11.3.2 Asilo-Escola de Artes e ofícios do Distrito do Porto - Internato Municipal Condessa de Lumbrales -
Quinta do Palacete
O Asilo-Escola de
Artes e Ofícios do Distrito do Porto deve a sua existência à publicação do
Decreto de 14 de Janeiro de 1891, criado pela Junta Geral do Distrito do Porto.
A instituição tinha administração municipal tendo entrado em
funcionamento em 1891, com a admissão, apenas, de menores do sexo masculino.
Desde a sua abertura em Junho de 1892, começou por ser instalado na Rua de Santa Catarina, nº 948, a que se seguiria a mudança para instalações mais amplas, na Rua da Boavista, onde se manteve até 1903.
O Asilo-Escola de
Artes e Ofícios do Distrito do Porto (Secção masculina) é, então, instalado num
prédio da Rua da Torrinha, nº 327, propriedade dos descendentes do Dr. João Ribeiro de Faria, fidalgo da Casa Real que o mandara construir, para sua residência em 1814.
Para tal, foi decisiva a acção do cidadão António de Araújo Serpa Pinto, vereador da Câmara Municipal do Porto, que administrava o Asilo-Escola, pois já tinham sido extintas as Juntas Gerais dos Distritos.
Em 23 de Dezembro de 1897, uma deliberação camarária decide que a instituição se passe a chamar Asilo-Escola D. Maria Amélia.
Pensam as autoridades municipais em tornar provisória a situação das instalações,
pelo que projectam outras a construir de raiz escolhendo, para tal, um
terreno na Rua de Serpa Pinto para instalação do chamado Asilo-Escola D. Maria
Amélia – a rainha.
Desenho da Fachada Principal de projecto do Asilo-Escola D. Maria
Amélia em 1891, que se situaria na Rua de Serpa Pinto e, mais tarde, a partir
de 1911, seria o quartel do Regimento de Cavalaria – Fonte: AHMP
Na planta de Telles Ferreira de 1892, o
Asilo-Escola D. Maria Amélia já estava referenciado – Fonte: AHMP
“Localizado numa
importante zona de expansão do tecido urbano oitocentista da cidade do Porto, o
Quartel de Monte Pedral situa-se entre a Rua da Constituição (antiga Rua 27 de
Janeiro), a Rua Serpa Pinto – para onde oferece a sua fachada principal – e a
Rua Egas Moniz.
A ocupação
daquele local tinha já iniciado com outro intuito, em 1892, com a
construção do Asilo-Escola D. Maria Amélia, estrutura destinada a
acolher 200 rapazes entre os 7 e os 14 anos. Mas, de forma um pouco inesperada,
as obras são suspensas a 25 de abril de 1893, uma situação que se
manteve até 1903. Esta interrupção acaba por promover uma mudança de
estratégia, perante a dificuldade financeira da Câmara em terminar o edifício e
o interesse entretanto demonstrado pela Autarquia e pelo Ministério da Guerra
para instalar naquele local o ‘Esquadrão de Cavalaria'.
Em Outubro de
1904 é então efetuado o acordo para a instalação do Quartel do Monte Pedral no
local do Asilo-Escola. Curiosamente a mancha de ocupação do Asilo-Escola D.
Maria Amélia, encontrava-se já delineada na belíssima planta da cidade do Porto
de Teles Ferreira de 1887, apesar de este edifício nunca ter verdadeiramente
chegado a ser terminado. Na altura em que o Inspector do Serviço de Engenharia
da Grande Circunscrição Militar do Norte, Coronel de Engenharia João José
Pereira Dias, assume o cargo de gestor do projecto para a instalação do
Esquadrão de Cavalaria, em inícios de 1907, a construção do Asilo resumia-se
aos alicerces, às terraplanagens e ao primeiro piso do Edifício Principal.
Ainda assim, o projecto para o Asilo foi tomado em profunda consideração,
havendo mesmo um ‘decalque’ pelas suas volumetrias, sistemas de construção e
ornamentação arquitectónica. Com efeito, a Alçado principal do Quartel
mantém exactamente o mesmo desenho que havia sido produzido para ao
Asilo-Escola, com a excepção da torre sineira, que foi excluída, e dos três
portais reduzidos a apenas um.
