sexta-feira, 18 de novembro de 2016

(Continuação 4) - Actualização em 07/02/2019

Praça do Infante - Palácio da Bolsa

Praça do Infante 

A Praça do Infante situa-se num terreno de grande declive que pertencia à cerca do convento de S. Domingos, hoje desaparecido.
Comprado pela Associação Comercial do Porto, para que toda a área em frente à sua sede fosse urbanizada, foi entregue à Câmara para que esta promovesse o seu embelezamento. As ruas da Bolsa e de Ferreira Borges (já existentes) e a abertura das ruas de Mouzinho da Silveira (1875) e Nova da Alfândega (1871-75) irão delimitar completamente o espaço. Hoje é uma das praças de melhor traçado do Porto, tendo à sua volta edifícios de grande prestígio que lhe conferem uma monumentalidade ímpar.
No centro encontra-se a estátua do Infante D. Henrique, da autoria do escultor Tomás Costa, em concurso de 1893, ganho em 10 de janeiro de 1894. A pequena figura do infante causou polémica, havendo quem afirmasse que Tomás Costa, apesar de bom artista, ganhou devido à proteção da rainha D. Amélia. Entre os 7 candidatos preteridos estavam Teixeira Lopes e Adães Bermudes.
A primeira pedra foi colocada em 4 de março de 1894, tendo estado presente o Rei D. Carlos.
Foi fundida em Paris e ela apresenta o infante, vestido de guerreiro, a apontar para além-mar, tendo sido inaugurada em 19 de Outubro de 1900, nas comemorações do 5º centenário do seu nascimento.



Palácio da Bolsa 

Na actual Rua do Infante, chamada Rua Formosa no tempo de D. joão I, funcionou a primeira Bolsa.

“D. João I sempre teve uma relação especial com a cidade do Porto. Quando morreu D. Fernando e apenas deixou como descendente uma filha casada com o monarca espanhol, D. João filho bastardo de D. Pedro I e de uma dama galega Teresa Lourenço, assumiu-se como Mestre de Avis e como Regedor e Defensor do reino. Aqui no Porto foi aclamado pelo povo, tendo indicado Álvaro da Veiga para ser portador da bandeira da Câmara e ir pelo burgo aclamando o Mestre de Avis. Homem calculista e titubeante foi face às suas objecções à proposta “feito em postas”, sabendo-se que o seu sucessor Afonso Anes, mal soube do que ia ser incumbido, ter deitado sem demora “pés ao caminho”.
Texto de anónimo

