“É a freguesia de
Santo Ildefonso caracterizada por aspectos típicos de uma grande cidade,
situada, que está, no coração dela. Uma grande área, uma área onde acontece a
maior parte da fenomenologia urbana, onde os habitantes são de fluxo dinâmico e
onde residem as maiores actividades comerciais, um número soberbo de serviços,
os centros culturais predominantes, a tradição da difusão informativa,
nomeadamente através dos jornais diários do Porto, prestigiados e prestigiosos”.
Fonte – site: j-f.org/jf-stildefonso
Em 1 de Dezembro de 1909, em "O Tripeiro" n.º 52,
um texto assinado por Ricardo Jorge estabelecia:
"... Até 1836
consta o Porto propriamente de sete freguesias, Sé, Vitória, S. Nicolau, Santo
Ildefonso, Miragaia, Massarelos e Cedofeita. Pelo decreto de 26/11/1836
foram-lhe anexadas Lordelo do Ouro, Campanhã e S. João da Foz; e por carta de
lei de 27/8/1837, nova anexação, a de Paranhos.
A desigual
distribuição destas freguesias pedia reforma das suas circunscrições; deste
plano tomou a iniciativa o bispo eleito, e aprovado superiormente o seu
projecto de portaria de 13/2/1838, procedeu-se a nova demarcação, fixada por
uma comissão onde entrava o bispo, a câmara e delegados das juntas de paróquia.
Santo Ildefonso de uma
área enorme, foi desmembrada, criando-se à sua custa uma nova freguesia, a do
Senhor do Bonfim. O arredondamento paroquial de 1838 só foi sancionado pelo
decreto de 11/12/1841, sob o referendo de Costa Cabral.”
Importante será
salientar a data de 1623, em que há uma referência a Santo Ildefonso - D.
Rodrigo da Cunha avançava nessa data um quantitativo da que chamou "Santo
Ildefonso": 1150 habitantes, sendo 1000 de maioridade e 150 menores".
Um estudo de Domingos
A. Moreira, sobre as "Freguesias da Diocese do Porto" diz, que a
freguesia de Santo Ildefonso, nasceu entre o ano de 1623 e o ano de 1687.
Entretanto, uma Pública Forma datada de 6 de Maio de 1828,
em certidão atestada pela Câmara diz:
"À vista dos
respectivos títulos ou documentos haija de attestar-lhes ou certificar-lhes de
narrativa se consta ou existe memória que designe o tempo em que havia huma só
freguesia nesta cidade".
Trata-se de uma
certidão da Câmara a pedido do Juiz e Mesários da Confraria do Santíssimo
Sacramento e Senhor Jesus da freguesia de Santo Ildefonso, solicitando a
precisão, que a certidão da Câmara apontava para o ano de 1551.
Transcreve-se o texto
(a data de 1584 é citada, no entanto, como desdobramento de freguesias na
cidade):
" Rodrigo Freire
de Andrade Pinto de Sousa, escrivão da illustrissima câmara desta cidade do
porto e seu termo por sua magestade fidelissima que deos guarde, faço certo que
do livro das vereaçoens do anno de mil e quinhentos e sincoenta e hum, a folhas
sete verso, consta ser a parrochia da sé a unica em toda a cidade dando motivo
a esta declaração tomada em camara em congresso de povo se sim ou não deverião
haver confrarias do santissimo sacramento nos conventos de sam francisco e sam
domingos para o povo poder assistir as procissoens dos domingos terceiros,
visto que não cabia na sé nesses dias e não havia outra parrochia ou confraria
no anno de mil e quinhentos e secenta e hum em huma sentença no livro segundo
dellas a folhas cento e quarenta consta haver freguezia em santo ildefonço
arrabalde da cidade assim como o haverem já as novas igrejas na cidade no anno
de mil e quinhentos e oitenta e quatro e nellas estabellecidas as confrarias do
santissimo sacramento para as quaes pertendia o senhor bispo concorresse a
confraria do santissimo sacramento da sé com quatro tochas para cada huma ao
que se opozerão em camara negando-se aquella requezição".
