O Barredo e a Lada
O Barredo é uma das zonas mais típicas do Porto onde ainda
palpita o coração medieval da cidade. No seu traçado labiríntico encontram-se
casas onde o tempo deixou a sua marca e que correram o risco de desaparecerem
da malha urbana portuense. O trabalho de recuperação que tem sido levado a cabo
permite hoje aos seus habitantes e àqueles que visitam a cidade velha, graças
ao brilho das cores originais restituído ao casario, fruir o encanto do
passado.
A sua toponímia, de uma riqueza apelativa, recorda-nos uma
vivência hoje afastada do nosso quotidiano: Cova do Drago, Viela
do Barroco, Beco das Panelas (hoje desaparecido), Ilha dos 30, Rua
da Mancebia, hoje Rua do Barredo, Escadas do Porão, Rua de Baixo, Rua
dos Tanoeiros, hoje Rua dos Canastreiros.
Nesta ambiência de autenticidade popular, surgem-nos as
imagens do Senhor dos Aflitos (na Rua de Baixo) e do Senhor de Matosinhos (na
Travessa dos Canastreiros), símbolos de uma religiosidade ingénua, mas sentida.
Deste local vê-se a Ponte Luís I (que viria a substituir a
Ponte Pênsil que ligava as duas margens, construída, por sua vez, para
substituir a Ponte das Barcas), inaugurada solenemente em 31 de Dezembro de
1886, sendo o seu projecto da autoria do engenheiro belga Théophile Seyrig- colaborador
de Eiffel.
No extremo do Muro da Ribeira vê-se um belo baixo-relevo em
bronze, da autoria de Teixeira Lopes (pai), em memória do Desastre da Ponte das
Barcas ocorrido em 29 de Março de 1809. Nesse dia, a população aterrorizada
pelo avanço das tropas francesas comandadas por Soult, tentou fugir para Gaia
atravessando a ponte assente em barcas que cedeu ao peso excessivo, provocando
inúmeras vítimas.
Acontece, que desde o dia 26, os boatos se sucediam na
cidade com os franceses às suas portas e o descontrolo da população era total.
No dia 27 soube-se que os franceses tinham passado S. Mamede
de Infesta.
Assim, uma multidão em fúria, acusou de colaboração com o
inimigo, quando passava pelo Padrão das Almas, actual Largo do Padrão, o
tenente–coronel de infantaria 6, João Pizarro da Cunha Portocarrero, fidalgo
que vivia no palacete das Sereias na Bandeirinha e matou-o.
O mesmo faria com o brigadeiro Luís de Oliveira e pelas
mesmas razões.
Soult, que tinha mandado dois emissários à cidade numa
tentativa de negociar uma entrada sem luta e assim evitar um banho de sangue,
viu um deles ser morto e o outro, o general Foy, que se temia ser o sanguinário
Loison, mais conhecido pelo Maneta, ser apenas preso, porque afinal tinha os
dois braços, caso contrário…
Foi então invadida a cidade, depois do comandante Beresford
ter recusado organizar a defesa a pedido do bispo que simultaneamente era
presidente da Junta e se chamava D. António de S. José de Castro.
Na tragédia morreriam 10000 portuenses e a pilhagem da cidade
durou 3 dias.
Toda esta tragédia foi contada por Camilo Castelo Branco no
romance “Onde está a Felicidade”.
Após cerca de quarenta dias os franceses serão expulsos e a
2 de Março de 1810 seria cumprida a sentença de morte por enforcamento, na
Cordoaria, dos implicados nas mortes do Portocarrero e Luís Oliveira.
“Na Lada era onde se
localizavam as lojas e armazéns da venda da carqueja e da chamiça.
Nos meados do século
XIV, mais precisamente em 1353, a Câmara do Porto emprazou "o rossio da
Lada, junto às escadas do muro e entestando (formar testada, confrontando) com
este".
Emprazar significa a
cedência que o proprietário de um prédio (terreno ou casa) faz a outrem,
mediante o pagamento de uma renda ou foro que tanto pode ser anual como
semestral.
Lada é um dos mais
antigos topónimos do Porto. Os estudiosos da matéria dizem que a palavra (lada
ou leda) significa estrada ou caminho largo. O que não é o caso em apreço.
Frei Joaquim de Santa
Rosa Viterbo, no seu precioso "Elucidário" informa que: "no rol
dos direitos que cabem ao mordomo da terra de Gaia, lê-se que todos os navios
que entrarem pela foz do Douro e se dirijam ao burgo o farão por entre ambas as
ladas".
