“A primitiva ocupação
humana, possivelmente por castros, do sítio do Porto
sobranceiro à margem direita do rio Douro, remonta ao período final
da Idade do Bronze, aproximadamente por volta do século VIII a.C..
O povoado
proto-histórico terá mantido, desde cedo, importantes ligações comerciais com a
bacia do mar Mediterrâneo.
Sabe-se que, houve no Porto pelo menos três
cinturas defensivas: uma castreja, muito antiga; outra romana, que durante
muito tempo se julgou ser sueva e também é conhecida por cerca velha; e a
cerca fernandina, ou gótica.
À época
da Invasão romana da Península Ibérica, a povoação, já contava com
edificações de porte e controlava, com “Cale”, na margem esquerda do rio Douro,
um importante eixo viário entre "Olissipo"
(atual Lisboa) e "Bracara
Augusta" (atual Braga).
Numa
pesquisa arqueológica na década de 1940 no alto da Pena
Ventosa encontrou-se uma ara- votiva e uma moeda do
imperador Constantino e duas colunas de mármore.
Datará desta época a
primitiva cintura de muralhas da povoação. Com as Invasões
bárbaras da Península Ibérica, os Suevos adquiriram o controle sobre
todo o Noroeste peninsular. A povoação, então denominada como "Portuscale", neste período foi elevada a sede de
bispado, vindo a sofrer expressivo retrocesso após a Invasão muçulmana da
Península Ibérica, no século VII.
Da Reconquista Cristã
à formação da nacionalidade
À época da
Reconquista cristã da península a região de "Portucale" foi reconquistada
pelas forças de Vímara
Peres no ano de 868, ficando sujeita às oscilações da linha da
fronteira.
Embora não haja
informações sobre as estruturas defensivas neste período, é certo que
no século X uma muralha já existia, conforme se infere da leitura da
carta do cruzado inglês que descreve a conquista de Lisboa,
datada de 1147. Tendo a expedição passado pela foz do rio Douro, quando
acedeu auxiliar D. Afonso Henriques na conquista daquela cidade, o
documento informa que, tendo a cidade do Porto sido assolada por uma incursão
de sarracenos, os estragos haviam sido reparados havia uns oitenta anos
antes, isto é, por volta de 1067. Com base nessas informações, e nesse
recorte temporal, os estudiosos admitem que a incursão sarracena tenha ocorrido
no contexto da ofensiva de Almançor em 997 e que os reparos
tenham tido lugar em fins do reinado de Fernando Magno, de Leão-Castela.
A Condessa D. Teresa,
mãe de D. Afonso Henriques, fez a doação
do couto do Porto ao Bispo D. Hugo, o qual, em 1123 lhe outorgou a primeira Carta de Foral. Datará
desta época a reconstrução da primitiva
cintura de muralhas da povoação, também denominada como muro
romano”.
Fonte: pt.wikipedia.org
Muralha Primitiva
A muralha primitiva tinha quatro portas: 1. Porta
de Vandoma, 2. Porta de S. Sebastião, 3. Porta
de Sant’ Ana e 4. Porta das Mentiras depois Porta
da Senhora das verdades.
A Porta de S.
Sebastião foi demolida em 1819 por ameaçar ruína.
Ao espaço que ficava dentro da primeira muralha, também
conhecida por "Cerca velha",
com um perímetro de 750 metros, aproximadamente e uma área que não ia além dos
quatro hectares, dava-se o nome de "Castelo".
Era essa a denominação que tinha quando, por exemplo, o príncipe
D. Afonso, o futuro rei D. Afonso IV, se revoltou contra o pai, o rei D.
Dinis. Houve necessidade, nessa altura, de demolir umas casas que estavam
encostadas "ao muro do castelo", a fim de que "os ditos
muros" servissem "como lhes competia de defesa da
cidade...".
Por sua vez a Porta de Vandoma seria mandada demolir em 1860, e em Julho desse mesmo ano, a imagem que lá se encontrava de Nossa Senhora da Vandoma recolheu à capela de Senhor da Agonia no claustro da Sé.