Estes dados dispersos
não podem, com rigor, dizer-nos muito sobre a formação da freguesia de Santo
Ildefonso e os circunstancialismos que a determinaram. Um ou outro aspecto são,
no entanto, irrefutáveis. Por exemplo, a sua vasta extensão, que a tem vindo a
caracterizar desde sempre. E a fundamental importância de que alguns dados
apontam.
Em 12 de Setembro de
1983, o Presidente da Junta de Freguesia de Santo Ildefonso, Albino Alves
Teixeira, endereçou um ofício ao Chefe de Divisão do Arquivo Histórico da
Câmara Municipal do Porto. Nesse ofício foi salientado:
"Sabemos que nos
fins do século passado, um prédio onde estavam instaladas as Escolas Paroquiais
de Santo Ildefonso e a respectiva secretaria da Junta, prédio esse que
pertencia ao Conselheiro Miguel Dantas Gonçalves Pereira, ardeu numa noite de
Santo António, não existindo portanto livros de actas ou outros documentos que
nos certifiquem da formação legal da Junta de Freguesia".
Assim e a partir das
informações disponíveis, inquiria-se da possibilidade de confirmar-se aquela
data de 24 de Junho de 1634 através dessa via.
A resposta pouco
avançou: ao ofício da Junta seguiu-se o ofício do Chefe da Divisão do Arquivo
Histórico que referia:
"1. Não parece
existir neste Arquivo Histórico qualquer documento alusivo à criação da
paróquia de Santo Ildefonso;
2. Foi percorrida
vária bibliografia, mas as informações encontradas continuam a ser muito vagas.
Por exemplo, do estudo de Domingos A. Moreira, sobre as "Freguesias da
Diocese do Porto" (pág. 126) apenas se pode confirmar que o seu nascimento
se deu entre 1623 e 1687;
3. Todavia, num livro
editado em 1869, da autoria de J. M. Pinto, e sob o título "Apontamentos
para a História da Cidade do Porto" (pág. 104) volta-se a indicar que
"no anno de 1634, a confraria do Senhor Jesus juntou-se à do Santíssimo
Sacramento. Foi elevada a freguesia em 1634, contando então 1790 almas".
Num outro estudo encontramos a indicação que isso se deu por desmembramento da
freguesia da Sé";
4. É provável que esteja
correcta a informação do nº 52 de "O Tripeiro".
Na página 104 de
"Apontamentos para a Cidade do Porto" pode pois, ler-se:
“ Data de grande
antiguidade a fundação da sua primeira Igreja. Consta que já em 1519 existia
uma Igreja com a invocação de Santo Ildefonso, a qual era extramuros, próximo
da Porta de Cima da Vila e aonde era também venerada a imagem do Senhor Jesus,
que tinha a sua respectiva Confraria. Já em tempos imemoráveis se sepultavam no
Adro desta Igreja as entravadas e em 1592 a confraria concedeu sepultura aos
pobres da Freguesia. No ano de 1634 a Confraria do Senhor Jesus juntou-se à do
SS. Sacramento. Foi elevada a Freguesia em 1634, contando então 1790 almas.”
Estes são, grosso
modo, os únicos pontos em que podemos assentar. O arrabalde de Santo Ildefonso,
extramuros, é portanto antiquíssimo. Como paróquia sub-urbana era a mais
extensa, ladeando sempre a muralha Fernandina, principiava no Senhor do Bonfim
e ia terminar nos assentos das Virtudes, limitando com Campanhã, Paranhos,
Cedofeita e Miragaia. Incluía já no seu âmbito as ruas de Santo Ildefonso e de
Santa Catarina, a Neta, o Bonjardim, as Hortas, a Natividade e a Rua do Almada,
até à Igreja de Nossa Senhora da Lapa. Voltando pelo lado poente do Largo de
Santo Ovídio dividia com Cedofeita e Miragaia pela Rua da Sovela, Ferradores,
Cordoaria e Virtudes.
Deambulando pela
freguesia partamos junto à Igreja de Santo Ildefonso, que se encontra
mencionada em documento do século 13 e onde ainda em 1560 se erguia no meio de
um campo junto de um souto de Carvalheiras, "fora da Porta de Cima da
Vila".
