Casa da Câmara
Outra casa-torre, mas esta de grandes proporções (tinha
cerca de 100 palmos de altura, ou seja cerca de 22 metros) é a primitiva Casa
da Câmara, cuja construção data dos séculos XIV-XV. A sua presença fazia-se
sentir no Porto medieval, estabelecendo inevitavelmente um paralelo com as
construções pertencentes ao Bispo. De acordo com os estudos que têm vindo a ser
feitos, a qualidade da cantaria lavrada do exterior tinha correspondência no
interior, quer nos trabalhos de carpintaria, quer de pintura.
Rua de S. Sebastião - Rua Escura
A Rua Escura
chamou-se Rua Nova até 1404,
data que se encontra num documento do Cabido dizendo “Rua Escura que
antigamente chamavam Rua Nova”.
Era uma das mais importantes ruas do antigo burgo, onde se encontrava a Casa da
Câmara Medieval, a Capela e Fonte de S. Sebastião junto da porta do mesmo nome
e o Recolhimento de Nossa Senhora do Ferro. Este foi fundado no século XV e foi
transferido em 1757 para as Escadas do Codeçal. A Fonte de S. Sebastião foi
mudada para o Largo Dr. Pedro Vitorino, perto da entrada do Seminário da Sé.
A zona da Rua de S. Sebastião e da Rua Escura é das mais
curiosas para o conhecimento da cidade antiga.
Em S. Sebastião ficavam: a Porta do mesmo nome, demolida em
1819 (a cintura primitiva de muralhas que delimitava o núcleo da Sé tinha
quatro portas: S. Sebastião, Nossa Senhora de Vandoma, da Mentira depois da
Verdade ou das Verdades e de Sant' Ana das Aldas); a Fonte de S. Sebastião ou
Fonte da Rua Escura, atrás referida; a Capela de S. Sebastião, à entrada da rua
(uma invocação desta capela fazia parte de um conjunto de "Passos"
mandados erguer pelos Agostinhos Descalços, ligados à Procissão dos Passos que
eles organizaram até 1832); e o Aljube Eclesiástico ou Cárcere dos Clérigos
que, a partir de 1749 transitou das antigas instalações próximas do Arco de
Vandoma, para a Rua de S. Sebastião (seria uma cadeia pública, uma vez
terminado o foro eclesiástico).
A Capela de S. Sebastião era uma ermida que ficava sobre o arco
da Porta de S. Sebastião da Cerca Velha, a tal que durante muito tempo se
disse que era sueva, mas que depois se provou ter sido obra dos romanos.
No século XVIII, o arco da Porta de S. Sebastião era
vizinho da Casa Torre ou Casa da Torre, onde funcionava a Câmara.
A Rua de S. Sebastião, que tomou o nome da capela, começava
aí, "dentro do arco", e subia para a Sé, cruzando-se com as já desaparecidas
ruas dos Açougues, de Nossa Senhora de Agosto e das Tendas. Terminava junto da
porta do também desaparecido castelo velho, mais ou menos onde agora está a
porta do Seminário Maior, no actual Largo do Dr. Pedro Vitorino, que antes se
chamou Largo dos Açougues.
A própria Rua de S. Sebastião chamou-se, primitivamente, Rua
do Castelo. Mas no século XIII tinha a designação de Rua
da Sapataria, Rua da Sapataria do Castelo ou Rua
da Sapataria Velha, "defronte donde se faz a feira",
consta de um documento do ano de 1335.
Tudo isto desapareceu com o arranjo urbanístico que se fez
ao redor da Sé, nos idos anos quarenta do século XX.
Rua de S. Sebastião obras em 1936
Local da foto anterior da Rua de S. Sebastião em 1958 –
Fonte: frame do filme “A costureirinha da Sé”
Mesmo local da fotos anteriores actualmente
O arco e a Porta de S. Sebastião foram apeados nos finais do
século XVIII e com a sua demolição desapareceu, também, a pequena capela
dedicada a S. Sebastião que ficava sob o arco.
Demolida a capela, a Câmara entregou a imagem de S. Sebastião aos cónegos da Sé, que a levaram para a capela de Nossa Senhora do Ferro.
Demolida a capela, a Câmara entregou a imagem de S. Sebastião aos cónegos da Sé, que a levaram para a capela de Nossa Senhora do Ferro.