Por sua vez a Porta de Vandoma seria mandada demolir em 1860, e em Julho desse mesmo ano, a imagem que lá se encontrava de Nossa Senhora da Vandoma recolheu à capela de Senhor da Agonia no claustro da Sé.
Muralha Medieval
Maqueta da cidade Medieval e muralha junto à Ribeira e rio
da Vila - Fonte: Manuel de Sousa In pt.wikipedia.org
Maqueta da Muralha Medieval na Judiaria e Morro do Olival - Fonte:
Manuel de Sousa In pt.wikipedia.org
“No século XV, o muro,
como também era designada a muralha, começado a construir em 1336, no tempo do
rei D. Afonso IV, ainda não estava totalmente concluído. E em alguns pontos
onde já estava de pé, nomeadamente junto ao rio, havia partes com sérios danos
causados pelo encosto dos navios que atracavam.
Sabe-se disto porque,
em 1401, em consequência de graves danos causados num determinado ponto da
muralha, à qual havia sido amarrado um navio, o rei D. João I ordenou que os
moradores da cidade fossem obrigados a trabalhar "por adua" no
"repairamento e obras" que deviam ser feitas para consertar o muro,
mas também "na torre de Cima de Vila, a qual estava ainda por
concluir".
Uma explicação para
quem, porventura, já se não lembre: "adua" ou "anaduva"
era uma espécie de imposto pessoal para a construção de fortificações ou seu
reparo. Significava, em duas palavras: trabalho forçado.
A torre de Cima de Vila, a que se refere a carta que D. João I escreveu aos "homens bons" do Porto, era nem mais nem menos do que a célebre porta de Cima de Vila sobre a qual existia uma pequena edícula onde estava a imagem de Nossa Senhora da Batalha, padroeira ou protetora daquela porta, uma das mais importantes do velho burgo.
E, chegados aqui, ocorre perguntar: e as outras portas, também tinham santos protetores? Tinham, como vamos ver.
Eram quatro as portas principais: Porta da Batalha, no alto da Rua de Cimo de Vila, na Praça da Batalha, portanto; a Porta do Olival, no campo do Olival, claro, à Cordoaria, muito importante; a Porta Nova ou Nobre, ao fundo das escadas do Caminho Novo, por onde entravam os reis e os bispos quando vinham à ou para a cidade; e a Porta da Ribeira, das mais movimentadas, em plena Praça da Ribeira.
Além destas, houve na muralha outras portas, que resultaram da transformação de postigos em portas. Foi o caso da porta do Sol, construída em 1774, que substituiu um postigo ali existente chamado postigo do Carvalho, por ficar no sítio dos Carvalhos do Monte, que era o nome dado naquele recuado tempo ao atual Largo do Primeiro de Dezembro; em frente à Igreja de Santo António dos Congregados, havia o postigo de Carros, que foi transformado em porta, ficando com a mesma designação; junto à Cordoaria, ao fundo da antiga Rua do Calvário, hoje denominada Rua do Dr. Barbosa de Castro, ficava o postigo das Virtudes. Em 1682, para permitir um mais fácil acesso à vizinha Fonte das Virtudes, transformaram-no em porta, mantendo a mesma designação.
E vamos aos padroeiros, começando, agora, pela Porta do Olival. Era das mais importantes e nela estava aquartelado, se assim se pode dizer, permanentemente, um corpo da Guarda. Teve também o Sino de Correr, que tangia às trindades para que toda a gente recolhesse a suas casas. Eram seus padroeiros S. Miguel-o-Anjo e S. João Baptista.
A Porta Nova ou Nobre, em Miragaia, beneficiava da proteção de Nossa Senhora do Socorro, cuja imagem figurava numa pequena edícula. Nesta porta, havia uma torre que servia de armazém de pólvora. Em 1580, no tempo da governação dos Filipes, foi dotada com uma espécie de fortim redondo, à moda do que se usava fazer na Flandres.
A Porta da Ribeira, digamos assim, rasgada na muralha, abria para o rio, permitindo o acesso à Praça da Ribeira a quem viesse de barco. Tinha como padroeira Nossa Senhora do Ó ou da Expectação, que era venerada numa capela situada sobre a porta. Também era conhecida pela Porta da Senhora do Ó e os que vinham do rio Douro para a Praça da Ribeira entravam numa espécie de túnel e passavam por baixo da capela onde estava a padroeira da porta.