Era templo pequeno e
estava, nos princípios de setecentos, muito arruinado; foi mandado reedificar
em 1730.
Próximo ficava um
casal, que antes de 1443 se chamava Casal
de João Ramalde e depois, Lugar do
Pinheiro. Logo adiante, na actual Praça da Batalha, junto da Porta de Cima
de Vila, o devoto Baltasar Guedes mandou edificar, em 1590, a capela de Nossa
Senhora da Batalha.
Mais abaixo, ficava o Lugar dos Carvalhos do Monte; quase
encostada ao Postigo do Penedo (que João de Almada transforma, em 1768, na
Porta do Sol) erguia-se a ermida de Santo António do Penedo, com seu adro de
galilé, e ao lado, a casa solarenga dos Brandões. Era um dos mais pitorescos
recantos do velho Porto, infeliz e inutilmente destruído em 1887. Ficava em
frente do palácio do visconde de Azevedo.
A Rua das Fontainhas
chamou-se em algum tempo Rua do Regato.
Por aqui estiveram o Recolhimento das Entrevadas (já existente em 1498), o Hospital
dos Lázaros e Lázaras (1558), e o Recolhimento de Nossa Senhora das Dores
(Velhas do Camarão) fundada em data anterior a 1804, e localizado na Viela de Nossa Senhora das
Dores, ao Largo do Camarão por detrás do Recolhimento das Órfãs, em S. Lázaro.
O Recolhimento de
Viúvas Pobres de Nossa Senhora das Dores, vulgarmente chamado do Camarão, foi
ali fundado c. de 1804 por Francisco António Rebelier, confirmada a doação das
casas de recolhimento e capela de Nossa Senhora das Dores, em seu testamento de
2 de Maio de 1819. Foi depois mudado para as Fontainhas, sob a administração da
Santa Casa da Misericórdia do Porto”.
Fonte – site: j-f.org/jf-stildefonso
“Porque se chamava ao
largo do Camarão? Porque ali morava, em 1698, um tal Manuel Gonçalves, o
"camarão" casado com Maria Nogueira, pais de uma moça Antónia,
recebida nesse ano, à face da igreja, com o pedreiro João de Sousa”.
Toponímia Portuense de Eugénio Andrea da Cunha e Freitas
A Alameda das Fontainhas deve-se a Francisco de Almada
(1790).
Entre as Ruas das Fontainhas e do Sol, onde funcionaram os
matadouros, chamava-se outrora Vale de Donas, e existia uma quinta,
depois denominada das Fontainhas, que pertenceu sucessivamente às famílias
Pereira de Melo (capitães-mores de Penafiel), Fontana, Vanzeller e
Alpenduradas.
A Rua de Alexandre Herculano, que liga as Fontainhas à
Batalha, começou a ser aberta em 1877: chamou-se primeiro Rua Nova da Batalha.
Foi rua de teatros e cinemas. Aí, no chamado Parque das
Camélias passavam filmes em sessões contínuas no século XX. Na esquina com a
Rua Duque de Loulé abriu no início do séc. XX o Metropolitano que era
constituído por uma carruagem do caminho-de-ferro, onde pelas janelas se
observavam paisagens de viagens a Paris, Londres, Berlim e outras paragens.
Abertura da Rua
Alexandre Herculano, 1880 - Museu Nacional de Soares dos Reis,
Henrique Pousão (1859 –1884)
Na Rua Alexandre Herculano ao nº 356 em tempos existiu o Teatro
D. Afonso.
O Eden-Teatro substituiria o Teatro D. Afonso no mesmo local,
cujas instalações foram usadas em 1919 pelos partidários da ”Monarquia do
Norte”, saída de um golpe monárquico e onde, funcionou um tribunal de tortura
dos opositores republicanos.
A fachada do Eden
Junto da capela de Sant'llafom e de uma velhíssima
Albergaria dos Peregrinos de Cima de Vila", havia, em 1590, o Campo
do Pombal, que entestava com "a
estrada que vai entre as paredes", para S. Lázaro.