Em 1385, mal foi aclamado rei nas cortes de Coimbra, onde João das Regras teve acção decisiva, D. João retribui com uma visita à cidade e dois anos mais tarde aqui casaria com D. Filipa de Lencastre. Por cá teve o rei morada e aqui viu nascer o Infante D. Henrique.
Em 1331 tinha o Senado (Câmara Municipal) conseguido realizar um acordo com o Bispo D. Vasco Martins, em que este cedia à cidade toda a vasta área do Campo do Olival.
No tempo do rei D. João I, os bispos deixaram de ser os senhores do burgo e a administração da cidade passou a ser exercida pelos próprios munícipes e no tempo de D. ManueI I, o rei atribui foral ao Porto, o foral manuelino de 1517.
Nos inícios do século XV, a pedido dos mercadores portuenses, o monarca cedeu um espaço, para aí ser instalado a primeira Bolsa do Comércio.
Esse local é onde hoje se encontra o prédio nº 47/53, em cujo rés-do-chão existe uma passagem dessa época que ligava à Casa da Moeda, instalada na velha Alfândega e que foi extinta e transformada em celeiro por Filipe I.
O Palácio da Bolsa ergueu-se na zona onde existia o Convento de S. Francisco, que fora destruído por um violento incêndio. A Associação Comercial, tendo decidido ter a sua própria sede deu início ao processo em 1839, obtendo-se a necessária autorização para a sua construção em 1840. Uma vez consumada oficialmente a posse do edifício conventual em 1841, foi lançada a primeira pedra em 1842.
O projecto do belo edifício neoclássico é da autoria do arquitecto Joaquim da Costa Lima, com modificações posteriores de José Luís Nogueira e outros. Foi inaugurado solenemente em 21 de Novembro de 1891, tendo assistido ao acto o Rei D. Carlos e a Rainha D. Amélia.
A Associação Comercial do Porto é herdeira da Bolsa de Comércio do Século XV e da Juntina, a congregação que nos finais do século XVIII reunia os negociantes do Porto para defesa dos seus interesses e que se reuniam na então Rua dos Ingleses.
Ainda antes do arranque da construção do Palácio da Bolsa a Associação Comercial tinha sido incumbida pelo poder central para juntamente com a Câmara procederem à abertura da Rua Ferreira Borges, o que nunca foi do agrado do município.
As obras para abertura da rua citada, devido a este diferendo teimavam a não avançar.
Em 1840 sendo presidente da autarquia, Francisco da Rocha Soares, as partes em conflito, chegam a um entendimento, ficando a autarquia a ter todas as incumbências na abertura daquela artéria, tendo a Associação entregue ao Município, os terrenos de que era proprietária e onde viria a ser levantada a Praça do Infante.
Exteriormente o Palácio da Bolsa marca a paisagem urbana portuense pela sobriedade e elegância de linhas, representando de forma condigna a arquitectura neoclássica portuense. A sua fachada lateral ostenta uma lindíssima porta de acesso, magnífico exemplar da arte do ferro, idealizado pelo arquitecto Marques da Silva.
No seu interior encontram-se representados grandes vultos das artes plásticas portuguesas dos séculos XIX e XX. Das inúmeras salas evidencia-se, pela sua exuberância decorativa, o Salão Árabe (1862-1880) da autoria do Engº. Gustavo Adolfo Gonçalves de Sousa. Considerada como a sala de visitas do Palácio, aí foram acolhidas figuras como Mousinho de Albuquerque (1890), Gago Coutinho (1918) e Isabel II de Inglaterra (1958).
O Pátio das Nações, assim chamado por figurarem, como tema decorativo principal, as armas dos países com quem Portugal tinha relações amistosas e comerciais à data e, bem assim, o escudo português. Ostentando uma bela estrutura metálica envidraçada, corresponde à área do claustro do Convento de S. Francisco.
A escadaria imponente que nos conduz ao andar nobre é da autoria de Gustavo Adolfo Gonçalves de Sousa. No fecho da abóbada existe uma escultura de Soares dos Reis, a quem também pertencem dois bustos centrais do patamar, enquanto os outros quatro, são da autoria de Teixeira Lopes (pai).
Todas as outras dependências merecem igualmente uma visita cuidada. Porém, destaquemos particularmente: a Biblioteca, com o tecto decorado por António Carneiro; a Sala das Assembleias Gerais, projectada por Tomás Soller; a Sala do Tribunal, com pinturas alegóricas de Veloso Salgado (1899-1903) e cujo mobiliário é assinado por Marques da Silva; e ainda a Sala dos Retratos, com retratos de corpo inteiro dos monarcas portugueses desde D. Pedro IV, e onde pode admirar-se a belíssima mesa dos embutidos, que esteve presente em várias exposições internacionais, da autoria de Zeferino José Pinto.



Quarteirão de S. Nicolau 

Igreja de S. Nicolau

Após a criação da freguesia de S. Nicolau (1583), a ermida existente da invocação de S. Nicolau foi escolhida para sede de paróquia. Uma nova igreja foi construída no mesmo local para substituir a velha ermida, sendo a primeira pedra benzida em 1671 pelo bispo D. Nicolau Monteiro. As obras que se iniciaram no ano seguinte, compreendiam a construção de uma nova capela-mor e duas sacristias, podendo a autoria da respectiva planta pertencer a um dos três maiores riscadores de arquitectura do Porto seiscentista: o Pe. Pantaleão da Rocha de Magalhães, o Pe. Baltasar Guedes ou Gregório Fernandes. Quanto à fachada, de 1675, foi desenhada pelo arquitecto Pe. Pantaleão da Rocha de Magalhães e executada pelo mestre pedreiro Marcos Gonçalves. Em 1675-76 conclui-se o edifício, sendo bispo D. Fernando Correia de Lacerda.
A capela-mor foi construída no sítio onde teria existido a Albergaria de Santa Catarina, provavelmente o mesmo onde se encontrava, antes do século XIII, uma gafaria. Tem-se ainda conhecimento da existência, no século XIV, de uma ferraria no interior deste quarteirão.
A Rua da Ourivesaria ficava nas imediações da igreja e de uma capela muito próxima da invocação de Santo Elói (o padroeiro dos ourives), que aí tinham a sede da sua confraria (Confraria de Santo Elói).
No século XVIII, os ourives ainda por aqui estavam.
A capela-mor do século XVII foi completamente destruída por um violento incêndio em 1758, construindo-se uma nova em sua substituição, que é aquela que hoje podemos admirar. Neste belo espaço encontram-se colocadas em mísulas, quatro imagens (S. Nicolau, Santo Hilário, Santo Agostinho e Santo António) mandadas fazer em Lisboa antes de 1758 e que, pelo seu tamanho e imponência, contribuem significativamente para a grandiosidade do interior. Destaquemos ainda: o magnífico retábulo-mor (1760), da autoria de José Teixeira Guimarães (um dos melhores artistas do rococó portuense), segundo o risco do Padre Frei Manuel Jesus Maria; e os retábulos laterais de Santo Elói (lado da Epístola, datado de 1762-63) e de Nossa Senhora da Conceição (lado do Evangelho, datado de 1763) executados pelos entalhadores José Teixeira Guimarães e Francisco Pereira Campanhã.