Finalmente, a Porta da Batalha, também conhecida por Porta de Cima de Vila. A padroeira era, naturalmente Nossa Senhora da Batalha. Junto da torre desta porta, estava uma capela da invocação de Nossa Senhora da Batalha. Dizem os historiadores que este nome de "Batalha", dado também à praça ali perto, evoca uma sangrenta batalha que por ali se terá travado no século X, entre as tropas cristãs do conde Hermenegildo e as hostes mouras de Abderramão III. Tinha uma imponente torre militar.
A imagem de Nossa Senhora da Batalha que estava numa capela da porta do mesmo nome ainda existe. Está recolhida no pequeno mas muito bem organizado museu da catedral.
Ao longo da muralha, que se estendia por um perímetro de cerca de 3000 metros, além das portas havia também vários postigos, isto é entradas mais pequenas usadas, normalmente, para atividades especificas. Daí, o nome de alguns deles: postigo das Tábuas; postigo do Peixe; postigo da Areia; postigo do Carvão. Este foi o único que chegou até aos nossos dias (na foto) em muito bom estado de conservação. Fica ao fundo da Rua da Fonte Taurina, da Aurina, se dizia, antigamente, para quem vai do Largo do Terreiro para a Praça da Ribeira. 0lhando-o, é possível constatar que em tempos idos a cota do cais ficava um bom pedaço mais abaixo do que está na atualidade”.
Com a devida vénia a Germano Silva
A torre de Cima de Vila, a que se refere a carta que D. João I escreveu aos "homens bons" do Porto, era nem mais nem menos do que a célebre porta de Cima de Vila sobre a qual existia uma pequena edícula onde estava a imagem de Nossa Senhora da Batalha, padroeira ou protetora daquela porta, uma das mais importantes do velho burgo.
E, chegados aqui, ocorre perguntar: e as outras portas, também tinham santos protetores? Tinham, como vamos ver.
Eram quatro as portas principais: Porta da Batalha, no alto da Rua de Cimo de Vila, na Praça da Batalha, portanto; a Porta do Olival, no campo do Olival, claro, à Cordoaria, muito importante; a Porta Nova ou Nobre, ao fundo das escadas do Caminho Novo, por onde entravam os reis e os bispos quando vinham à ou para a cidade; e a Porta da Ribeira, das mais movimentadas, em plena Praça da Ribeira.
Além destas, houve na muralha outras portas, que resultaram da transformação de postigos em portas. Foi o caso da porta do Sol, construída em 1774, que substituiu um postigo ali existente chamado postigo do Carvalho, por ficar no sítio dos Carvalhos do Monte, que era o nome dado naquele recuado tempo ao atual Largo do Primeiro de Dezembro; em frente à Igreja de Santo António dos Congregados, havia o postigo de Carros, que foi transformado em porta, ficando com a mesma designação; junto à Cordoaria, ao fundo da antiga Rua do Calvário, hoje denominada Rua do Dr. Barbosa de Castro, ficava o postigo das Virtudes. Em 1682, para permitir um mais fácil acesso à vizinha Fonte das Virtudes, transformaram-no em porta, mantendo a mesma designação.
E vamos aos padroeiros, começando, agora, pela Porta do Olival. Era das mais importantes e nela estava aquartelado, se assim se pode dizer, permanentemente, um corpo da Guarda. Teve também o Sino de Correr, que tangia às trindades para que toda a gente recolhesse a suas casas. Eram seus padroeiros S. Miguel-o-Anjo e S. João Baptista.
A Porta Nova ou Nobre, em Miragaia, beneficiava da proteção de Nossa Senhora do Socorro, cuja imagem figurava numa pequena edícula. Nesta porta, havia uma torre que servia de armazém de pólvora. Em 1580, no tempo da governação dos Filipes, foi dotada com uma espécie de fortim redondo, à moda do que se usava fazer na Flandres.