A capela era assim chamada devido à existência de um ferro
atravessado no topo da porta de entrada. Segundo a tradição, o condenado à forca
que saindo do aljube, da Rua de S. Sebastião, em direcção ao patíbulo, o
conseguisse tocar, era agraciado.
Capela de Nossa Senhora do Ferro, Recolhimento do Ferro e Escadas do
Codeçal
No início da Rua Escura, perto do Arco de Vandoma,
situava-se então, a Capela de Nossa Senhora do Ferro (demolida em 1928) que
pertencia ao Recolhimento do Ferro ou Recolhimento de Nossa Senhora do
Patrocínio da Mãe de Deus e Santa Madalena, (fundado em 1681 e transferido em
1757 para o Codeçal, onde se encontra).
Uma instituição presente nesse local, fundada no século XV,
à entrada da Rua Escura funcionava como um albergue de prostitutas e mulheres
abandonadas. Tinha uma capela pegada, que ostentava na frontaria o ano de 1681
que corresponde a uma remodelação, dado que a capela era, provavelmente, mais
antiga.
Em 1681, o anexo onde se recolhiam as mulheres é alvo de
obras e é criado o Recolhimento do Ferro.
Posteriormente, a capela anexa foi também conhecida por
Capela de São Sebastião, por causa de uma imagem do santo protector contra a
peste que foi ali guardada pela Diocese no fim do século XVIII, após a
demolição da Porta de S. Sebastião, uma das quatro portas da Muralha Primitiva
do Porto e da primitiva Capela de S. Sebastião.
Em 1854, com a epidemia de cólera-mórbus, sabe-se que os
moradores da Sé invocaram a protecção de São Sebastião e escaparam
"milagrosamente", passando a comemorar ao santo todos os anos, a 20
de Janeiro.
A antiga capela, na
Rua de S. Sebastião, depois de muitos anos de abandono e ruína, foi completamente
demolida em 1928.
Nos começos do século XVIII pensou-se em remodelar e
melhorar as instalações do recolhimento, mas a ideia não foi por diante.
Em frente, na Rua de S. Sebastião era possível, do Aljube
ver o que se passava no interior do recolhimento, pelo que o novo recolhimento
seria construído nas Escadas do Codeçal em terrenos que uma senhora D. Josefa
Maria doara por escritura de 17 de Março de 1729, sendo inaugurado em 1757.
A doadora impôs por condição que o recolhimento tomasse por
padroeira Santa Maria Madalena e recolhesse prostitutas que desejassem
abandonar a "velha profissão", bem como mulheres casadas e de família
com o aval dos maridos.
Hoje, chega a dizer-se, erradamente, que aqui eram
enclausuradas as adúlteras pelos seus maridos. Aqui, as internadas viviam
modestamente, sustentando-se "com o produto do seu trabalho"
Observavam regras muito rígidas. As regentes da instituição eram eleitas por
todas as internas, mas os estatutos não permitiam a realização de festas para
festejar a eleição da dita regente, a exemplo do que se passava nos “abessados”.
Entretanto, no
século XIX, o edifício do antigo recolhimento tinha sido abandonado devido às
Invasões Francesas e às Lutas Liberais.
Igreja de Nossa Senhora do Patrocínio, nas Escadas do Codeçal
Recolhimento do Ferro c. 1900 – Ed. Arnaldo Soares
A íngreme Escada do Codeçal fez, desde tempos recuados, a
ligação entre o mosteiro de Santa Clara e o Postigo da Areia, junto ao rio
Douro.
Estende-se ao longo da muralha fernandina e seria um caminho
de ronda ao longo dela.
A construção na década de 1880 da ponte Luís I, levou a que
junto daquelas escadas, se implantassem alguns pilares da dita ponte e, já bem
entrados no século XX, o último troço delas seria demolido e, posteriormente,
remodelado, para arranjo da marginal, na Ribeira.
Escadas do Codeçal c. 1900 – Ed. Arnaldo Soares
Escadas do Codeçal – Ed. Armazéns Hermínios
Rua dos Mercadores
A Rua dos Mercadores vai da Praça da Ribeira à Rua da
Bainharia.
Em 1309, a Rua dos Mercadores é designada "rua per hu vam a Ribeira".