Deve ser esta, uma remota referência à Rua de Entreparedes,
à qual se seguia a Rua do Reimão, hoje Avenida Rodrigues de Freitas e que também
foi, Rua
de S. Lázaro.
O Campo de S. Lázaro estava
antigamente plantado de frondosos carvalhos e castanheiros.
Lá esteve, desde o séc. XIV e vindo da Ribeira, o Hospital
dos Gafos "de Cima de Vila de
Mijavelhas", aos quais el-rei D. João I confirmou os antigos
privilégios por c. de 28-IX-1423 (A. D. 1385).
Ainda existem por aqui dois edifícios que merecem especial
menção: a igreja e Recolhimento das Órfãs, fundado em 1724 pelo padre Manuel de
Passos e Castro, e o convento de Santo António da Cidade (1783), hoje
Biblioteca Municipal.
Num breve périplo por esta zona, em tempos idos, próximo de
S. Lázaro, deparávamo-nos no que é hoje o moderno Largo dos Poveiros, com a
capela de Santo André e de Santo Estêvão, demolida em 1863, quando a Câmara
decidiu prolongar a Rua da Alegria até àquele largo.
À Rua de Santo André encontramos referências em 1692.
Adiante ficava o Padrão das Almas, ainda agora
recordado no Largo do Padrão.
Mijavelhas era todo o espaço que hoje compreende a Rua do
Morgado de Mateus (José Maria de Sousa Botelho Mourão e Vasconcelos ),
que se chamou primeiro Rua do Mede Vinagre e depois da
Murta e o Poço das Patas (hoje Campo 24 de Agosto). Esteve aqui a forca
até 1714, ano em que o Senado deliberou mudá-la para a Ribeira.
O regato de Mijavelhas, que desaguava no Douro, fazia mover
no seu percurso numerosas azenhas, antes de alcançar o Monte do Seminário,
junto do Prado do Repouso.
Mais longe, em direcção a Campanhã, encontramos a igreja do
Senhor do Bonfim, edificada em 1760 e depois tornada em paroquial, independente
de Santo Ildefonso. Em redor, a Alameda do Bonfim, obra, como a das Fontainhas
e a das Virtudes, do grande corregedor Almada, era um dos aprazíveis lugares da
cidade.
Mas voltemos à igreja de Santo Ildefonso, ponto de partida
de duas das principais artérias da cidade moderna: as Ruas de Santa Catarina e
de Santo António.
A Rua Nova de Santa Catarina é uma das
grandes obras que o Porto deve aos dois Almadas e há documentos de 1748 em que
ela já é referida por aquele topónimo.
Em 1771 tratava-se do seu alinhamento que sofreria sucessivas
reedificações e alterações até 1780.
À Rua
Bela da Princesa se chamou o seu prolongamento até à Alameda da
Aguardente (praça Marquês de Pombal) por decisão de 1784 de João Almada e Melo.
A Rua da Duquesa de Bragança (hoje de
D. João IV) rasgou-se por volta de 1855.
Outras artérias que são paralelas ou transversais à Rua de Santa Catarina datam
quase todas de época posterior e pertencem já a outras freguesias:
Em 1838, um edital determinava que a Travessa da Alegria e a Travessa
de S. Jerónimo formassem uma só, com o nome de Rua Firmeza;
O troço que
actualmente liga a Praça do Marquês de Pombal a Fernão de Magalhães, passando
pela actual Rua Carlos Malheiro Dias, começaria a abrir-se em 1858;
Em 1858 projectava-se uma outra rua que substituísse a Viela
das Doze Casas, ou seja, a Rua do Príncipe Real (agora de
Latino Coelho), que se abriu primeiro até à Rua da Alegria e depois de 1866 se
prolongou até ao Largo da Póvoa e Rua de S. Jerónimo (hoje de Santos
Pousada).
Este Largo da Póvoa recorda antigos casais rústicos, que
constituíam pequenas aldeias (Póvoa de Baixo e de Cima).
A Póvoa de Cima chegou a pertencer a Paranhos.
Na Aguardente por onde passava em continuação do Bonjardim,
a estrada de Guimarães, edificou-se em 1875 a capela de Santo António. Em volta
da alameda, ainda em 1858 existiam estreitas e tortuosas vielas.