A Porta da Ribeira, digamos assim, rasgada na muralha, abria para o rio, permitindo o acesso à Praça da Ribeira a quem viesse de barco. Tinha como padroeira Nossa Senhora do Ó ou da Expectação, que era venerada numa capela situada sobre a porta. Também era conhecida pela Porta da Senhora do Ó e os que vinham do rio Douro para a Praça da Ribeira entravam numa espécie de túnel e passavam por baixo da capela onde estava a padroeira da porta.
Finalmente, a Porta da Batalha, também conhecida por Porta de Cima de Vila. A padroeira era, naturalmente Nossa Senhora da Batalha. Junto da torre desta porta, estava uma capela da invocação de Nossa Senhora da Batalha. Dizem os historiadores que este nome de "Batalha", dado também à praça ali perto, evoca uma sangrenta batalha que por ali se terá travado no século X, entre as tropas cristãs do conde Hermenegildo e as hostes mouras de Abderramão III. Tinha uma imponente torre militar.
A imagem de Nossa Senhora da Batalha que estava numa capela da porta do mesmo nome ainda existe. Está recolhida no pequeno mas muito bem organizado museu da catedral.
Ao longo da muralha, que se estendia por um perímetro de cerca de 3000 metros, além das portas havia também vários postigos, isto é entradas mais pequenas usadas, normalmente, para atividades especificas. Daí, o nome de alguns deles: postigo das Tábuas; postigo do Peixe; postigo da Areia; postigo do Carvão. Este foi o único que chegou até aos nossos dias (na foto) em muito bom estado de conservação. Fica ao fundo da Rua da Fonte Taurina, da Aurina, se dizia, antigamente, para quem vai do Largo do Terreiro para a Praça da Ribeira. 0lhando-o, é possível constatar que em tempos idos a cota do cais ficava um bom pedaço mais abaixo do que está na atualidade”.
Com a devida vénia a Germano Silva
Postigo do Carvão
Portas da muralha medieval
Legenda:
1- Porta do Sol
2- Porta de Cima de Vila
3- Porta de Carros
4- Porta de Santo Elói
5- Porta do Olival
6- Porta das Virtudes
7- Porta Nova
8- Porta da Ribeira
Um troço da muralha actualmente
“Em meados
do século XIV, testilhando a Mitra e a Cidade sobre direitos de
jurisdição, foi notificado perante os juízes, pelos procuradores do Concelho,
que por motivos de defesa, por ocasião dos desentendimentos entre D.
Dinis e o infante D. Afonso, entre os anos
de 1320 a 1321, tinham sido mandadas demolir algumas casas
construídas junto ao muro do castelo.
A expressão "castelo" haveria de ser
empregada nas Inquirições de D. Afonso IV. Já antes, uma carta dirigida por D.
Sancho I ao bispo do Porto leva a crer chamar-se castelo à época, ao alto do
morro da Pena Ventosa, pois nela recomenda o monarca ao prelado que promova a
realização de mercado ante a porta da Sé, "para que o castelo seja melhor povoado".
A construção do
edifício da alfândega, em 1324, havia representado um duro golpe nos
interesses do bispo do Porto. Posteriormente, em 1405, D. João
I transferiu para a Coroa a jurisdição do burgo, numa época de
consolidação do poder local, apoiado pela burguesia mercantil. A abertura
da Rua Nova, marca uma nova fase no urbanismo da cidade e,
a sua localização, reflecte a importância atingida pela zona baixa da cidade,
que funcionou, até ao século XX, como principal pólo comercial.
Nesta fase, a Coroa já
providenciara no sentido de abrigar a cidade em expansão, em novo muralhamento.
As obras começaram em 1336 no reinado de D. Afonso IV e só terminaram
em 1374 (ou 1376), no tempo de D. Fernando, motivo pelo
qual ficaram conhecidas pela denominação de muralha fernandina, muralha
gótica ou ainda muro
novo.
A nova cerca tinha uma
extensão de 3000 passos e 30 pés de altura. Era
guarnecida de ameias e reforçada por
numerosos cubelos e torres de planta quadrada, que excediam
em onze pés a muralha, com excepção das torres que defendiam as Portas de Cima de Vila e, que subiam 30 pés acima desse nível”.