Sendo uma rua de comerciantes e mercadores, era uma zona desde cedo com construções cuidadas.
Aqui, vemos as casas serem sobretudo de pedra, com dois, três e quatro andares, obedecendo portanto ao esquema da casa-torre.
Um documento de 10 de Novembro de 1317, dá-nos uma boa ideia do tipo de construções, ao descrever e ordenar "… que lhi acabase aquelas cassas que começou affazer de pedra ante Albergaria de Ssanta Clara … per fazer acabar as ditas cassas de pedra em paredes ataa çyma entre sobrados e seer huum deses sobrados huum sobrado ladrom e os douos sobrados de ssuso sobrele …".
Pretendia-se, portanto, que o primeiro sobrado, entre a R/C e o 1º andar; fosse avançado sobre a rua, como era costume na Idade Média.
“A Rua dos Mercadores foi, juntamente com a Bainharia e a Rua Escura, um dos eixos de circulação vital para o Porto Mediévico, ligando a zona ribeirinha, centro mercantil, ao burgo episcopal e assegurando a comunicação com as principais vias medievais que saiam do Porto em direcção ao Entre-Douro-e-Minho e a Trás-os-Montes.
Percorrendo a zona extra-muros desde as imediações da Porta de Sant'Ana até à Praça da Ribeira, junto ao Douro - ia, segundo documento antigo, "de Sant'Ana para baixo até a Praça da Ribeira" - ela seria, como o seu nome indica, um dos locais eleitos pelos mercadores portuenses para instalarem as suas moradias e estabelecimentos”.
Fonte: “viasromanas.pt/”
Segundo Artur de Magalhães Basto, o facto de nobres e
prelados, bem como outros poderosos, quando se deslocavam ao Porto optarem por
exigir o direito de aposentadoria nas casas da Rua dos Mercadores, é um claro
reflexo do facto de ser nesta artéria que se concentravam as casas mais
convidativas, e portanto uma ilustração indesmentível de como esta artéria era
uma das ruas mais ricas da cidade.
De resto, a isenção do direito de aposentadoria seria confirmada e renovada por D. João I, sintoma de que a cobiça pelas boas instalações da Rua dos Mercadores e da Chã das Eiras continuava a fazer-se sentir.
Assim, por carta de 22 de Dezembro de 1385, este rei sublinha que os monarcas que o antecederam quando chegavam ao Porto não se instalavam nas ruas das Eiras e dos Mercadores, confirmando os privilégios que os seus antecessores (nomeadamente D. Fernando) tinham outorgado.
Ou seja, os moradores da Rua dos Mercadores tinham o privilégio de isenção de Aposentadoria, tal como acontecia com os moradores da Rua Chã das Eiras (hoje apenas Rua Chã).
Apesar de ser uma das zonas ricas da cidade, a Rua dos
Mercadores encontra-se documentada, apenas, numa fase já relativamente tardia.
É possível que o tipo de propriedade que aqui se localizava - talvez uma percentagem mais elevada de habitação própria, ao contrário de outras artérias portuenses, onde as habitações eram sobretudo arrendadas - ajude a explicar este relativo silêncio da documentação.
Mas, apesar de tudo, conhecem-se alguns títulos de aforamento.
Em 1388, era feito prazo de umas meias-casas situadas na Rua dos Mercadores, que eram do Cabido da Sé, e que este emprazava a João Afonso.
Em 1507, o Cabido emprazava umas Casas-Torres que detinha nesta rua. E, em 1548, eram emprazadas umas Casas-Torres na Rua dos Mercadores, que o Cabido da Sé assina em favor de Bartolomeu Álvares Araújo.
“Nesta rua estavam instalados o Hospital-Albergaria de Santa Clara, uma instituição possivelmente anterior ao século XIII. Seria, seguramente, uma das construções mais interessantes desta rua. O hospital e albergaria ficava na entrada da Rua dos Mercadores pelo lado norte, próximo da esquina com as ruas da Bainharia e de São Crispim, no lado oposto à Muralha Românica. O Hospital e Albergaria de Santa Clara foram anexados por D. Manuel I à Santa Casa da Misericórdia do Porto.