O Regimento de Cavalaria instalou-se no complexo em
1912. No entanto, a obra,
que um primeiro acordo estipulava durar seis anos e um segundo dez, acabou por
ter uma construção faseada que se prolongou por cinco décadas. O terreno é
composto por duas plataformas, ficando a inferior voltada para a Rua de Serpa
Pinto e a superior, 4 metros mais alta, nos terrenos a nascente. Na parte
inferior ficou instalado o edifício principal, com o ‘Corpo de Serviços e
Comando’; a Ala Sul que acolhia quartos, escritórios e casernas para os 1º e 2º
Sargentos; a Ala Nascente, realizada na década de 1960, com as cozinhas e o
refeitório. A Ala Norte, que deveria encerrar o espaço, nunca chegou a ser
realizada. Na plataforma superior localizam-se as instalações para os cavalos,
nomeadamente o picadeiro, cavalariças para cerca de 90 cavalos e outras
pequenas construções de apoio.
Em 31 de Julho de
1979, o Regimento de Cavalaria do Porto foi transferido para Braga e o complexo
passou a acolher o Centro de Classificação e Selecção do Porto, sendo aí
realizadas a Inspecção Militar. Este serviço, entretanto designado Gabinete de
Classificação e Selecção do Porto em 2006, foi transferido no mesmo ano para o
Quartel da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia. Foi então criada e instalada a
Unidade de Apoio do Comando do Pessoal, que se manteve no Quartel de Monte
Pedral até setembro de 2014, altura em que se transferiu também para o Quartel
da Serra do Pilar.
Desde então, o
Quartel – que se encontra à responsabilidade da Unidade de Apoio do Comando do
Pessoal – está desactivado e à espera de novo proprietário”.
Cortesia de Carlos Machado e Moura, Noémia Herdade Gomes e Rui Neto do
Centro de Estudos de Arquitectura e Urbanismo da Faculdade de Arquitectura da
Universidade do Porto (CEAU-FAUP); Fonte: “sigarra.up.pt/” – 2017
Fachada do edifício que foi ocupado pelo Regimento de Cavalaria do
Porto – Fonte: Google maps
Não se tendo então concretizado a hipótese da edificação do
asilo-escola na Rua de Serpa Pinto, mais tarde, o Asilo-Escola de Artes e Ofícios (Secção masculina) mudar-se-ia para a
Rua da Constituição para o local que, anos depois, seria ocupado pelos
Sapadores Bombeiros, pelo que, nessa ocasião mudou para instalações junto ao
cemitério do Prado do Repouso que tinham, em tempos idos, sido destinadas ao
“Seminário”.
Para aqui, já em 1903, tinham sido deslocados os meninos órfãos que
estavam no Colégio da Graça, aos quais se juntaram, em 1942, os meninos vindos da Rua da Constituição, cujas instalações foram ocupadas pelas meninas.
No ano de 1911, o nome já tinha sido alterado para Asilo-Escola Municipal Nº 1, passando em 1914 a denominar-se Internato Municipal - Escola de Artes e Ofícios.
Desenhos de projecto do arquitecto Correia da Silva, em
1914, da construção das novas instalações do Internato Municipal - Escola de Artes e
Ofícios, junto da Rua da Constituição
Em 14 de Agosto de 1951, na sequência da entrega da administração do
Colégio dos Órfãos ao Instituto Salesiano, era extinta definitivamente a secção
masculina, que aí funcionara desde 1942.
A assistência municipal a menores passou, assim, a abranger uma população
exclusivamente feminina que acabaria, depois de aproveitar sucessivamente as
instalações que a secção masculina ia abandonando, acabou por se fixar na
Quinta do Palacete.
“De acordo com o Regulamento para o serviço dos expostos e menores desvalidos ou abandonados, da Direção Geral da Administração Política e Civil, estava a cargo das Juntas Gerais a administração dos expostos e menores desvalidos ou abandonados, dos sete aos dezoito anos de idade.
No âmbito das competências atribuídas às Juntas Gerais, foi criado o Asilo-Escola de Artes e Ofícios do Distrito do Porto (confirmado por Decreto de 14 de janeiro de 1891). A instituição destinava-se a sustentar e socorrer os menores a cargo da Junta Geral do Distrito do Porto, proporcionando-lhes, além da educação literária e moral, o ensino profissional.
O funcionamento de uma secção feminina estava previsto no § único, do artigo 1.º do mesmo Regulamento, que determinava que o Asilo Escola seria dividido em duas secções, absolutamente separadas e independentes uma da outra; a primeira destinada aos menores do sexo masculino e a segunda aos do sexo feminino.
A instituição entrou em funcionamento em 1891, tendo sido admitidos apenas menores do sexo masculino. Após a transferência para a administração municipal, em 1892, esta limitação foi mantida por falta de recursos financeiros.
Em 5 de Março de 1925,
em sessão extraordinária da Câmara Municipal do Porto, o vereador Augusto da
Silva Martins referindo-se à recente transferência do Internato Municipal para
o novo edifício, deixando vago o palacete da Rua da Torrinha, considerou
oportuno aproveitar o ensejo para criar uma secção feminina, instalando-a nesse
espaço.