Fonte: pt.wikipedia.org
O traçado da muralha
começava no Postigo do Carvalho,
dado que o local se chamava dos Carvalhos
do Monte, também se chamou de Santa
Clara, por estar perto do Mosteiro, de Santo António do Penedo e por estar perto desta capela e passou
mais tarde a chamar-se Porta do Sol,
quando foi reconstruído com maior imponência pelo corregedor João
de Almada e Melo, e entrou ao serviço em Agosto de 1768 e passou a ter
aquele nome devido à gravura impressa na pedra de um sol.
Apresentava ainda a seguinte inscrição latina:
SOL HUIC PORTAE
JOSEPHUS LUSITANO IMPERIO
JOANNES DE ALMADA E MELLO
PORTUCALENSE URBI FINITIMISQUE
PROVINCIIS AETERNUM
JUBAR GANDIUM PERCUNE
Em 1316 o Vale de Asna compreendia todos os terrenos que
ficavam a nascente do Monte dos Carvalhos, da parte de fora da muralha
fernandina onde, posteriormente, se rasgaram as ruas de Augusto Rosa, do Sol,
de Alexandre Herculano, do Duque de Loulé, de S. Luís e o largo do Actor Dias e
daí se falar no “Monte junto a Vale de Asna” ao que seria no futuro os
Carvalhos do Monte.
Postigo do Carvalho (vista de extramuros)
Porta do Sol (vista
de intramuros)
Porta do Sol (vista de extramuros)
Referente à gravura acima, que pretende dar uma ideia do
local em 1859, dizia “O Tripeiro” em 1926:
“Junto à Porta do Sol, do lado direito, vê-se uma parte do edifício da
Casa Pia. Separada dele, por uma rua, a casa para alojamento dos oficiais de
cavalaria, nos baixos da qual existia um depósito de palha, e à frente as
cavalariças. Um cruzeiro com a imagem do Senhor dos Aflitos, cruzeiro que, mais
tarde, foi mudado para junto da capela de Santo António do Penedo, completa o
quadro”.
Planta correspondente à gravura anterior
Legenda:
1. Cavalariças
2. Casa Pia
3. Porta do Sol
4. Rua do Sol
Torre da muralha
junto à Porta do Sol – Fonte: aportanobre.blogspot.pt
Torre no século XXI
– Fonte: aportanobre.blogspot.pt
A muralha seguia pelo local onde se encontrava o antigo
Governo Civil (Casa Pia) e o Teatro S. João, passando depois à Rua de Cima de
Vila, onde existia a Porta de
Cima de Vila. Continuava em direcção ao Sul pela Calçada de Santa
Teresa e Viela da Madeira até à Porta
dos Carros, junto à Igreja dos Congregados. Esta Porta veio substituir,
em 1551, o Postigo de Carros aí existente, construído por Ordem Régia
de D. João I, em 1409, a pedido da Câmara para conveniência do
serviço das hortas que ficavam próximas e para a entrada dos carros de pedra
para reconstrução das casas da Rua Chã que tinham ardido. Esta porta, demolida
em 1827, tinha a ladeá-la duas torres.
A muralha continuava em linha recta ao longo do extinto
Convento dos Lóios, actual edifício das Cardosas. Aqui estava a Porta de Santo Elói,
inicialmente Postigo do Vimial, demolida por acordo entre os padres Lóios e
o Senado da Câmara para alargamento do Largo dos Lóios. Seguia pela calçada dos
Clérigos e Rua da Assunção até à Cordoaria, então um extenso olival, onde
existia a Porta do Olival.
O convento dos Lóios em construção – Desenho de J. Villanova
Durante muitos anos, esteve no cimo da torre da Porta do
Olival o chamado "relógio da oração" ou "de correr", que
tocava as Ave-Marias e, à noite, para o recolher obrigatório ao interior do
burgo. Em 1583, o sino foi transferido do Olival para uma das torres da Sé. A
mudança provocou uma demorada contenda entre o bispo e a Câmara, suscitada pela
dúvida sobre quem devia pagar o ordenado ao sineiro.
