 em “As
Farpas” Ramalho Ortigão retoma as críticas ao Hospital de Santo
António.
“Collocado na depressão de duas encostas, cujas vertentes
se empoçam no ponto em que elle está construído, o hospital de Santo António do
Porto assenta n’um pântano. Em 1868 tratando-se de estabelecer ali uma
lavanderia, abriu-se um poço na cerca do edifício. O relatório oficial d’esta
obra diz que a 16m,28 o poço produzia 54 pipas d’agua em vinte e
quatro horas!
Os alicerces do edifício, imensa mole de granito, com
abobadas e paredes de três metros de espessura, - mergulham-se
em agua através de oito metros de entulho poroso e movediço. As águas
subterrâneas, em virtude da pressão e da capillaridade, sobem pelas paredes
junctamente com as exalações da drenagem e evaporam-se em
miasmas aquosos e pútridos dentro do edifício. Tem este hospital por vizinhança
íntima, os seguintes estabelecimentos: o quartel da guarda municipal, o mercado
de peixe, o hospital do Carmo e as cadeias da relação. Está a cavaleiro do rio,
cujos nevoeiros letaes o envolvem e penetram. De resto no coração da cidade”.
Fonte:
“doportoenaoso.blogspot.pt”
“Neste hospital
começou o ensino da medicina no Porto, cujas origens foram a Régia Escola de
Cirurgia, instituição criada em 1825, ao mesmo tempo que a congénere de Lisboa.
A criação da instituição destas escolas era assim justificada:
“Sendo indispensável e
da mais absoluta necessidade que os Cirurgiões adquiram os precisos
conhecimentos para bem e dignamente prehencherem, e com publica utilidade, os
empregos de Cirurgiões no Exército e na Armada; assim como para poderem
socorrer os Povos, tanto nos lugares onde não existirem Medicos, como naqueles
cujo número não for sufficiente para ocorrer
a todas as affecções do seu foro”.
Depois de ter aberto
as portas pela primeira vez a 25 de Novembro de 1825, a Escola funcionou com
normalidade durante dez anos, no Hospital da Misericórdia (depois Hospital de
Santo António).
Em 1836, uma
reorganização do ensino médico, que procurou melhorar “não só com proveito do
ensino público, mas também com utilidade dos hospitais de ambas as cidades”,
resultou numa reforma das escolas de cirurgia do Porto e na consequente criação
da Escola Médico-Cirúrgica do Porto.
Entrada da Régia Escola de Cirurgia (fachada principal do
hospital)
A Escola Médico-Cirúrgica do Porto sucedendo à Régia Escola de Cirurgia com existência desde 1825, foi então criada em 1836,
funcionando no interior do Hospital de Santo António e só, em 1883, se irá
instalar no edifício próprio junto ao quartel da Guarda no antigo convento do
Carmo.
Em 1884, uma gravura mostrando o Observatório Meteorológico da Escola Médico-Cirúrgica (elevando-se do telhado)
e a estátua de Hipócrates; ao longe, em simetria, a estátua de Galeno - Fonte: Hemeroteca de Lisboa
Escola Médico Cirúrgica, junto do convento dos carmelitas c.
1900
“Em 1888, uma simples
vendedeira do mercado do Anjo, levou para casa uma mulher muito pobre e doente
que se encontrava na rua. A partir daí, a simples vendedeira continuou a
recolher pessoas no mesmo estado, mas vendo-se sem recursos para ajudar toda a
gente, decide pedir auxílio às Irmãs Franciscanas de Calais.
As Irmãs acabaram por
aceitar recolher os enfermos numa casa de arrendamento na rua da Bandeirinha,
designando-a de Hospital de Nossa Senhora de Lurdes, destinado a pessoas
idosas, pobres e vítimas de doença.
Em maio de 1897 a
Congregação, adquiriu um terreno na rua de Camões, por dois contos de réis,
onde mandaram construir um edifício para instalar o Hospital de Santa Maria, algo
concretizado entre 1900 e 1901”.
In ” PortoDesaparecido-facebook”
Hospital de Santa Maria - Fonte: ” PortoDesaparecido-facebook”
“Em 1924 o Hospital assina o primeiro contrato com a
Companhia Mutual do Norte, que foi posteriormente seguida por outras
seguradoras e em 1929 são instalados aparelhos de Raios x para radiodiagnóstico
e são criados os serviços de radiologia, diatermia e fisioterapia.