A Secção Feminina do
Internato Municipal iniciou a sua atividade em 1926, na casa anteriormente
ocupada pela Secção Masculina, situada na Rua
da Torrinha, n.º 327.
Tratava-se de um
palacete alugado, desde 1903, a Francisco de Albuquerque de Melo Pereira e
Cáceres. Para instalação do Internato Municipal, tinham sido executadas algumas
obras de ampliação, entre 1904 e 1908. O edifício, construído para habitação
familiar, não se adaptava às necessidades de funcionamento da instituição. No
entanto, não sendo possível a construção de instalações próprias, a secção
feminina manteve-se nesta casa até 1942.
Na sequência da
transferência da Secção Masculina para o Colégio dos Órfãos (no Prado do Repouso), em 1941, ficaram
disponíveis as instalações do Internato
Municipal, na Rua do Almirante Leote do Rego.
Em 1945, o mau estado de conservação dos edifícios impunha obras inadiáveis. A Repartição dos Serviços de Obras Municipais elaborou o projeto de beneficiação.
As obras decorriam em outubro de 1947 quando, na sequência da intervenção urbanística a efetuar na Rua de Gonçalo Cristóvão, foi necessário estudar a mudança do Batalhão de Sapadores Bombeiros para outro local. Foi, então, determinado que os Serviços de Obras Municipais elaborassem um anteprojeto para adaptação do Internato Municipal a Quartel dos Bombeiros, concluído em abril de 1948.
(Em 1903 os meninos
órfãos do colégio de Nossa Senhora da Graça já tinham sido transferidos para as
instalações junto ao cemitério do Prado do Repouso).
Foram iniciados estudos de
adaptação para instalação da secção feminina, nomeadamente, a construção de
galerias para a ligação dos quatro pavilhões. As alunas foram transferidas em
novembro de 1942. Porém, eram necessárias numerosas reparações que não foram
executadas, por falta de verba. Em 1945, o mau estado de conservação dos edifícios impunha obras inadiáveis. A Repartição dos Serviços de Obras Municipais elaborou o projeto de beneficiação.
As obras decorriam em outubro de 1947 quando, na sequência da intervenção urbanística a efetuar na Rua de Gonçalo Cristóvão, foi necessário estudar a mudança do Batalhão de Sapadores Bombeiros para outro local. Foi, então, determinado que os Serviços de Obras Municipais elaborassem um anteprojeto para adaptação do Internato Municipal a Quartel dos Bombeiros, concluído em abril de 1948.
Seguir-se-ia a
alteração da denominação para Internato Municipal Condessa de Lumbrales, por
proposta da Presidência, aprovada em reunião de Câmara de 12 de outubro de
1948.
Simultaneamente,
procedia-se ao estudo de adaptação da Quinta
do Palacete a Internato Feminino. Situada na Rua de Belém, junto ao Bairro
de Costa Cabral, a quinta abrangia um vasto terreno, com um edifício em forma
de L.
O projeto de adaptação
foi elaborado em abril de 1949.
Em 12 de abril de
1949, foi aprovada em reunião de Câmara a reconstrução da capela barroca da
Quinta da Pena, junto do novo Internato.
Inicialmente prevista
para uso exclusivo das educandas e pessoal, foi posteriormente implantada à
face da Rua de Belém, permitindo, assim, a sua frequência pelos moradores do
Bairro de Costa Cabral.
As obras, adjudicadas em julho de 1949, estariam concluídas cerca de dois anos depois.
O Internato Municipal Condessa de Lumbrales foi transferido para as novas instalações, em março de 1951.
Concluídas as obras de adaptação, o Internato foi transferido para o novo edifício, em 31 de março de 1951.
Em 14 de agosto desse ano, na sequência da entrega da administração do Colégio dos Órfãos ao Instituto Salesiano, era extinta definitivamente a secção masculina, que aí funcionara desde 1942. A assistência municipal a menores passou, assim, a abranger uma população exclusivamente feminina.
No ano letivo de 1967/1968, as educandas começaram a frequentar o ensino oficial. Assim, o Internato deixou de funcionar como instituição de assistência com ensino privado.
Devido à necessidade de efetuar obras de conservação no edifício da Rua de Belém, as alunas foram transferidas para o Recolhimento do Postigo do Sol, em setembro de 1968. A partir de outubro, os assuntos relacionados com o pessoal e horários do Internato passaram a ser tratados pela diretora desta instituição. As obras decorreram de janeiro de 1969 a agosto de 1970.
Tendo em vista redefinir e atualizar os objetivos da instituição, a Câmara procedeu ao estudo da transferência da administração do Internato para um instituição assistencial de natureza religiosa, à semelhança do que tinha sucedido com o Colégio dos Órfãos, em 1951.