Ameias da muralha visíveis na Rua Barbosa de Castro – Ed.
MAC
Muralha na zona das Virtudes – Fonte: Desenho editado a partir
de trabalho gráfico do arquitecto Luís Bourbon Aguiar Branco, In revista “O Tripeiro”,
7ª Série, Nº 4
Legenda:
1. Muro e Alameda das Virtudes (chamada no último quartel do
séc. XVIIIde Rua dos Torcedores dos Assentos das Virtudes)
2. Antigo caminho de ronda exterior à muralha
3. Antiga Rua da Cordoaria Velha, actual Rua Francisco da
Rocha Soares
4. Antigo caminho, mais tarde, Travessa do Calvário Novo e,
actualmente, Rua do DR. António de Sousa Macedo
5. Rua dos Fogueteiros, actualmente, Rua de Azevedo
Albuquerque
6. Postigo das Virtudes
7. Baluartes de reforço da muralha construídos a partir de
1525
Pormenor das ameias - Ed. Isabel Silva
Na foto acima, nos prédios adossados à muralha podem ver-se
umas ameias.
Em 1529 caíram 360 braças da muralha (1 braça são
2,20 metros), entre a Porta do
Olival e a Porta dos
Carros, ou seja, ao longo da antiga Calçada da Natividade, hoje Rua dos
Clérigos. A reedificação deste troço da muralha foi feita
entre 1607 e 1624.
Durante esses trabalhos, o mestre
carpinteiro Bartolomeu Fernandes, morador em Miragaia, tomou de
empreitada por 17$000 réis "o conserto das portas da Ribeira e dos
Postigos da Lada, das Tábuas e dos Barbeiros".
Da Porta do Olival a muralha descia em direcção à Rua do
Calvário.
Nos terrenos onde se encontra actualmente a Igreja de São
José das Taipas ficava a Porta
das Virtudes.
Vestígios da muralha no antigo Clube Inglês, às Virtudes - Ed.
Isabel Silva
Seguia depois, a muralha, pelo Noroeste da Rua da Cordoaria
Velha atravessando a Rua da Esperança onde havia a Porta
da Esperança, assim chamada por existir próximo a capela de Nossa
Senhora da Esperança.
A muralha continuava até ao rio Douro, pelo sítio onde estão
as Escadas do Caminho Novo até à Porta
Nova na margem do Douro.
Esta porta aberta, em 1522, por ordem de D. Manuel
I, veio substituir e alargar o Postigo
da Praia. Foi demolida
em 1872 quando se abriu a Rua Nova da Alfândega. Era por aqui que se
fazia a entrada solene dos Bispos quando vinham ocupar o cargo. Era uma das
principais portas da cidade. No Museu Nacional de Soares dos
Reis existem, a lápide coeva de D. Fernando, com o escudo Real, que
rematava o primitivo postigo e que se manteve aquando da reconstrução, e a
lápide e pedra de armas, colocadas aquando da Restauração da
Independência em 1640.
Com a abertura da Rua Nova da Alfândega desapareceram
artérias como a Rua da Munhota, Rua da Ourivesaria, onde estavam os ourives, (cuja
capela de Santo Elói ficava nas imediações), a Rua do Calca-Frades e a Rua
Fonte da Rata, em alusão a uma fonte aí existente - a fonte da Rata.
Quando se demoliu a capela de Santo Elói da Rua da
Ourivesaria em 1871, as pedras foram levadas para a um terreno na Rua da Gondarém, na
Foz, onde estiveram, ao abandono durante algum tempo. Só em 1874 o pequeno
templo foi reconstruído, com a denominação de capela de Gondarém, num terreno
cedido por D. Ana Cândida de Vasconcelos Carvalho e pelo conselheiro Manuel
Maria da Costa Leite.