Em 1931 a
instituição passa a dispor de luz elétrica, incluindo as arrecadações e
lavandarias e em 1941 o Hospital passa a dispor de serviços de radiologia,
oftalmologia, ginecologia e obstetrícia, urologia, ortopedia e cirurgia geral
Os primeiros
passos para a abertura da Escola de Enfermagem, são dados em 1942, o que veio a
acontecer com a Instituição do Curso para Auxiliares de Enfermagem em 1952 e do
Curso Geral de Enfermagem Geral em 1954.
Nos três últimos
anos da década de 50, o Hospital renova mais uma vez as suas
instalações: construção de um Pavilhão para Senhoras, do Pavilhão da Sagrada Família
com oito quartos e de uma nova sala de operações dotada de modernos
equipamentos e instrumentos cirúrgicos, incluindo um amplificador de imagem.
Construção da A Escola Superior de Enfermagem é finalmente
construída em 1960, junto do Hospital.
Actualmente o
Hospital conta com sete pavilhões de internamento e um total de 179 camas, 6
salas de bloco operatório, 44 gabinetes de consulta, um Serviço de
Esterilização, um Serviço de Medicina Física e Reabilitação, um Serviço de
Imagiologia e um Serviço de Atendimento Médico Permanente. Recebe diariamente
2.000 pessoas para consultas, cirurgias e exames, e realiza anualmente 6.000
cirurgias, 97.000 consultas e 155.000 exames de diagnóstico”.
Fonte – Site: hsmporto.pt
Hospital do Conde de Ferreira
A Cruz das Regateiras
ficava num largo fronteiro ao Hospital de Conde Ferreira, actual Largo da Cruz.
Foi em terras do casal do Vale, da Quinta do Paço, chamada também
Quinta da Cruz das Regateiras que foi comprada uma área de 12 hectares, onde se
construiu, por iniciativa do conde de Ferreira, Joaquim Ferreira dos Santos,
nascido em 1782, em Azevedo, Campanhã, o hospital dos alienados que, mais tarde,
tomou o nome daquele titular e que seria levantado com o remanescente da
herança, (600 contos de réis), deixado em legado por aquela personalidade.
Depois de várias peripécias, o Hospital do Conde de Ferreira seria
inaugurado em 24 de Março de 1883.
Uma estátua do Conde Ferreira, da autoria de Teixeira Lopes, pai, (José
Joaquim Teixeira Lopes) esteve, inicialmente, sobre a frontaria do hospital.
Em 1908, foi apeada para um plinto colocado em frente do edifício,
tendo, o lago que aí se encontrava, sido levado para junto de arruamento na
lateral norte do edifício.
Hospital do Conde de
Ferreira
Na foto anterior é
possível ver o pequeno lago redondo e a estátua do conde por cima do frontão.
Hospital do Conde de
Ferreira
Na foto acima, a estátua está onde antes estava o lago, entretanto,
removido.
O lago está hoje num
outro arruamento lateral
O primeiro director
do hospital foi António Maria Sena, que se notabilizaria como médico e ainda
como político e, a quem se fica a dever, a publicação da primeira lei
psiquiátrica.
Outras figuras
notáveis na área da psiquiatria como o director Júlio de Matos ou Magalhães
Lemos que tinha sido contratado para exercer funções como médico no hospital,
por aí passaram.
Casas na Rua da Cruz
As três casas da
foto acima de 1900 estavam situadas na Rua da Cruz em frente ao hospital do
Conde de Ferreira e destinavam-se ao alojamento do pessoal superior do
hospital, inclusive para o seu administrador.
Foram estas casas
demolidas depois de várias décadas de abandono e degradação e hoje só resta a
fachada suportada por escoras.
Até à construção, a
Sul do hospital, da Avenida D. João II e da Via de Cintura Interna, que lhe
sucederia, esses terrenos eram do logradouro do hospital que possuía, ainda,
uma extensa bouça que se estendia pela área onde hoje está o clube “Estrela e
Vigorosa Sport” e que, em 1910, era um campo de tiro do “Élite Sport Club”.