A Rua 27 de Janeiro partia do Largo da
Aguardente (Praça Marquês de Pombal) até à Rua da Rainha (Rua de Antero Quental). Aí terminava em 1843.
O nome de 27 de
Janeiro foi-lhe dado, em 27/1/1842, quando Costa Cabral aclamou, no Porto, a
Carta Constitucional.
Previsto desde 1840, em 1843 já existia o projecto de
prolongamento da Rua 27 de Janeiro (a actual Rua da Constituição) para poente da
Rua
da Rainha, até à Estrada do Matadouro (hoje Rua de
Serpa Pinto) mas, só começaria a via a ser aberta, em 1890.
A área dos terrenos, subjacente e contígua às vias referidas, faz hoje em certa medida parte também da freguesia de Paranhos, e
passa rente ao Monte Pedral, mas, antes disso, em 1875, pertencia à freguesia de Cedofeita, como nos diz Pinho Leal:
"era muito mais vasta do que actualmente, pois
comprehendia no seu âmbito o seguinte— principiando no fim da actual rua da
Rainha (antiga estrada do Sério) onde havia um marco, corria a medição pelo
Monte Pedral até ao Carvalhido (actual rua da Natária) tudo da parte do N.,
confrontando com Paranhos. (…) E pela rua da Sovélla (hoje dos
Martyres da Liberdade) até ao campo de Santo Ovídio (hoje da Regeneração) pelo
lado esquerdo da rua da Lapa (antigamente Germalde) e d'ahi pela rua da Rainha,
lado esquerdo (O.)"
O Monte Pedral, tal
como o nome indica, era a maior pedreira do Porto e fornecia pedra a grande
número de construções na cidade.
Tem-se notícia em 23
de Setembro de 1858 no jornal “Diabo a Quatro” que era no Monte Pedral que
costumavam ser enterrados os cavalos e os burros, no Porto.
Este monte só em
1890 estava suficientemente desbastado de forma a ser possível abrir a
continuação da Rua da Constituição.
Em 1892 na confluência da Rua da Constituição com a Rua de Serpa Pinto no local onde mais tarde foi implantado o Quartel de Cavalaria estava, nessa data, o "Asilo-Escola D. Maria Amélia".
Em 1892 na confluência da Rua da Constituição com a Rua de Serpa Pinto no local onde mais tarde foi implantado o Quartel de Cavalaria estava, nessa data, o "Asilo-Escola D. Maria Amélia".
Durante largo tempo,
nesse local, só existiu uma estreita passagem para peões e carros de
bois.
O desbaste do monte
Pedral para prolongamento da Rua 27 de Janeiro
Voltando ao coração da freguesia de Santo Ildefonso.
Em 1822, prevê-se o melhoramento do tortuoso Caminho
de Malmerendas (Rua Dr. Alves da Veiga), por duas maneiras: em linha
recta, da actual Rua de Fernandes Tomás até próximo do encontro da Rua Formosa
com a Rua Direita (Rua Santo Ildefonso), ou, por linha quebrada, em
direcção à mesma Rua Direita, na saída da travessa para S. Lázaro.
Tem-se desses tempos também conhecimento, de uma grande quinta
chamada Quinta de Lamelas, que está
hoje representada por alguns quintais de casas das ruas Formosa e de Santo
Ildefonso e parte do leito da Rua Passos Manuel.
Há poucos séculos todo este bairro de Santa Catarina, Santo
António, Fernandes Tomás e Sá da Bandeira constituíam vasto terreno bravio, matagais,
almoinhas (hortas), alguns quintalejos irrigados por cursos de água que desciam
para o rio da Vila ou para o Douro.
A urbanização deste trato citadino, por esforço dos Almadas,
designadamente a abertura da Rua de Santo António, em fins do séc. XVIII, foi
obra notabilíssima, como tal, já na própria época reconhecida e proclamada.
Escrevia em 1879 o inglês Thomas Modessan:
"O rompimento da
Rua de Santo Ildefonso, a unir com o largo da Porta de Carros e Calçada dos
Clérigos é outra das majestosas obras que em outro tempo apenas se poderia
conceber e efectuar no decurso de um século".