“A venda da capela à Câmara
foi aprovada num domingo, dia 21 de maio de 1871 pela assembleia de irmãos (por
850,000 reis). Em 11 de outubro de 1871 a pedra foi vendida. A 26 de agosto todo
o recheio dela vai a praça «material da sacristia, armação do tecto, telhado e
telha, móveis da sacristia (estes por conta da confraria). Seguia-se nos
próximos dias a arrematação, por conta da confraria de: vários objectos da
capela, o altar-mor, o coro, os púlpitos, as sanefas e outros». Logo no dia 29
dá-se início à demolição e finalmente a 11 de outubro a pedra da capela é
vendida para se fazer uma capela em Carreiros. Caso contrário teria ficado a
fazer entulho na sapata da rua Nova da Alfândega, aliás como era plano original
da Câmara”.
Nuno Cruz administrador do blogue "aportanobre", em comentário no blogue "doportoenaoso"
Nuno Cruz administrador do blogue "aportanobre", em comentário no blogue "doportoenaoso"
“Em 1912, dois
anos depois da implantação da República em Portugal, a Junta de Freguesia de
Nevogilde, para desgosto dos moradores, mandou prender a pessoa encarregada das
chaves e da limpeza da capela e impediu a sua reabertura, apesar da reacção do
povo. Em 18 de Abril de 1918 foi a capela devolvida ao culto, por decisão do
governo de então, em decreto assinado por Sidónio Pais. A 18 de Fevereiro de
1919, a autarquia de Nevogilde exigiu as chaves e encerrou novamente a capela.
Em 24 de Agosto de 1922 foi desafectada ao culto e cedida, bem como o terreno
anexo àquela junta, para nela instalar a sede e o seu arquivo e no terreno
construir uma escola primária. Transformada e desfigurada, com a construção de
um primeiro andar, resultou, de aspecto, numa banal casa de habitação.
Mais tarde foi
esse edifício solicitado pela paróquia. Conseguida a pretensão em 1944 pelo
Ministro das Finanças de então, foi este destruído e no mesmo local construída
nova capela que ali existe ainda. Em 23 de novembro de 1946, o então pároco de
Nevogilde, Dr. Conceição e Silva procedeu à bênção da capela, tendo ali sido
celebrada, no dia seguinte, uma missa pelo Bispo D. Agostinho de Jesus e Sousa”.
Fonte: coisasqueseescrevem.blogspot.pt
Capela de Santo Elói à direita da Igreja de S. Francisco
Capela de Nossa Senhora da Luz na Rua de Gondarém
A cruz que está na arquitrave é a mesma que veio da capela
de Santo Elói.
Cruz na capela na Rua de Gondarém construída de raiz em 1944
Outro arruamento sacrificado foi a Rua dos Banhos, que foi
também Rua da Trabuqueta que ligava o local onde se construiu a Porta
Nobre ou Porta Nova ao fundo das actuais Escadas do Caminho Novo, antigas Escadas
da Esperança, por partirem junto à Capela de Nossa Senhora da Esperança
na Rua Tomás Gonzaga, que era a Rua da Esperança.
Existiu em tempos uma rua que teria desaparecido quando os
monjes levantaram o novo convento de S. João Novo e que foi a Rua
da Almea.
“Ela correria na
direção Norte-Sul sensivelmente paralela à muralha fernandina, desde a Porta Nova (ou
Nobre) até ao pequeno rossio formado junto ao Postigo da Cordoaria, ou seja, a
porta da muralha que abria para o início da atual Rua Tomás Gonzaga (antes
Calçada da Esperança). Unia-se ao bairro
dos banhos pela Minhota (ou Munhota), a julgar por estas descrições
de casas que os dominicanos possuíam nas redondezas no século XVI e que dizia
"esta rua é abaixo de Belmonte entre a porta nova e o postigo de S. Pedro,
perto do muro...", mais à frente: "rua detrás da minhota ou
almea" ou ainda: "rua da porta nova (Rua dos Banhos) ... da banda do
norte, pegada com a escada que vai da porta nova para cima para a rua da almeia
ao longo do muro".
Fonte: aportanobre.blogspot
Bairro dos Banhos - Ed. aportanobre.blogspot
Planta de 1839 da zona da futura Alfândega
Rua dos Banhos na planta de Balck de 1813
Legenda:
1. Rua dos Banhos
2. Rua de S. Francisco
3. Rua de S. João
4. Rua da Ferraria de Baixo
5. Rua das Congostas
6. Rua da Reboleira
7. Rua dos Mercadores
8. Rua da Biquinha
9. Travessa de S. Crispim
10. Fonte das Congostas
12. Postigo dos Banhos
13. Postigo do Pereira
14. Porta Nova
A muralha continuava paralela ao rio até subir para Santa
Clara.