Pela área ajardinada,
em primeiro plano, passa agora a Via de Cintura Interna
Em 1904, é construído um pavilhão para alojar alienados criminosos e,
em 1907, um outro para doentes agitados.
Em 1976, acontece a nacionalização do Hospital de Alienados do Conde de
Ferreira e, em 2002, dá-se a transferência da tutela do Estado para o da Santa
Casa da Misericórdia do Porto das instalações do Hospital e dos cerca de 300
doentes residentes, passando de Hospital do Conde de Ferreira a ser Centro
Hospitalar Conde de Ferreira.
Sanatório Marítimo do Norte e Clínica Heliantia
O Sanatório Marítimo do Norte foi um sonho tornado realidade do médico Joaquim Gomes Ferreira Alves.
“Com projeto do arquitecto Francisco de Oliveira Ferreira, foi fundado por Joaquim Gomes Ferreira Alves, sendo inaugurado em agosto de 1917. O sanatório estava vocacionado à época para o tratamento de diversas doenças, nomeadamente a tuberculose, pelo aproveitamento dos efeitos benéficos da água do mar (talassoterapia) e da luz do sol (helioterapia).
“Com projeto do arquitecto Francisco de Oliveira Ferreira, foi fundado por Joaquim Gomes Ferreira Alves, sendo inaugurado em agosto de 1917. O sanatório estava vocacionado à época para o tratamento de diversas doenças, nomeadamente a tuberculose, pelo aproveitamento dos efeitos benéficos da água do mar (talassoterapia) e da luz do sol (helioterapia).
Em 1978, por doação
efetuada pelo filho do fundador, Dr. Álvaro Ferreira Alves, transitou para a
posse do Estado, condicionada à integração do pessoal nos quadros da função
pública e à utilização do espaço para instalação de equipamentos de saúde. A
partir dessa data deixou de funcionar, sendo posteriormente cedido à Associação
S. João de Deus, ligada ao Presidente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses
e para efeito de ali instalar um equipamento de apoio a enfermeiros
aposentados, o que também nunca se concretizou, limitando-se o seu uso a servir
como residência para o presidente daquele Sindicato e sua família, o que
motivou diversas ações judiciais que culminariam com a cessação da cedência.
Sem ocupação, o
edifício foi-se degradando, situação que só foi travada com a decisão
governamental de instalar ali o Centro de Reabilitação Física do Norte. A
cerimónia de lançamento da "primeira pedra" desta nova fase teve
lugar em 26 de junho de 2010”.
Fonte: “pt.wikipedia.org”
O arquitecto Francisco de Oliveira Ferreira tem o seu nome também ligado ao Café Brasileira, Clube Fenianos Portuenses e Câmara Municipal de V. N. de Gaia, entre outros.
O arquitecto Francisco de Oliveira Ferreira tem o seu nome também ligado ao Café Brasileira, Clube Fenianos Portuenses e Câmara Municipal de V. N. de Gaia, entre outros.
“Joaquim Gomes
Ferreira Alves nasceu no Porto a 9 de abril de 1883. Entrou na Escola
Médico-Cirúrgica do Porto em 1904.
Em 1911, apresentou a dissertação de licenciatura, intitulada “A helioterapia no tratamento da tuberculose”, à Faculdade de Medicina do Porto.
Defensor da helioterapia como tratamento de numerosas doenças, foi Diretor Clínico da Colónia Sanatorial Marítima da Foz do Douro, onde se recolhiam crianças das escolas municipais com problemas de saúde.
Fundou em 1917 o Sanatório Marítimo do Norte, em Valadares, Vila Nova de Gaia, que funcionava como uma instituição de beneficência onde se tratavam sobretudo crianças pobres, afetadas por tuberculose e raquitismo.
Em 1930 criou a Clínica Heliantia, na mesma localidade e também dedicada, entre outras enfermidades, ao combate da tuberculose através da terapêutica helio-marítima, seguindo o modelo de uma clínica suíça.
Faleceu em Francelos em 10 de novembro de 1944, no mesmo acidente de automóvel que vitimou o Dr. Pedro Vitorino”.
Em 1911, apresentou a dissertação de licenciatura, intitulada “A helioterapia no tratamento da tuberculose”, à Faculdade de Medicina do Porto.