Por trás da Rua dos Mercadores, correndo na base da Muralha Primitiva, existia a Viela do Forno, referida documentalmente desde 1309. Este pequeno arruamento, que acolheu a gafaria do Porto, foi também conhecido como Viela de São Lourenço. A última referência que encontramos sobre esta viela remonta a 1802, quando se realiza uma vistoria que conclui a sua falta de serventia, pelo que se decide o seu entaipamento definitivo”.
Fonte: “pt.wikipedia.org/”
Em 1309, a Rua dos Mercadores é designada "rua per hu vam a Ribeira".
Sendo uma rua de comerciantes e mercadores, era uma zona desde cedo com construções cuidadas.
Aqui, vemos as casas serem sobretudo de pedra, com dois, três e quatro andares, obedecendo portanto ao esquema da casa-torre.
Um documento de 10 de Novembro de 1317, dá-nos uma boa ideia do tipo de construções, ao descrever e ordenar "… que lhi acabase aquelas cassas que começou affazer de pedra ante Albergaria de Ssanta Clara … per fazer acabar as ditas cassas de pedra em paredes ataa çyma entre sobrados e seer huum deses sobrados huum sobrado ladrom e os douos sobrados de ssuso sobrele …".
Pretendia-se, portanto, que o primeiro sobrado, entre a R/C e o 1º andar; fosse avançado sobre a rua, como era costume na Idade Média.
Rua dos Mercadores – Ed. “portopatrimoniomundial.com/”
“A Rua dos Mercadores foi, juntamente com a Bainharia e a Rua Escura, um dos eixos de circulação vital para o Porto Mediévico, ligando a zona ribeirinha, centro mercantil, ao burgo episcopal e assegurando a comunicação com as principais vias medievais que saiam do Porto em direcção ao Entre-Douro-e-Minho e a Trás-os-Montes.
Percorrendo a zona extra-muros desde as imediações da Porta de Sant'Ana até à Praça da Ribeira, junto ao Douro - ia, segundo documento antigo, "de Sant'Ana para baixo até a Praça da Ribeira" - ela seria, como o seu nome indica, um dos locais eleitos pelos mercadores portuenses para instalarem as suas moradias e estabelecimentos”.
Fonte: “viasromanas.pt/”
De resto, a isenção do direito de aposentadoria seria confirmada e renovada por D. João I, sintoma de que a cobiça pelas boas instalações da Rua dos Mercadores e da Chã das Eiras continuava a fazer-se sentir.
Assim, por carta de 22 de Dezembro de 1385, este rei sublinha que os monarcas que o antecederam quando chegavam ao Porto não se instalavam nas ruas das Eiras e dos Mercadores, confirmando os privilégios que os seus antecessores (nomeadamente D. Fernando) tinham outorgado.
Ou seja, os moradores da Rua dos Mercadores tinham o privilégio de isenção de Aposentadoria, tal como acontecia com os moradores da Rua Chã das Eiras (hoje apenas Rua Chã).
Casa-Torre, Rua dos Mercadores, 156 e 158
No primeiro prédio, à esquerda, está a antiga Casa-Torre,
actualmente
É possível que o tipo de propriedade que aqui se localizava - talvez uma percentagem mais elevada de habitação própria, ao contrário de outras artérias portuenses, onde as habitações eram sobretudo arrendadas - ajude a explicar este relativo silêncio da documentação.
Mas, apesar de tudo, conhecem-se alguns títulos de aforamento.
Em 1388, era feito prazo de umas meias-casas situadas na Rua dos Mercadores, que eram do Cabido da Sé, e que este emprazava a João Afonso.
Em 1507, o Cabido emprazava umas Casas-Torres que detinha nesta rua. E, em 1548, eram emprazadas umas Casas-Torres na Rua dos Mercadores, que o Cabido da Sé assina em favor de Bartolomeu Álvares Araújo.
“Nesta rua estavam instalados o Hospital-Albergaria de Santa Clara, uma instituição possivelmente anterior ao século XIII. Seria, seguramente, uma das construções mais interessantes desta rua. O hospital e albergaria ficava na entrada da Rua dos Mercadores pelo lado norte, próximo da esquina com as ruas da Bainharia e de São Crispim, no lado oposto à Muralha Românica. O Hospital e Albergaria de Santa Clara foram anexados por D. Manuel I à Santa Casa da Misericórdia do Porto.