Demolição da Porta Nova
Da Porta Nobre até ao Terreirinho
rasgavam-se os Postigos dos Banhos e o Postigo do Pereira ou Lingueta.
Essa Porta Nova que depois passou a Porta Nobre foi
levantada na muralha, já próxima do rio ao fim das Escadas do Caminho Novo.
Sobre o arco de entrada da Porta Nova, havia uma capela
dedicada a Nossa Senhora do Socorro, templo de grande luxo.
O Postigo do Pereira ficava a seguir ao Postigo dos Banhos e
antes do Postigo da Alfândega.
Quanto ao Postigo dos Banhos, ficava onde hoje temos o Cais
dos Banhos.
Cais dos Banhos - Ed. aportanobre.blogspot
Porta Nova e fortim anexo à muralha
A Porta Nova foi construída por ordem de D. Manuel I, em
substituição do anterior postigo da Praia.
Postigo dos Banhos em 1860
1. Hospital dos Ingleses
2. Postigo dos Banhos
3. Capela de Santo Elói
4. Igreja de S. Francisco
5. Igreja dos Terceiros de S. Francisco
6. Casa com ameias na Rua da Reboleira
7. Postigo do Pereira
8. 9. 10. Edifícios que ainda existem
Mesma perspectiva da foto anterior – Fonte: Google Maps
No Terreirinho, próximo à antiga Alfândega, existia o Postigo
da Alfândega ou do Terreirinho, demolido em 1838.
Continuava em direcção ao Postigo
do Carvão, o único que ainda existe e assim chamado por ser por aí que
entrava o combustível que ficava em depósito na Fonte Taurina. Mais adiante
havia o Postigo do Peixe.
A seguir ficava a Porta
da Ribeira, voltada a Leste, demolida em 1774 por ordem de
João de Almada e Melo, quando se decidiu construir a Praça da Ribeira. Esta foi
a primeira porta da cidade onde se gravou a inscrição alusiva à consagração de
Portugal a Nossa Senhora da Conceição, decretada por D. João IV. Existiam
ainda mais quatro postigos, o do Pelourinho, o da Forca,
o da Madeira
e o da Areia.
Depois deste último a muralha deixava de acompanhar o rio e
subia até à Porta do Sol.
Porta de Carros em 1787 e Igreja dos Congregados, ao centro
Na gravura acima pode-se aperceber, à esquerda da porta, a
viela que seguia junto às muralha e que viria a fazer parte da propriedade dos
padres Lóios.
O pano da muralha entre a Rua da Madeira
e a propriedade dos padres Lóios seria demolido no fim do século XIX.
Local onde esteve a Porta de Carros, c. de meados do século
XIX - Ed. aportanobre.blogspot
Na foto acima está representada a localização da Porta de
Carros e na esquina frontal do prédio, esteve o antigo Café Astória, no século
XX.
Localização das portas e postigos
Começando pela Porta Nova ou Nobre que dava saída
para Miragaia, junto ao rio Douro, as portas e postigos eram
os seguintes (no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio):
1. Porta
Nova ou Nobre (antes de Miragaia e Postigo da Praia)
2. Postigo
dos Banhos
3. Postigo
da Lingueta ou Postigo do Pereira
5. Postigo
do Carvão (o único que sobreviveu até hoje)
6. Porta
da Ribeira
7. Postigo
do Pelourinho
8. Postigo
da Forca
9. Postigo
da Madeira
10. Postigo da Lada ou da Areia
11. Porta do Sol (antes Postigo
do Carvalho do Monte ou do Penedo)
12. Porta de
Cima de Vila
13. Porta de Carros (inicialmente apenas Postigo de Carros)
14. Porta de Santo Elói (inicialmente Postigo
do Vimial e Postigo das Hortas)
15. Porta
do Olival
16. Porta das Virtudes (antes Postigo de S. João Novo ou da Esperança)
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