Refere-se o anterior texto, como se vê, à Rua de Santo António,
que em sentido descendente vai dar à Praça (da Liberdade), que foi sempre um
centro de toda a vida citadina.
Fora da Porta de Carros, e junto da muralha fernandina,
estendia-se pelos anos de 1430, um casal chamado de Paio de Nabais; note-se a
circunstância curiosa de em Lisboa existir, por esse tempo, topónimo
semelhante.
Próximo ficava o Casal da Torre, vinculado à capela
de João Anes Gordo, coutador de el-rei. Estes e outros casais ficavam onde
então se chamava, As Hortas.
Em 1711 "O Rev.
do Cabido tomou a si para fundar a Praça
Nova, fora da Porta de Carros", terrenos que eram seus e outros
que obteve por troca. Assim começou a urbanizar-se o local, principalmente
depois que, dez anos mais tarde, em 1721, o mesmo Cabido e a Câmara se
entenderam para esse objectivo.
“E para terminar esta
digressão pela freguesia de Santo Ildefonso, diremos ainda que em 1623 ela
contava 1.150 almas; em 1706, 589 fogos com 2.134 habitantes; em 1732, D. Luís
Caetano de Lima conta 4.747 almas; e em 1788, o padre Rebelo da Costa, 4.390 fogos,
com 18.814 habitantes. Repare-se neste extraordinário incremento de população,
devido aos esforços urbanizadores dos Almadas.
Sendo em 1787, dez as
freguesias do Porto, a de maior envergadura era já a de Santo Ildefonso.
Depois disso foi
alterado o espectro das freguesias portuenses, sempre de uma forma algo
confusa. E de tal forma que os limites delas foram de uma maneira ou doutra
sempre postas em causa, com toda a série de inconvenientes daí decorrentes,
tendo em vista a necessidade de fazer avançar a cidade no campo do progresso o
qual acabava por se estrangular nesta ou naquela circunstância nomeadamente no
respeitante ao desenvolvimento urbanístico da cidade.
Daí ter surgido, com
data de 8 de Fevereiro de 1956 um Decreto proveniente do então Ministério do
Interior, da Direcção-Geral de Administração Política e Civil. Assinado por
Francisco Higino Craveiro Lopes (Presidente da República), António de Oliveira
Salazar (Presidente do Conselho de Ministros) e por Joaquim Trigo de Negreiros
(Ministro do Interior) e com o número 40 526 o Decreto foi publicado nesse dia
no então "Diário do Governo" (1 Série - Número 30) e estabelecia a
nova delimitação das freguesias do concelho do Porto.
O Decreto tinha artigo
único e citava as seguintes freguesias:
Aldoar, Bonfim,
Campanhã, Cedofeita, Foz do Douro, Lordelo do Ouro, Massarelos, Miragaia,
Nevogilde, Paranhos, Ramalde, São Nicolau, Santo Ildefonso, Sé, e Vitória.
No que a Santo
Ildefonso diz respeito, o texto da sua delimitação era o seguinte:
Santo Ildefonso - Com início na Avenida de Rodrigues de Freitas, no cruzamento
com a Rua de S. Vítor (vértice comum às três freguesias: Santo Ildefonso,
Bonfim e Sé), segue pela Rua de D. João IV até à Rua da Firmeza, Rua da
Firmeza, para poente, até à Rua da Alegria, Rua da Alegria, para norte, até à
Rua da Escola Normal. Rua da Escola Normal, Rua de Santa Catarina para norte,
arruamento nascente da Praça do Marquês de Pombal. Rua da Constituição, para
poente, até à Rua de S. Brás e por esta rua, para sul, até à Rua do Paraíso,
Rua da Regeneração, arruamento nascente da Praça da República. Rua do Almada
até à Rua de Ricardo Jorge, onde fica o vértice comum às três freguesias:
Cedofeita, Santo Ildefonso e Vitória. Rua do Almada, para sul, até à Rua dos
Clérigos, onde fica o vértice comum às três freguesias: Vitória, Santo
Ildefonso e Sé, seguindo, para nascente, pelo arruamento sul da Praça da
Liberdade. Praça de Almeida Garrett, Rua da Madeira até à Praça da Batalha e
deste ponto até à parede divisória dos prédios n.os 19 e 20 da Praça da Batalha
e daqui, contornando a propriedade do Teatro Águia de Ouro, até junto ao cunha
sudoeste do prédio n.º 1 da Rua de Entreparedes. Rua de Entreparedes, para
nordeste, e Avenida de Rodrigues de Freitas até à Rua de S. Vítor.