Por trás da Rua dos Mercadores, correndo na base da Muralha Primitiva, existia a Viela do Forno, referida documentalmente desde 1309. Este pequeno arruamento, que acolheu a gafaria do Porto, foi também conhecido como Viela de São Lourenço. A última referência que encontramos sobre esta viela remonta a 1802, quando se realiza uma vistoria que conclui a sua falta de serventia, pelo que se decide o seu entaipamento definitivo”.
Fonte: “pt.wikipedia.org/”
Sé Catedral · Casa do Cabido
Terreiro da Sé
O actual Terreiro da Sé onde se encontram implantados a Sé,
a Casa do Cabido e o Palácio Episcopal (que hoje nos surgem como um núcleo homogéneo)
é uma criação dos anos 40 do século passado.
As demolições efectuadas nessa época alteraram completamente
a feição medieval da malha urbana da zona, dando-nos uma leitura do espaço que
nada tem a ver com a mensagem que o passado, ao longo dos séculos, havia construído.
“Nessa voragem
destruidora demoliram-se vários quarteirões desaparecendo, entre outras, as
casas onde havia funcionado a Cadeia do Bispo e a casa armoriada que pertencia
ao conde de Castelo de Paiva, deslocando-se também do seu local primitivo a Capela
de Nossa Senhora de Agosto ou dos Alfaiates, que ficava em frente à porta principal da Sé e que hoje se encontra
reconstruída em frente do Governo Civil”.
No centro do Terreiro foi colocado um pelourinho pela Câmara
Municipal, em 1945, como remate das obras de reestruturação da zona envolvente
da Sé, que nada tem a ver com o primitivo ou primitivos.
Pelourinho actual – In site: guiadacidade
Sé Catedral
“A Sé do Porto é um
edifício que, do século XII aos nossos dias, foi objecto de transformações
sucessivas. O seu projecto inicial evidencia a influência francesa e a marca
dos artistas de Coimbra. O deambulatório concebido neste plano foi destruído
quando se ergueu a nova capela-mor nos inícios do século XVII, no tempo do
bispo D. Frei Gonçalo Morais.
Durante o período de
Sede Vacante (1717-1741) que ocorre após a nomeação do Bispo do Porto D. Tomás
de Almeida para Cardeal Patriarca, os destinos da diocese ficam entregues ao
Cabido, que inicia uma série de obras de vulto visando a transformação da Sé
medieval numa Sé barroca.
No exterior
constrói-se, na fachada principal, uma magnífica obra barroca, enquadrando a
porta de acesso, e lateralmente uma "loggia" (galilé ou alpendre),
cuja autoria, atribuída a Nasoni, é hoje posta seriamente em causa.
No interior, para além de se abrirem grandes janelas nas paredes laterais e topos do transepto para se obter uma maior iluminação, são deslocados, para naves laterais, os altares que estavam adossados aos pilares, e procede-se ao enriquecimento do espaço.
Nesta campanha participam artistas das áreas mais diversificadas entre os quais destacamos: o entalhador Garcia Fernandes de Oliveira (1725 - florões e capitéis da capela-mor; 1726 - sanefas, remates e grades das janelas da capela-mor; e retábulos laterais, em colaboração com Caetano da Silva Pinto); o ensamblador Miguel Marques (1726 - cadeiral da capela-mor); o entalhador Luís Pereira da Costa (1727/28 - caixas dos órgãos da capela-mor); Claude Laprade (1728/30 - quatro imagens do retábulo-mor). Mas dessa plêiade de artistas avultam o mestre de estuques-arquitecto António Pereira, o arquitecto-entalhador Miguel Francisco da Silva (que, em colaboração com Luís Pereira da Costa, executaria em 1727/29 o magnífico retábulo-mor) e o pintor de perspectiva italiano Nicolau Nasoni (1725 - pinturas da capela-mor).
Dessa Sé barroca pouco resta devido às intervenções violentas que foram feitas entre 1932 e 1936 pelos Serviços estatais, procurando, através de um "restauro profundo", devolver ao templo a sua primitiva feição medieval.