Logo, aqui, a lada não
seria uma estrada ou caminho de terra, mas sim caminho de água por onde, como
acrescenta Viterbo, "os navios ou quaisquer outras embarcações podiam
navegar".
Do que não há dúvida é
da antiguidade do topónimo. E é bem possível que aquele "rossio"
tenha sido o velho "terreirinho da Lada" que vem citado em alguns
documentos, mas há muito de todo desaparecido da toponímia local. Subsiste a
Rua da Lada, integrada no labiríntico e típico bairro do Barredo, da parte de
trás do local onde estão as veneráveis "alminhas da ponte".
A artéria é
antiquíssima. Já existia, por exemplo, em 1230, pois vem mencionada num
documento do cabido portucalense desse ano: "Rua da Lada, junto à
Ribeira".
Mais de século e meio
depois, em 1353, uma deliberação da Câmara proibia que "nas lojas da rua
da Lada se guardassem carquejas".
A carqueja era um dos
mais procurados combustíveis da época. E era na Lada que se concentrava a sua
venda, como se depreende de um regimento municipal de 1393 que diz o seguinte:
"toda a pessoa que na Lada e suas travessas tiver loja de carqueja e
chamiça, para vender ou comprar, pagará seis tostões de pena pelo muito grande
prejuízo que por experiência se tem visto muitas vezes de desastres de fogo
que têm acontecido".
O objetivo da
edilidade era por de mais evidente: prevenir contra os incêndios nas casas que
eram quase todas feitas de madeira.
Com efeito, por
aqueles tempos as habitações do povo, ou seja, das pessoas menos abastadas,
daqueles que viviam do soldo que recebiam da sua ocupação diária, eram, em
regra, muito modestas, feitas, na sua quase totalidade, de madeira e cobertas
de colmo. Quando calhava de numa dessas casas haver um incêndio, as chamas
rapidamente se propagavam às moradias vizinhas e quarteirões inteiros eram
devorados pelas chamas.
Foi o que aconteceu na
Rua das Tendas, junto à Sé, nos finais do século XV. Um violento incêndio
devorou a maior parte das casas daquela artéria do velho burgo, muito
concorrida na época por nela se fazer um importante mercado. Daí o nome da
artéria: Rua das Tendas.
Outro incêndio ocorreu
pouco tempo depois daquele na Rua Chã, apesar de, aqui, os edifícios serem já
de um tipo de construção diferente, mais amplos e de mais sólida
construção.
Noutro documento do
velho Hospital de Rocamador, datado de 1471, lê-se que "as casas na Lada
estavam a ser construídas sobre arcaria, que então se designava por cobertos
" - tal qual como eram as da Ribeira daquele tempo e, ainda hoje, são
algumas casas de Miragaia.
Num licenciamento de
obra passado pela Câmara, nos finais do século XIV, diz-se expressamente que
será permitida a construção de andares em determinada casa da Lada "sob
condição de que o sobrado primeiro da dita casa não saia fora, segundo o que
está há muito estipulado nas ordenações da vila". Eram bem curiosos os
nomes, não apenas das ruas e dos sítios que existiam nas proximidades da Lada,
mas também dos proprietários de prédios e não só.
Vejam esta amostra: um
documento da Santa Casa da Misericórdia do Porto do século XVI regista a
existência de "umas casas na travessa que vai da Lada para o forno de
Bartolomeu Rebelo".
Outro exemplo
interessante: "no fim da Rua da Lada, uma viela partia do nascente com a
Fraga, sobre a qual vai o caminho e a Rua do Muro para o Codeçal, a norte; e, a
poente, com a travessa que vai para o forno do anzoleiro".
Um outro documento,
este do século XVIII (1743), alude à "Rua de Cima do Muro da Lada"
onde ficavam umas casas que partiam com a capela do postigo do pelourinho.
"Julgamos que esta capela seria a do Senhor da Lada que ficava ao fundo
das escadas do Codeçal, para a qual se descia "por uma escada de
pedra"”.
Com a devida vénia a Germano Silva
Rua da Lada em 1896
Por estas bandas, numa casa do Cais da Ribeira junto à
Capela da Lada, nasceu o Comandante Carvalho de Araújo em 18 de Maio de 1881.
Faleceu no Oceano Atlântico em 14 de Outubro de 1918.
