Do Corpo de Salvação Pública ao Batalhão de Sapadores
Bombeiros
A decisão da
construção da Estação Central dos Bombeiros Municipais e da respectiva
casa esqueleto, em terrenos compreendidos entre o Largo de Fradelos e a Rua
Gonçalo Cristovão, foi tomada em 16 de Julho de 1903.
O quartel viria a
ter a designação de Quartel Guilherme Gomes Fernandes.
Quartel dos
Bombeiros, na Rua de Gonçalo Cristóvão, em 1911
Desfile de carros de
Bombeiros Municipais passando na Praça D. Pedro e dirigindo-se para a Rua Elias
Garcia, c. 1911
O Quartel dos
Bombeiros Municipais, na Rua Gonçalo Cristovão, situava-se onde hoje está
construído o Siloauto ao cimo da Rua de Sá da Bandeira.
No morro (em
processo de demolição) da foto acima, com perspectiva desde a Rua de Sá da
Bandeira pôde observar-se, durante anos, as traseiras do Quartel dos Bombeiros
Municipais e a sua torre esqueleto para manobras e exercícios.
Carro de combate a
incêndio, em 1913, na Rua do Heroísmo, ao cimo da Rua Garrett (Rua Padre António
Vieira)
Ambulância
B. V. do Porto -
Autotanque Kelly – 40 CV
Em 27 de Setembro de
1946, é fixada a actual designação de Batalhão de Sapadores Bombeiros e, em 25
de Fevereiro de 1959, é inaugurado o actual Quartel Sede do Batalhão de
Sapadores Bombeiros, na Rua da Constituição.
Socorros a
Náufragos
Alberto Pimentel, em “O Primeiro de Janeiro” de 21 de janeiro de 1909,
diz:
“ D. Miguel mandara construir junto da barra do Porto, no ano de
1830, um edifício destinado a um posto de socorros a náufragos. Custou a
construção do referido edifício, ao tempo, elevadíssima quantia de 6400$000
reis, mas o Governo, por o posto não ter chegado a prestar quaisquer serviços,
resolveu acabar com ele, vendendo-o a um particular, em 1835, por 800$000
reis.
Em 29 de Março de
1852, deu-se o naufrágio do vapor «O Porto», catástrofe que enlutou a cidade e
causou extraordinária consternação em todo o país, e tão lamentável como
trágico sucesso levou algumas actividades locais, como a Associação Comercial e
a recém- criada Real Sociedade Humanitária, a instar junto do poder no sentido
de a fatídica barra do Douro ser dotada com um serviço de socorros devidamente
apetrechado. Do esforço das referidas entidades, resultou a expropriação, por
5.000$00 reis, daquele antigo imóvel levantado por D Miguel, e a construção,
que se ficou a dever àquela benemérita Sociedade fundada por Manuel Clamouse
Browne, de um alto palanque destinado ao salvamento de náufragos. O referido
palanque, que se situava entre aquele posto e a muralha da meia-laranja, era
uma espécie de esqueleto de um alto edifício, em cujo pavimento superior se
encontravam montados vários apetrechos de socorro e um cabo de vai vem. Era
isso o “”dropp””, a que o povo chamava «o hidrópico», caranguejola de pau de
pinho que, podre de velho mas com pouco ou nenhum uso, viria a ser demolido
alguns anos depois do seu patusco aparecimento no local”.
A Junta da
Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, tinha sido encarregada, em 1807, de construir um barco salva-vidas,
utilizando como modelo outros da mesma natureza que o cônsul inglês Guilherme
Warre havia mandado vir de Inglaterra. Em 1828, foi novamente incumbida a Junta
de construir outro barco semelhante ao primeiro, que tinha ido para Lisboa, o
qual foi executado por Manuel Gomes da Silva, mestre da Ribeira do Douro, na
cidade do Porto.
Entretanto, D. Miguel por uma Resolução de 21 de Abril de 1828, e como
resposta a uma solicitação da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto
Douro, manda edificar a Real Casa d’Asylo dos Naufragados na
Foz do Douro.
Real Casa d'Asylo
dos Naufragados; Desenho de José Avelino de Castro (1791-1854)
Após o naufrágio do Vapor Porto é então criado um estabelecimento Salva-Vidas, no local da Casa de Asilo dos Naufragados.
Carro para socorro a
náufragos, munido de porta-cabos e material de socorro
Instalação dos B.V.
Portuenses no Passeio Alegre
As instalações da
foto acima tinham por objectivo o socorro a náufragos e, por isso, a sua
localização era junto à foz do rio Douro e tinham por comando desde 1950, os
B.V. Portuenses.
A propósito dessa
intervenção no socorro a náufragos, no site do Arquivo Distrital do Porto pode
ler-se:
"Pouco
depois do naufrágio do vapor Porto, ocorrido no ano de 1852, criou-se e
regulamentou-se por decreto de 23 de Dezembro do mesmo ano o estabelecimento
denominado Salva-vidas, administrado por uma comissão a que presidia o
Governador Civil do Porto.
É extinta em 13
de Março de 1928 pelo decreto nº 15172, e passa a Instituto de Socorros a
Náufragos".
Cópia de parte do
Decreto nº 15172 de 1928
No site do
Instituto de Socorros a Náufragos pode ler-se:
“Em Fevereiro de
1892 um violento temporal assolou a costa Portuguesa, tirando a vida a 105 dos
900 pescadores que estavam em faina. Perante tal tragédia, e por insistência de
S. Majestade a Rainha D. Amélia, foi criado por Carta de Lei de 21/4/1892 o
Real Instituto de Socorros a Náufragos, mantendo-se como sua Presidente a sua
fundadora, até à implantação da República em 1910, passando a designar-se como
Instituto de Socorros a Náufragos (ISN)”
Das duas narrativas anteriores, pode inferir-se que o "Salva-Vidas" esteve desde a institucionalização do Instituto de Socorros a Náufragos em 1892, até 1928, sob a gestão de uma comissão administrativa vinda de 1852, só passando nesta data, para a alçada do referido instituto.
Em 1852 tendo ficado
muito impressionado com o naufrágio do Vapor Porto, ocorrido
na barra do Douro a 29 de Março, Vitorino Damásio sentiu-se compelido a estudar
uma forma de, a partir de terra, lançar um cabo de salvação a um navio em
risco.
Assim, Vitorino Damásio
viria a ser o primeiro comandante do denominado “Salva-vidas” na barra do
Douro.
Acontece que no seu
romance “Scenas da Minha Terra”, de 1862, o escritor Júlio Cesar Machado, faz
uma visita ao “Salva-vidas” acompanhado do barão de Massarelos, Júlio Kopke e
dá testemunho daquela estrutura de socorro.
Estação de Socorros a Náufragos
No edifício dos
“Socorros a náufragos” encontra-se desde 2014 um restaurante – Ed. José Carlos
Cunha
Âncora do super
petroleiro Jacob Maersk - Ed. APDL
Na foto anterior o
monumento exposto em terrenos da Administração dos Portos do Douro e Leixões
(APDL) invocando o naufrágio e incêndio de petroleiro Jacob Maersk em 29 de
janeiro de 1975, à entrada do Porto de Leixões.
Um outro naufrágio
que ficou célebre nesta zona, ocorreu nas areias do Cabedelo na foz do rio
Douro em 15 de Março de 1963, com o navio Silver Valley de bandeira Liberiana,
no qual todos os tripulantes foram salvos por meios aéreos.
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