Ainda na Sé do Porto podemos admirar a Capela do Santíssimo Sacramento com o célebre altar de prata (séculos XVII-XVIII) da autoria dos ourives Manuel Teixeira, Manuel Guedes, Miguel Pereira e Bartolomeu Nunes. Este altar só não foi saqueado pelos invasores franceses, pela simples razão de que a cidade negociou, entregar aos saqueadores uma quantia em dinheiro igual ao seu valor, mas, no último dia do prazo do pagamento do acordado, os franceses tiveram que bater à pressa, em retirada; a Capela de S. João Evangelista, onde se encontra sepultado o almoxarife régio João Gordo, cujo túmulo é um importante exemplar da escultura funerária do século XIV; a magnífica sacristia com pinturas de Nasoni e cuja talha, desenhada por este artista, foi executada por Miguel Francisco da Silva (1734); e o claustro gótico, com revestimento azulejar do século XVIII”.
Com a devida vénia a, cncjulio.blogspot
No interior, para além de se abrirem grandes janelas nas paredes laterais e topos do transepto para se obter uma maior iluminação, são deslocados, para naves laterais, os altares que estavam adossados aos pilares, e procede-se ao enriquecimento do espaço.
Nesta campanha participam artistas das áreas mais diversificadas entre os quais destacamos: o entalhador Garcia Fernandes de Oliveira (1725 - florões e capitéis da capela-mor; 1726 - sanefas, remates e grades das janelas da capela-mor; e retábulos laterais, em colaboração com Caetano da Silva Pinto); o ensamblador Miguel Marques (1726 - cadeiral da capela-mor); o entalhador Luís Pereira da Costa (1727/28 - caixas dos órgãos da capela-mor); Claude Laprade (1728/30 - quatro imagens do retábulo-mor). Mas dessa plêiade de artistas avultam o mestre de estuques-arquitecto António Pereira, o arquitecto-entalhador Miguel Francisco da Silva (que, em colaboração com Luís Pereira da Costa, executaria em 1727/29 o magnífico retábulo-mor) e o pintor de perspectiva italiano Nicolau Nasoni (1725 - pinturas da capela-mor).
Dessa Sé barroca pouco resta devido às intervenções violentas que foram feitas entre 1932 e 1936 pelos Serviços estatais, procurando, através de um "restauro profundo", devolver ao templo a sua primitiva feição medieval.
Ainda na Sé do Porto podemos admirar a Capela do Santíssimo Sacramento com o célebre altar de prata (séculos XVII-XVIII) da autoria dos ourives Manuel Teixeira, Manuel Guedes, Miguel Pereira e Bartolomeu Nunes. Este altar só não foi saqueado pelos invasores franceses, pela simples razão de que a cidade negociou, entregar aos saqueadores uma quantia em dinheiro igual ao seu valor, mas, no último dia do prazo do pagamento do acordado, os franceses tiveram que bater à pressa, em retirada; a Capela de S. João Evangelista, onde se encontra sepultado o almoxarife régio João Gordo, cujo túmulo é um importante exemplar da escultura funerária do século XIV; a magnífica sacristia com pinturas de Nasoni e cuja talha, desenhada por este artista, foi executada por Miguel Francisco da Silva (1734); e o claustro gótico, com revestimento azulejar do século XVIII”.
Com a devida vénia a, cncjulio.blogspot
Fachada lateral da Sé em desenho de Nogueira da Silva
O desenho acima é anterior a 1868, pois, o seu autor,
Francisco Augusto Nogueira da Silva era um lisboeta, nascido a 26 de Setembro
de 1830, na Freguesia das Mercês e finou-se ainda um jovem, com apenas trinta e
sete anos, em 13 de Março de1868. Foi contemporâneo de Manuel Maria Bordalo Pinheiro.
Casa do Cabido
“A antiga Casa do
Cabido ficava nos claustros, “junto à capela de S. Vicente, de cujo telhado
recebia tantas águas, que a foram pondo em tal ruína, que houve necessidade
de se fazer nova casa no sítio que se achou mais acomodado, em o rossio que era
do público no terreiro da mesma sé, junto ao ângulo do claustro e da torre chamado
do relógio". O primeiro pavimento era destinado a celeiro; o segundo para
arrumos da fábrica da Sé; e o terceiro especialmente para o cabido”
Com a devida vénia a Germano Silva
“A nova Casa do Cabido
foi construída para substituir uma antiga que existia no claustro, junto da
Capela de S. Vicente. Inserida no programa de transformações e construções
levado a cabo pelo Cabido durante a Sede Vacante (1717-1741), a sua planta é
atribuída ao arquitecto João Pereira dos Santos. É um dos melhores exemplos da
persistência de uma arquitectura de tradição maneirista numa época em que se
afirma uma linguagem barroca.