Ficou célebre por ter conseguido, no comando do caça-minas
NRP Augusto de Castilho, proteger o vapor São Miguel de ser afundado pelo
submarino alemão U-139, comandado por Lothar von Arnauld
de la Perière, em 14 de Outubro de 1918.
Ingressou na Marinha como Aspirante em 12 de Outubro de
1895.
Casa onde nasceu o
Comandante Carvalho de Araújo – Ed. JPortojo
Rua de S. João - Rua do Infante D. Henrique
Rua de S. João
Segundo a Toponímia
Portuense de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas “a Rua Nova de S. João”, como primeiro se chamou (e ainda na Planta
redonda de Balck, em 1813, tem esta designação), começou a abrir-se em 1765,
mas logo surgiram grandes dificuldades e consequentes pleitos por motivo das
expropriações, principalmente levantadas pelos senhorios dos prédios
enfiteuticos. Resolveu-as El-Rei D. José, em 1769, determinando por alvará
régio um processo sumário para tal fim...Ainda em 1784 se cuidava dos alinhamentos
da rua.
O Padre Agostinho Rebelo da Costa
refere-se-lhe já na sua Descrição Topográfica e Histórica da cidade do Porto,
em 1789. Era, como todos sabem, a rua de maior comércio no séc.
XIX”.
A Rua de S. João ou, na sua primeira designação Rua Nova de
S. João, fez parte do plano projectado por João de Almada e Melo visando a
transformação da malha urbana medieval. Assim, a zona ribeirinha portuense
ficava ligada, de forma rápida e eficaz, à parte alta da cidade, facilitando-se
as ligações com o exterior: da Praça da Ribeira, através da Rua Nova de S.
João, tinha-se acesso à Rua do Almada (quer pelo Largo de S. Domingos, Rua das
Flores, Largo dos Lóios, Porta do Almada; quer pelo Largo de S. Bento das
Freiras, Praça Nova) e desta ao Campo de Santo Ovídio.
A sua planta é atribuída a Francisco Pinheiro da Cunha tendo-se iniciado os
trabalhos da sua abertura em 1765. Porém, as obras decorreram de forma lenta,
já que as expropriações e demolições levantaram inúmeras dificuldades (entre
outras, refira-se o Hospital de Santa Clara, administrado pela Misericórdia e
que se situava na Rua dos Mercadores). Por este motivo, e apesar do alvará
régio de 1769, que tentou dar uma solução rápida aos problemas existentes,
ainda prosseguiam os trabalhos em 1784.
Pensa-se que o nome da rua seria uma homenagem a João de
Almada e Melo.
Rua de S. João
Rua do Infante D.
Henrique
A Rua do Infante D. Henrique teve, desde a sua abertura no
tempo de D. João I (1406), várias designações: Rua Formosa, Rua Nova, Rua Nova
de S. Nicolau, Rua Nova dos Ingleses e Rua dos Ingleses.
Nesta rua funcionou no século XV a antiga Bolsa dos
Comerciantes num edifício cedido aos mercadores por D. João I, no qual, ainda
hoje, se podem ver as armas de Avis numa das suas paredes. Reconstruído na
época de D. Afonso V, dava também acesso à Casa da Moeda.
Desde cedo esta artéria tornou-se num dos centros mais
importantes da cidade, não só pela sua largura, o que fez dela uma rua-praça,
mas também pela importância dos edifícios nela, localizados, representativos da
classe sócio-económica que nela vivia.
Na esquina das ruas de S. João e do Infante D. Henrique
encontra-se a Feitoria Inglesa, edifício de grande prestígio na cidade e antigo
clube da colónia britânica no Porto.
Projectado pelo Cônsul inglês John Whitehead, arquitecto
amador, e construído entre 1785 e 1790, é um belo exemplar da arquitectura
neopaladiana- inglesa no Porto.
Largo de S. Domingos e Convento
Convento de S.
Domingos
O largo de S. Domingos perpetua a memória do Convento de S.
Domingos que aí se localizava e cuja fundação era a mais antiga da cidade
(1239). A área ocupada pelo edifício conventual e suas diversas dependências
abrangia toda a zona delimitada pelo Largo de S. Domingos e Rua do Infante D.
Henrique e ruas Mouzinho da Silveira e Ferreira Borges.