Defensor da helioterapia como tratamento de numerosas doenças, foi Diretor Clínico da Colónia Sanatorial Marítima da Foz do Douro, onde se recolhiam crianças das escolas municipais com problemas de saúde.
Fundou em 1917 o Sanatório Marítimo do Norte, em Valadares, Vila Nova de Gaia, que funcionava como uma instituição de beneficência onde se tratavam sobretudo crianças pobres, afetadas por tuberculose e raquitismo.
Em 1930 criou a Clínica Heliantia, na mesma localidade e também dedicada, entre outras enfermidades, ao combate da tuberculose através da terapêutica helio-marítima, seguindo o modelo de uma clínica suíça.
Faleceu em Francelos em 10 de novembro de 1944, no mesmo acidente de automóvel que vitimou o Dr. Pedro Vitorino”.
Fonte: “balcaovirtual.cm-porto.pt”
“ (…) Foi neste
contexto que surgiram em Vila Nova de Gaia o Sanatório Marítimo do Norte (1917)
e a Clínica Heliantia (1930), vocacionados para o tratamento da tuberculose
óssea, apoiado na cura pelo sol, ar do mar e dos pinhais envolventes e na
disciplina médica. Estes factores fizeram com que este conjunto de edifícios se
localizasse numa zona relativamente isolada, nas proximidades da praia, no meio
do Pinhal de Francelos, freguesia de Valadares . A construção e fundação deste
conjunto foram promovidas pelo médico Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves
(1883-1944), sob influência do médico suíço Dr. Auguste Rollier (1874-1954) e
auxílio do benemérito Manuel Pinto de Azevedo. O projecto de ambos os edifícios
é da responsabilidade do arquitecto Francisco de Oliveira Ferreira
(1884-1957)3, tendo contado com a colaboração do construtor Domingues de
Almeida e de Bernardo Moreira de Sá no projecto das lajes dos pavimentos do
Sanatório e Domingues de Almeida na Clínica. O projecto das estruturas da
Heliantia foi da responsabilidade do Engenheiro Civil José Praça”.
Fonte: Mestre Nuno Ferreira
Sanatório Marítimo do Norte em 1917
Sanatório Marítimo do Norte em 1917
Centro de Reabilitação Física do Norte e antigo sanatório
Clínica Heliantia – Fonte: Arquivo Histórico Municipal, CMP
Durante os anos 70, a clínica foi comprada pelo BPA (Banco Português do Atlântico) à Família Pinto de Azevedo e readaptada pelos arquitetos Manuel Magalhães e F. Abrunhosa de Brito para albergar o IESF (Instituto de Estudos Superiores Financeiros e Fiscais).
Joaquim Gomes Ferreira Alves, médico visionário, maçon, e
benemérito, muito querido da população gaiense, morreu de forma trágica no dia
10 de Novembro de 1944, num acidente viário resultante da colisão do seu
automóvel com um comboio de mercadorias, na passagem de nível de Francelos. O
acidente também vitimou Pedro Vitorino, colaborador e amigo do médico desde os
tempos da Academia Politécnica, que com ele viajava, quando ambos se dirigiam à
Clínica Heliântia.
Este desastre provocou que a passagem de nível em Francelos fosse eliminada.
Este desastre provocou que a passagem de nível em Francelos fosse eliminada.
O pinhal de Francelos, acima mencionado, e a praia de
Francelos sempre foram referenciados como locais de excelência para
revigoramento físico, dizia-se, pelos
ares de iodo que, por lá, é possível exalar.
Perspectiva sobre o norte da Praia de
Francelos, c. 1973, com o “BAR SOL”, o seu típico bar de apoio, ao fundo, à
direita, e rio da Velha ou ribeira de Francelos (nasce em Canelas)
Perspectiva sobre o sul da Praia de Francelos, c. 1973, com
as traseiras do “BAR SOL”, o seu típico bar de apoio, em primeiro plano
Mais tarde, em terrenos nas traseiras do “BAR SOL”, muito
frequentado, nomeadamente, por estar dotado de uma muito requisitada “jukebox”,
nasceria o “Iodo” - restaurante,
residencial, café e snack-bar.
Em 1979, foi inaugurada uma discoteca nas instalações do
“IODO”.
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