Igreja e Convento de S. Francisco


A igreja de S. Francisco é um dos edifícios medievais mais importantes da cidade, tendo pertencido ao antigo convento dos franciscanos, frades que chegaram em 1233 à cidade do Porto. O convento de S. Francisco de religiosos observantes é fundado em 1241, datando desse período uma primitiva construção de proporções modestas, fora dos muros da cidade.
Mais tarde, em 1425, graças à protecção de D. João I, os franciscanos puderam ter uma casa conventual à altura das suas necessidades, no local onde hoje existe em que a igreja actual fazia parte dessa construção.
Os frades franciscanos chegaram, portanto ao Porto em 1233, mas divergências com o Bispo do Porto sobre o local da sua construção só permitiram que o seu primeiro convento fosse terminado em 1241.
Estas graves divergências chegaram ao conhecimento do Papa Gregório IX, que, em 1237, mandou duas bulas, uma para o Bispo do Porto e a outra para o Cabido, ordenando que permitissem aos franciscanos a construção do seu convento.
O primitivo local de culto do convento poderá ter sido a ermida de S. Miguel. A actual Igreja de S. Francisco foi construída entre 1383 e meados do séc. XV, com o apoio de D. João I.
A igreja vai sofrer intervenções pontuais nos séculos seguintes a nível de arquitectura: no interior, refira-se a Capela dos Carneiros (também chamada do Baptismo de Cristo ou de S. João Baptista), mandada construir por João Carneiro e da autoria do arquitecto Diogo Castilho; no exterior, destaque-se o belo portal de finais do século XVII.

“Em 24/7/1832 o convento foi destruído por um violento incêndio, dia em que o exército liberal regressava ao Porto depois da memorável batalha de Ponte de Ferreira”. 
Fonte - Horácio Marçal 

“Em 1841 o convento foi doado pelo governo à Associação Comercial do Porto para a construção do Palácio da Bolsa.
Na igreja de S. Francisco podemos admirar um dos mais belos revestimentos de talha dourada do país que, embora realizado por etapas, nos transmite uma visão de unidade. Aí se encontra o que de melhor produziram os entalhadores e douradores do norte do país, ao longo dos séculos XVII e XVIII, numa sequência de grande qualidade. Se bem que alguns exemplares não estejam ainda identificados (capela-mor, arco cruzeiro, púlpitos), a presença de artistas de grande craveira, como os que vamos mencionar de seguida, faz de S. Francisco um verdadeiro museu da talha dourada portuense.
Na nave do lado do Evangelho encontra-se a Capela de Nossa Senhora da Conceição ou da Árvore de Jessé cuja talha é da autoria de António Gomes e de Filipe da Silva (1718), com a participação do escultor bracarense Manuel Carneiro Adão, a quem caberia a execução das esculturas (1719). A ladear este belo conjunto, acham-se: o retábulo de Nossa Senhora da Rosa, de 1740 (anteriormente designado por Nossa Senhora da Graça) e onde se pode admirar a pintura mural dos inícios do século XV, atribuída a António Florentino, pintor régio de D. João I; e o retábulo de Nossa Senhora do Socorro (antes conhecido por Nossa Senhora do Rosário dos Escravos), de 1743, ambos da autoria do entalhador Manuel da Costa Andrade, segundo o risco do arquitecto Francisco do Couto e Azevedo.
Na nave oposta, do lado da Epístola, encontra-se ao centro a Capela de Nossa Senhora da Soledade, um dos mais preciosos exemplares do rococó portuense, obra de Francisco Pereira Campanhã (1764). A enquadrá-la, dois magníficos retábulos de 1750, da autoria de Manuel Pereira da Costa Noronha: o de Nossa Senhora da Anunciação (antes designado Nossa Senhora da Encarnação) e o dos Santos Mártires de Marrocos.
Estes conjuntos têm um remate condigno no revestimento em talha do tecto da nave central e do transepto, datado de 1732”.
Fontes – Sites: pt.wikipedia.org; monumentos.pt