O edifício ao longo da sua existência sofreu três incêndios
(no século XVI, em 1777 e em 1832), o último dos quais, durante o Cerco do
Porto, que o destruiu quase completamente. Aquilo que restou - praticamente a
fachada - foi cedido em 1834 pelo Governo ao Banco de Lisboa, depois Banco de
Portugal, que procedeu à sua reconstrução. Em 1934, transferido o Banco para a
Praça da Liberdade, instalou-se no edifício a Companhia de Seguros Douro. Entre
1835 e 1836 foi demolida a sua igreja gótica para dar lugar à Rua Ferreira
Borges. A bela fonte de mármore que existia na sacristia foi colocada, em 1838,
no Jardim de S. Lázaro.
Largo de S.
Domingos
O largo foi conhecido, até meados do século passado, por
Praça ou Terreiro de Santa Catarina, nome associado à Santa que se encontrava
no cunhal da actual papelaria Araújo & Sobrinho.
No local onde hoje vemos a referida papelaria havia uma
fonte adossada (demolida em 1922), construída entre 1846-50 para substituir o
chafariz quinhentista que existia no centro do largo e que fora demolido em
1845.
Junto ao convento, ficava a Capela de
Nossa Senhora das Neves ou da Escada, também hoje desaparecida, cujo nome advém
do facto do acesso ser feito através de uma escada.
A actual Rua de
Sousa Viterbo, antiga Rua Nova de S. Domingos (o seu nome original), foi rasgada
em 1872 por terrenos onde se erguera a Capela da Senhora das Neves,
anteriormente chamada capela da Senhora da Escada, que foi demolida algumas
dezenas de anos antes e que, pouco distava, do chafariz redondo que existiu no
largo.
O chafariz foi
construído a expensas da Câmara para aproveitar alguma da água que ia para o
convento dos dominicanos e em concordância com estes, em meados do século XVI.
Para além desse facto, enquanto coexistiram o chafariz e a capela, estiveram
distanciados cerca de 20 metros.
Vista aérea do Largo
de S. Domingos – Ed. aportanobre.blogspot
Na vista anterior na
estrela verde ao cimo da Rua Sousa Viterbo, ficaria a capela da Senhora das Neves
e na estrela amarela o célebre chafariz.
No mosteiro de S. Domingos, fundado em 1236, anexo à capela,
nos séc XIV e XV, realizaram-se algumas reuniões da Câmara Municipal.
O adro do convento era uma zona de grande actividade
comercial desde o século XIV. O alpendre formado na parede da casa conventual
desempenhava as funções de uma praça pública, tendo-se aí realizado reuniões
camarárias e funcionado também o Tribunal da Cidade. Junto a este alpendre
erguiam-se tendas de pequeno comércio, cuja actividade contribuía para a
animação da zona.
O Largo de S. Domingos esteve ainda ligado às transformações
urbanísticas ocorridas no tempo de João de Almada e Melo. Núcleo articulador de
artérias vitais da parte antiga da cidade (Rua das Flores, Rua de Belomonte,
Rua da Rosa, Rua das Congostas, Rua da Ponte de S. Domingos), para a sua
remodelação projectou o Cônsul inglês John Whitehead uma praça triangular
fronteira ao convento que não teve sequência.
Assim, o acesso à Rua das Flores ou Rua de Santa Catarina
das Flores, como também era conhecida (mandada abrir por D. Manuel I em 1518),
continuou a fazer-se com dificuldade, mas a magnífica fachada da Igreja da
Misericórdia (1749-50), da autoria do italiano Nicolau Nasoni, é vista da mesma
maneira como foi perspectivada pelo seu autor.
Rua e Mercado Ferreira Borges
Rua Ferreira
Borges
Ao descer a Rua Ferreira Borges (assim chamada em homenagem
ao jurisconsulto José Ferreira Borges), encontramos à direita a Rua do Comércio
do Porto, chamada noutros tempos Rua da Ferraria Nova, Rua da Rosa e Rua da
Ferraria de Baixo (já que se dirigia em direcção à ferraria existente na zona
da Ribeira), cuja abertura e urbanização ficou a dever-se aos frades.
O Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (organismo
oficial com funções fiscalizadoras das actividades ligadas à produção e
comercialização do Vinho do Porto) foi criado em 1933, encontrando-se
actualmente sedeado no edifício mais importante da Rua Ferreira Borges que, de
início, se destinou ao Banco Comercial do Porto e desde daquela data está na
posse do instituto.
A magnífica construção, datada de 1843, é, pela elegância e
fineza das suas linhas, um dos melhores exemplares da arquitectura neoclássica
portuense, contribuindo de forma significativa para o enquadramento da Praça do
Infante D. Henrique.