Uma bela escadaria,
com balaustrada perspectivada, liga o claustro ao piso onde se encontra a Sala
Capitular, a dependência mais importante da Casa do Cabido e onde permanece
intacto o ambiente dos inícios de setecentos. Esplêndido espaço, enriquecido
por um rodapé de azulejos do século XVIII, para a sua realização contribuíram
artistas de renome dessa época: o entalhador Luís Pereira da Costa, autor de um
retábulo e sete sanefas (1718/19); o pintor italiano Giovanni Battista Pachini,
que executou as pinturas alegóricas dos caixotões do tecto (1719/20) e o
escultor Domingos da Rocha, que fez o Cristo Crucificado (1719), ainda hoje no
retábulo”.
Com a devida vénia a, doportoenaoso.blogspot
Casa do Cabido adossada à Catedral
Paço Episcopal
D. Nónego (1025 a
1049) mandou fazer, no local onde hoje está o Paço, o primitivo Paço Episcopal
que não passaria de um pequeno mosteiro onde, até D. Hugo (1113-1136), o bispo
viveu com os monges em comunidade de bens. Sofreu, através dos séculos, vários
restauros e ampliações.
D. Frei João Rafael
de Mendonça (1771 – 1793) mandou construir o actual Paço, porém, tendo
falecido, não o pôde ver inaugurado. Na verdade, tão grandiosa obra, só ficou
completamente terminada em 1870.
Antigo Paço
Episcopal em gravura de Teodoro Sousa Maldonado em 1789
Janela e nicho – Ed.
MAC
A janela e o nicho da foto anterior, dizem que é o que resta
da primitiva residência do bispo do século XII.
O Palácio Episcopal é considerado um dos melhores exemplares
da arquitectura civil portuense e impõe-se pelas suas proporções pouco
habituais na cidade; no seu interior destaca-se a imponente escadaria única no
seu género pela dimensão e ritmo do traçado. O actual edifício com origens no
século XVIII de feição barroca, veio substituir um outro com raízes no século
XIII, onde esteve hospedada D. Filipa de Lencastre, quando ao Porto veio para
casar com D. João I.
Àcerca, da primitiva residência dos bispos do Porto existem
poucas referências. Sabe-se, porém, que a partir de 1724 são feitas
intervenções no anterior edifício e operam-se transformações profundas, uma vez
que o palácio era considerado "antigo". Nelas participam Nicolau
Nasoni, autor de uma planta, e Miguel Francisco da Silva, arquitecto
responsável pelos trabalhos realizados em 1734, 37 e 38.
Até aos anos 70 as notícias são escassas sobre o edifício e
só a partir de 1772, sendo bispo D. João Rafael de Mendonça (1771-93), é
construído um novo edifício desde os alicerces, com a demolição prévia da
anterior estrutura (segundo a opinião de alguns autores). Os trabalhos foram
avançando e a conclusão da obra feita em Sede Vacante (ausência de bispo) de
1868 -1871.
Escadaria do Paço Episcopal – Ed. Isabel Silva
Lanternim e Tectos estucados – Ed. Isabel Silva
Foto do Paço Episcopal com aos danos visíveis a poente, após
lutas liberais
Durante o Cerco do Porto o Palácio foi abandonado pelo bispo.
Já no século XX por razões diversas e até 1956 foi utilizado
para vários fins. Com efeito, aí funcionou a Real Biblioteca Pública do Porto
(o núcleo inicial foi constituído pela própria biblioteca do bispo, à qual
foram anexados, entre outros espólios, diversos fundos monásticos que aí foram
depositados) e, a partir de 1916, já na posse do Estado, os Paços do Concelho
que aí permaneceram até 1956, sendo nesta data o edifício devolvido à diocese
do Porto.
Palácio Episcopal
Jardim a sul do Paço Episcopal c. 1950 - Ed. CMP, Arquivo
Histórico Municipal
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