“Conta-se que em 1233, S. Zacarias, seguidor de S. Francisco de Assis, esteve no Porto, em companhia de outros seus "irmãos", com a finalidade de aqui fundar um convento para os frades mendicantes daquela ordem. A fazer fé no que escreveram os cronistas da época, o povo, "simples e crente" recebeu os franciscanos "de braços abertos, com muita simpatia e a maior disponibilidade para colaborar no que fosse preciso".
E, dentro desse espírito de abertura, houve uma pessoa, de entre as muitas pessoas que assim pensavam, um cidadão honesto e abastado, já avançado de idade mas fervoroso devoto dos ideais e das ideias de S. Francisco, que apareceu a oferecer um terreno que possuía, à beira-rio, no sítio chamado da Redondela, para nele os frades mendicantes construírem o seu mosteiro.
Os franciscanos, que haviam obtido de Roma a indispensável licença para se instalarem em Portugal e aí construírem casas conventuais, julgaram que estavam dispensados da autorização do bispo local que, ao tempo, era D. Pedro Salvadores, e até estava ausente em Roma, e deram imediatamente início às obras. Mas os cónegos que, através do cabido, governavam a diocese na ausência do bispo, é que não gostaram de sentir a sua autoridade ser posta em causa e mandaram recado aos frades dizendo-lhes, nomeadamente, que não podiam continuar com a construção do mosteiro, por estar na área da jurisdição da Mitra a terra que lhes havia sido doada.
Foi o rastilho para uma contenda que durou anos. Houve lutas verbais e físicas. Chegou a haver mortos. O bispo, no mais aceso da contenda, acusou os franciscanos de "hereges e perigosos à salvação das almas". Nem o doador do terreno escapou. O prelado ordenou-lhe que revogasse a doação porque, dizia o bispo, "os franciscanos não passavam de uns falsos profetas que manhosamente se insinuavam no ânimo das pessoas piedosas para as explorar".
Só ao fim de muitos anos a contenda acalmou. Os franciscanos lá conseguiram, enfim, construir o mosteiro e, alguns anos mais tarde, a igreja. Depois das contendas veio a tranquilidade, e os franciscanos acabaram por conquistar o coração dos portuenses. Mas não só, também do próprio rei D. João I, que era na casa dos franciscanos que se hospedava sempre que vinha ao Porto.
Mas a simpatia maior para com os mendicantes provinha do povo, que acorria sempre em grande número às festas que se realizavam na igreja dos franciscanos. E com relevância, naturalmente, para duas grandes festividades: a que era realizada pela confraria de S. Benedito, padroeiro dos escravos, e aquela em que se festejava o próprio S. Francisco.
No que respeita à primeira festa, é fácil de imaginar um quadro exuberante de cor e de movimento que teria como palco as velhas ruas da Fonte d'Aurina (a Fonte Taurina dos nossos dias); Bainharia; Reboleira; a desaparecida Rua dos Pescadores, junto à Praça da Ribeira; a Biquinha, junto a S. Domingos; a Rua Nova de Val da Pega, há muito levada pelo camartelo do progresso; o padrão de Belmonte; e a Rua dos Mercadores.
Era por estas artérias que a maioria dos escravos servia, em casa dos respetivos amos. A festa que anualmente faziam em honra de S. Benedito constituía uma das mais curiosas e apreciadas manifestações de cariz popular daquele tempo. Não é difícil calcular porquê. Por causa da variedade de costumes, da diversidade de instrumentos, pela algaraviada das vozes que se faziam ouvir.
A outra grande festa era a que se fazia em honra de S. Francisco. Um pouco na tradição dos populares festejos ao Santo António e ao S. João; e ainda ao nosso muito querido S. Gonçalo, também o S. Francisco passava por ser um santo casamenteiro a quem as jovens em idade de casar pediam insistentemente que lhes arranjasse um noivo.
Na Igreja de S. Francisco, uma das mais venerandas imagens deste padroeiro, especialmente pelas moças em idade de casar, é a que ainda hoje pode ser vista, metida num nicho, ao lado direito para quem entra no templo.
Trata-se, como facilmente se pode constatar, de uma escultura rude, fruto, provavelmente, do labor de algum mestre de pedreiro anónimo. Com efeito, do ponto de vista artístico, nada tem que a recomende como obra de arte.
Mas foi, durante anos e anos, a imagem mais venerada e, naturalmente, a mais visitada pelas moças serviçais, vendedeiras e regateiras que lhe confiavam os seus segredos, que rabiscavam em papelinhos e, depois, escondiam nas costas da escultura.
Nesses papéis, que eram normalmente coloridos, escreviam os seus pedidos que, por regra, andavam ligados ao pedido de casamento”.
Com a devida vénia a Germano Silva