Aqui ficava o Banco
Commercial na Rua Ferreira Borges ainda em obras
Vista actual da foto
anterior
Como se pode ver
pela comparação das duas fotos a casa onda esteve instalado o Banco Commercial,
foi alvo de acrescentos laterais e hoje é sede do Instituto do Vinho do Porto.
No local só se
adivinha que o edifício foi alvo de ampliação, apenas pelas tonalidades
diferentes do granito empregue.
Perpectiva de Norte
para Sul do local das duas imagens anteriores
Na gravura acima
pode ver-se, em 1861, o Palácio da
Bolsa no Porto, Coelho J. «Archivo Pittoresco» e, à direita, um
pouco do edifício do Banco Commercial.
Ainda a mesma
perspectiva de Norte para Sul em 1940
Publicidade em 1905
ao Banco Commercial no Porto
O Banco
Commercial do Porto inicia a actividade em 2 de janeiro de 1836, na Rua Ferreira Borges tendo sido o primeiro
banco do Porto por vontade de dois comerciantes locais, Francisco Joaquim Maia
e João Ferreira dos Santos Silva Júnior, com o privilégio de emissão de moeda,
que, até então, era um exclusivo do Banco de Lisboa, criado dez anos antes.
“Duas
décadas depois da criação do Banco Comercial do Porto (que viria a ser extinto
noventa anos depois da sua constituição), nasce o Banco Mercantil Portuense,
que desapareceu em 1894. Muito impulsionada pelo fluxo de capitais vindos do
Brasil, segue-se a criação do banco União, do Aliança e da Nova Companhia de
Utilidade Pública, todos com capacidade de emitir moeda.
Entre 1873-1875, há uma expansão
descontrolada de bancos no país, incluindo no Porto, em parte por não ser
necessária autorização governativa. Em três anos criaram-se seis bancos, quatro
estabelecimentos de crédito e numerosas agências e filiais de outros bancos. À
euforia e especulação segue-se as crises de 1876, que obrigou ao encerramento
de vários deles.
(…) A partir de 1881, um conjunto importante
de bancos do Porto cria o Sindicato Portuense, para assegurar a construção e
exploração da Linha Férrea de Barca de Alva a Salamanca, um projecto que não
cumpriu as expectativas e ficou conhecido por "Salamancada". É na
sequência da Salamancada, e da profunda crise financeira das maiores
instituições da cidade, que os bancos do Porto perdem, em 1891, o direito de
função fiduciária.
Em 1894, o número de bancos do Porto reduziu-se apenas a dois. "A partir
de então, o Porto deixou de ter qualquer capacidade de diálogo ou de réplica a
Lisboa, a uma capital que se transformou em definitivo no único centro de
decisão nacional".Fonte: ROSA SOARES 11 de Maio de 2009
Igreja de S.
Francisco
Na gravura anterior
com a perpectiva desde a Rua do Infante D. Henrique, vê-se lá longe a abertura
da Rua Ferreira Borges e lá no cimo, a paroquial da Vitória.
Mercado Ferreira
Borges
A arquitectura do ferro no Porto (na qual se incluem o
desaparecido Palácio de Cristal, as Pontes Maria Pia e Luís I, a cobertura
metálica do Pátio das Nações no Palácio da Bolsa, entre outros) tem no Mercado
Ferreira Borges um dos seus exemplares mais interessantes.
Mandado construir na cerca do antigo convento de S. Domingos
pela Câmara (1885-88), pretendia-se que substituísse o velho Mercado da
Ribeira. A sua construção foi arrematada pela Companhia Aliança, pertencendo o
projecto ao arquitecto João Carlos Machado e tendo sido executada pela Fundição
de Massarelos.
A existência do mercado nas funções primitivas a que se
destinava teve uma duração muito curta.
Assim, no início do século XX, surgiram outras alternativas
para o espaço desde o seu aproveitamento museológico (Museu Municipal, Museu
Colonial, Museu Industrial) até à sua utilização como estufa. Posteriormente
levantou-se a hipótese da sua demolição que não foi concretizada. Teve diversas
serventias desde garagem, cozinha dos pobres e, por fim, mercado da fruta
(1939).
Porém, uma vez extinto em 1978, o Mercado Abastecedor de
Frutas, o edifício entrou num processo acelerado de degradação, tendo sido recuperado
unicamente a partir de 1983.
Sem comentários:
Enviar um comentário