Fonte – Site: freguesias.pt
Fonte – Site: freguesias.pt
A seguir se faz referência às artérias a que o Decreto atrás
mencionado se refere:
- Avenidas: Aliados e Rodrigues de
Freitas (n.º 250 ao 370, pares).
- Becos:
Pedregulho e S. Marçal.
- Largos:
Fontinha, Padrão (n.º 8 ao 20 e do n.º 313 ao 321), Ramadinha e Dr. Tito
Fontes.
- Passeios: São
Lázaro. Pátios: Bolhão e Bonjardim.
- Praças: Batalha
(n.º 1 ao 19 e do n.º 117, até ao fim), D. João 1, General Humberto Delgado,
Liberdade (n.º 40 ao 142, pares e ímpares), Marquês do Pombal (n.º 1 ao 205,
ímpares), Poveiros, República (n.º 138 a 210, pares e ímpares) e Trindade.
- Ruas: Alegria
(n.º 2 ao 296 e do n.º 1 a 417 até à Escola Normal), Alexandre Braga, Alferes
Malheiro, Almada (n.º 2 ao 614, pares e até ao Palacete dos Pestanas), Dr.
Alfredo Magalhães, Alto da Fontinha, Dr. Alves da Veiga, António Pedro, António
Sardinha, Dr. Artur de Magalhães Bastos, Ateneu Comercial do Porto, Bela da
Fontinha, Bolhão, Bonjardim, Camões, Campinho, Carvalheiras, Clube dos
Fenianos, Constituição (n.º 545 ao 913, ímpares), D. João IV (n.º 1 ao 493,
ímpares), Elísio de Meio, Entreparedes (n.º 1 ao 63, ímpares), Escola Normal
(n.º 1 ao 61, ímpares), Estêvão, Fábrica Social, Faria Guimarães (n.º 2 ao 550
e do n.º 1 ao 551), Fernandes Tomás (n.º 288 e 335, até ao fim), Firmeza (n.º
93 e 358, até ao fim), Fonseca Cardoso, Fontinha, Formosa (todos os números,
excepto os n.ºs 2 ao 6, pares),Gonçalo Cristóvão, Guedes de Azevedo, Guilherme
da Costa Carvalho, Ramalho Ortigão, Heróis e dos Mártires de Angola, João de
Oliveira Ramos, João Pedro Ribeiro, João das Regras, Madeira (n.º 2 a 246,
pares), Dr. Magalhães Lemos, Moreira de Assunção, Musas, Olivença, Paraíso,
Passos Manuel, Raul Dória, Regeneração (n.º 1 ao 146, pares e ímpares), Régulo
Magauanha, Dr. Ricardo Jorge (n.º 2 a 36 e n.º 3 a 23), Rodrigues Sampaio, São
Brás (n.º 2 ao 606, pares), Sá da Bandeira, Sampaio Bruno, Santa Catarina (n.º
1 ao 1787 e do n.º 2 ao 966), Santa Helena, Santo André, Santo António, Santo
Ildefonso (n.º 1 ao 311 e do n.º 2 ao 320) e Trindade.
- Travessas:
Alferes Malheiro, Almas, Antero de Quental (n.º 2 ao 218 e do n.º 1 ao 259),
Bonjardim, Campos, Congregados, Fontinha, da Rua Formosa, Liceiras,
Regeneração, São Brás (do n.º 1 ao 47 e do n.º 2 ao 46), São Marcos, Sá da
Bandeira e Senhora da Conceição.
Esta relação, mais ou menos exaustiva, serve para demonstrar
a extensão desta freguesia do Porto.
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