Igreja de S. Francisco, Igreja da Ordem Terceira de S. Francisco e Casa do Despacho 


Cronologia da Igreja de S. Francisco

1233 - tendo sido cedido aos frades franciscanos um terreno para construção do convento no sítio da Redondela, o bispo D. Pedro Salvadores embargou as obras, iniciando-se uma querela que demoraria alguns anos e que se prendia com os reais limites do couto doado por D. Teresa ao bispo D. Hugo; 1244 - bula papal põe fim ao assunto; 1245 - construção do convento; 1383 - carta de D. Fernando manda aplicar os resíduos dos testamentos do Porto às obras da igreja que então começavam; 1410 - conclusão das obras; 1474 - data da capela no sub-coro, do lado do Evangelho; 1501 - data de um túmulo; 1534 - fundação da Capela dos Carneiros por João Carneiro, mestre-escola da Sé de Braga; construção da capela por Diogo de Castilho; 1595, 3 outubro - escritura de obrigação e fiança com o pintor Manuel da Ponte, comprometendo-se este a acabar a obra de pintura e douramento do retábulo de São Brás; 1612, 15 agosto - contrato com Francisco Moreira para a feitura do retábulo da capela da Porciúncula, por 22$000; 1613, 21 janeiro - conclusão da feitura do retábulo da capela da Porciúncula; 1615, 18 novembro - ajuste com Inácio Ferraz de Figueiroa para a pintura do retábulo da Porciúncula; 1680, 29 abril - douramento do retábulo da Confraria de São Brás e São José por Manuel Ferreira por 100$000; 1680 - douramento do retábulo da confraria de São Brás e São José por Manuel Ferreira; 1718 - 1721 - feitura do retábulo da capela de Nossa Senhora da Conceição pelos entalhadores Filipe da Silva e António Gomes; 1719 - ali também interveio o escultor Manuel Carneiro Adão; 1724 - feitura do retábulo da capela de Santo António pelo entalhador Luís Pereira da Costa; 1731, 15 abril - assinado contrato entre Mesa da Ordem Terceira de São Francisco e o Padre Manuel Lourenço da Conceição para execução de um órgão; 1740 - feitura do retábulo de Nossa Senhora do Socorro, por Manuel da Costa Andrade, segundo risco de Francisco do Couto e Azevedo; 1743 - 1744 - conclusão do retábulo de Nossa Senhora da Rosa, desenhado pelo arquiteto Francisco do Couto e Azevedo e executado por Manuel da Costa Andrade; 1749, 8 de novembro - ajuste com o ourives Domingos de Sousa Coelho para a execução de quatro lanternas de prata; 1750 - retábulo da Anunciação de Nossa Senhora pelo entalhador Manuel Pereira da Costa Noronha; 1750 -/ 1751 - execução dos retábulos de Nossa Senhora da Encarnação e dos Santos Mártires de Marrocos, pelo entalhador Manuel Pereira da Costa Noronha; 1764 - desaparecimento do retábulo de Nossa Senhora dos Anjos da Porciúncula; 1764 - 1765 - retábulo de Nossa Senhora da Soledade pelo entalhador Francisco Pereira Campanhã; 1771 - 1778 - reconstrução do convento; 1810 - 1822 - o convento foi ocupado por tropas portuguesas que ali instalaram um hospital militar; 1832, 9 julho - aquartelamento do Batalhão de Caçadores 5; 1833 - no final do cerco do Porto, um incêndio provocado pelo tiroteio miguelista destruiu parte das instalações conventuais; 1834, 15 outubro - portaria autoriza os negociantes a realizarem nas ruínas do convento a praça comercial; a igreja é ocupada com armazém da Alfândega; 1 dezembro - abertura da praça comercial; 1835 - é ali estabelecido o telégrafo marítimo; 1839 - envio às cortes e ao Governo a planta e orçamento da construção que devia substituir as ruínas conventuais; projeto urbanístico para a zona ribeirinha admitia o corte da cabeceira da igreja; os construtores do Palácio da Bolsa e os Mesários da Ordem Terceira apresentam protesto à Câmara e conseguem sensibilizar a opinião pública a seu favor; D. Maria II respondeu favoravelmente a favor da petição; 1840, 23 novembro - portaria assinada pelo ministro Rodrigo da Fonseca Magalhães a autorização da obra e estabeleceu que o antigo convento ficava hipotecado como garantia das despesas a efetuar até que as cortes resolvessem em definitivo; 1841 - D. Maria II concede à Associação Comercial do Porto a propriedade do convento; 1842, 6 outubro - lançamento da primeira pedra para construção do Palácio da Bolsa; 1873 - reconstrução do órgão por António José dos Santos; 1986 - até então pertença do Estado, a Ordem de São Francisco consegue revertê-la para a sua posse; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126.



Igreja de S. Francisco e Capela de Santo Elói antes da abertura da Rua Nova da Alfândega



Igreja de S. Francisco após 1872 (já não é visível a Capela de Santo Elói) – Fonte: Arquivo Distrital do Porto


Igreja de S. Francisco durante o restauro iniciado em 1957 – Fonte: DGEMN



Descrição da Igreja de S. Francisco

Planta em cruz latina, de três naves, transepto saliente e cabeceira tripla poligonal reforçada por contrafortes; a Sul adossa-se uma capela à nave e outra ao transepto. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de uma, duas e três águas. Fachada principal escalonada, apenas com dois panos visíveis, separada por contrafortes, visto o da esquerda ter sido encoberto pelo Palácio da Bolsa. Pano central terminado em empena rasgado por pórtico de dois registos, tendo no primeiro portal de verga recta entre duplas colunas salomónicas sobre soco, suportando entablamento, e no segundo, entre colunelos salomónicos e pilastras, almofadas em losango, nicho central com imagem; remato-o frontão ondulado interrompido. Superiormente grande rosácea composta de colunelos radiantes, ligados por arcos. No pano lateral abre-se fresta de arco quebrado. Fachada lateral com portal de arco quebrado de várias arquivoltas aberto em gablete e duas frestas maineladas; ao nível da nave central cinco janelas. O transepto, capela adossada e cabeceira são contrafortados e rasgados por frestas ou rosácea, na capela. Interior com naves de cinco tramos separados por pilares com colunas adossadas suportando arcos quebrados chanfrados nas arestas; as janelas implantam-se sobre os arcos. Coro-alto sobre arco abatido e dois plenos, forrados inferiormente a talha dourada, e tendo superiormente cadeiral de espaldar decorado com painéis pintados e órgão de tubos no lado da Epístola. No lado do Evangelho existe no sub-coro capela sepulcral de Luís Álvares de Sousa. Naves laterais com capelas contendo diferentes retábulos de talha dourada, interligados por motivos de talha e que, a meio, se expandem para a nave central, onde toda a estrutura do arco é revestida a talha e encimada por sanefas. No último tramo, dois púlpitos quadrados com guarda e sanefa de talha. As naves são cobertas por tecto de talha dourada formando abóbada de arestas com marcação dos tramos e decorada com motivos florais. Nos braços do transepto dispõem-se, entre os vãos para os absidíolos e abside, retábulos de talha, estreitos com nichos sobrepostos entre colunas e de frontão triangular interrompido, ligando-se dois deles ao arco triunfal revestido e encimado por ampla sanefa de talha. A Capela dos Carneiros no braço S. do transepto com arco pleno decorado por motivos vegetalistas possui retábulo de talha com painel figurando o baptismo de cristo e abóbada de nervuras. Capela-mor revestida a talha com paredes ritmadas por colunas. Retábulo magistralmente adaptado às aberturas dos vãos através de colunas suportando entablamento e sanefas, e com trono central. Cobertura em abóbada artesonada. Absidíolos abobadados com retábulos de talha. No do lado da Epístola abre-se arco pleno rendilhado encimado por frontão triangular com o tímpano decorado dando acesso a capela, onde existem dois túmulos”.
Fonte – Site: monumentos.pt



Igreja da Ordem Terceira de S. Francisco e Casa do Despacho 


“Fundada em 1633, a Ordem Terceira de S. Francisco teve uma capela primitiva dos finais do século XVII (1676-80), sendo acrescentada uma capela-mor em 1711.
A nova Casa do Despacho foi mandada construir entre 1746-49, atribuindo-se o seu risco a Nicolau Nasoni, tendo colaborado na execução da obra o mestre pedreiro António Silva de Carvalho. Ostentando o brasão da ordem na porta principal, as janelas têm grades de ferro, como era usual na primeira metade do século XVII.
A casa tem três andares e um subterrâneo, o Cemitério Catacumbal da Ordem, destinado ao enterro dos irmãos. Desactivado em 1866, as catacumbas, com jazigos laterais e abóbadas de berço, com arcos revestidos a talha, despertam hoje a curiosidade dos turistas.
Os tectos de todos os pisos superiores são obras notáveis. Os interiores deste edifício fazem lembrar aspectos dos interiores joaninos de Lisboa que desapareceram aquando do terramoto de 1755.
A Sala de Espera tem um belo tecto apainelado à portuguesa, com muitas molduras marmoreadas.
Na Sala das Sessões ainda se reúne a Mesa da Venerável Ordem de São Francisco. O enorme tecto desta sala data de 1748 e foi executado pelo mestre José Martins Tinoco, segundo desenho de Nicolau Nasoni. Ao centro do tecto existem dois brasões bipartidos. São pinturas a óleo com as armas da Ordem Terceira e dos monarcas D. José e D. Mariana Vitória. Da autoria de José Teixeira Guimarães são as catorze sanefas, o retábulo e a moldura do quadro, em forma de glória, todos em talha dourada. É também de sua autoria a magnífica mesa, de pau-santo, com pernas em forma de sereias.
A Sala das Sessões é um belíssimo espaço onde está presente a figura do mestre entalhador José Teixeira Guimarães, responsável pela execução do retábulo e das sanefas.
A cripta (1798-1803), projectada pelos arquitectos António Pinto de Miranda e Vicente Mazzoneschi, é um caso ímpar na arquitectura funerária portuense”.
Fontes – Sites: pt.wikipedia.org; patrimoniocultural.pt


Casa do Despacho da Ordem Terceira de S. Francisco


No final do século XVIII, os Irmãos decidiram construir uma nova igreja em substituição da existente, para o que encomendaram três projectos a Damião Pereira de Azevedo, Teodoro de Sousa Maldonado e António Pinto de Miranda. Tendo sido escolhido o projecto deste último arquitecto, iniciaram-se os trabalhos em 1795, sendo concluídos em 1805. O seu interior é uma das manifestações mais requintadas do neoclássico portuense, tendo colaborado na sua feitura artistas como o escultor Manuel Joaquim Alves de Sousa Alão, o italiano Luís Chiari e José Teixeira Barreto. O retábulo-mor é da autoria do entalhador Manuel Alves da Silva, segundo o risco do arquitecto António Pinto de Miranda, sendo as duas imagens de S. Francisco e de S. Domingos obra de Joaquim Machado de Castro.


Nova Igreja da Ordem Terceira de S. Francisco junto à igreja de S. Francisco




Entrada do convento - Ed. blogue Porta Nobre


À esquerda, entre a igreja conventual em frente e a da Ordem Terceira, podemos ver a antiga portaria do convento, constituindo tudo o que restou do aspecto exterior, do convento franciscano.

A meio da foto uma outra perspectiva da entrada do antigo Convento de S. Francisco - Ed. Graça Correia


Desenho da 2ª capela da Ordem Terceira de S. Francisco em 1736 - Fonte: aportanobre.blogspot

"Em cima a 2ª capela da ordem, que sucedeu à primitivamente construída em 1676. É a pequena capela visível à esquerda da grande Igreja de S. Francisco. A primeira capela existiu no claustro do Convento". 
Fonte: aportanobre.blogspot

Bairro e Cais dos Banhos hoje Rua Nova da Alfândega

Abertura da Rua Nova da Alfândega 

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