Em 20 de outubro de 1970, foi deliberado entregar a administração à Obra de Nossa Senhora das Candeias, passando a instituição a ser denominada Instituto Municipal Condessa de Lumbrales”.
Fonte: gisaweb.cm-porto
As obras, adjudicadas em julho de 1949, estariam concluídas cerca de dois anos depois.
O Internato Municipal Condessa de Lumbrales foi transferido para as novas instalações, em março de 1951.
Concluídas as obras de adaptação, o Internato foi transferido para o novo edifício, em 31 de março de 1951.
Em 14 de agosto desse ano, na sequência da entrega da administração do Colégio dos Órfãos ao Instituto Salesiano, era extinta definitivamente a secção masculina, que aí funcionara desde 1942. A assistência municipal a menores passou, assim, a abranger uma população exclusivamente feminina.
No ano letivo de 1967/1968, as educandas começaram a frequentar o ensino oficial. Assim, o Internato deixou de funcionar como instituição de assistência com ensino privado.
Devido à necessidade de efetuar obras de conservação no edifício da Rua de Belém, as alunas foram transferidas para o Recolhimento do Postigo do Sol, em setembro de 1968. A partir de outubro, os assuntos relacionados com o pessoal e horários do Internato passaram a ser tratados pela diretora desta instituição. As obras decorreram de janeiro de 1969 a agosto de 1970.
Tendo em vista redefinir e atualizar os objetivos da instituição, a Câmara procedeu ao estudo da transferência da administração do Internato para um instituição assistencial de natureza religiosa, à semelhança do que tinha sucedido com o Colégio dos Órfãos, em 1951.
Em 20 de outubro de 1970, foi deliberado entregar a administração à Obra de Nossa Senhora das Candeias, passando a instituição a ser denominada Instituto Municipal Condessa de Lumbrales”.
Fonte: gisaweb.cm-porto
Rua da Torrinha, 327. Local onde esteve a secção masculina
do Internato Municipal e depois a feminina – Fonte: Google maps
Capela barroca da Quinta do Palacete vinda da Quinta da Pena
Capela na Rua de Belém na Quinta do Palacete
Há pouco mais de meio século, em Fevereiro de 1950, a
imprensa da cidade noticiava um acontecimento relativamente invulgar: uma
pequena capela barroca, localizada na Rua da Pena, em Massarelos, tinha sido
desmontada, pedra por pedra, e estava a ser reconstruída no novo local para
onde tinha sido transferida, nos terrenos da antiga Quinta do Palacete, a
nascente do bairro de casas económicas de Costa Cabral.
Para além de ter constituído um dos primeiros, e raros,
casos de trasladação de monumentos históricos ocorridos no nosso país dizia-se
ser do traço de Nazoni, o que não era verdade.
Quando a Capela da Pena foi desmontada, era propriedade do
município, a quem se deveu a iniciativa da sua trasladação.
A Quinta do Palacete é posterior a 1892 pois não consta da Planta da Cidade de Teles Ferreira, podendo datar pelo seu estilo das décadas de 20-30 do século passado, dado a influência da arquitectura romântica, principalmente nos seus jardins e na "gruta" artificial, tão característica.
A casa da quinta era de planta rectangular, desenvolvendo-se em três pisos sendo um deles semi-enterrado, rés-do-chão e andar, terminando na fachada nascente com um avançado semi-circular envidraçado, idêntico ao da Quinta da Lameira.
A casa foi morada de Júlio Vasques de Carvalho tendo passado para a posse da autarquia em 1948.
A quinta está nos dias de hoje ocupada por uma Instituição Particular de Solidariedade social.
A Quinta do Palacete é posterior a 1892 pois não consta da Planta da Cidade de Teles Ferreira, podendo datar pelo seu estilo das décadas de 20-30 do século passado, dado a influência da arquitectura romântica, principalmente nos seus jardins e na "gruta" artificial, tão característica.
A casa da quinta era de planta rectangular, desenvolvendo-se em três pisos sendo um deles semi-enterrado, rés-do-chão e andar, terminando na fachada nascente com um avançado semi-circular envidraçado, idêntico ao da Quinta da Lameira.
A casa foi morada de Júlio Vasques de Carvalho tendo passado para a posse da autarquia em 1948.
A quinta está nos dias de hoje ocupada por uma Instituição Particular de Solidariedade social.
Foi uma instituição fundada na Rua de Alexandre Herculano
pelo Padre Sebastião Leite de Vasconcelos, em 1883, tendo como objectivo,
contribuir para a promoção de menores carenciados de lares familiares,
incutindo-lhes hábitos de trabalho, assegurando-lhes também a formação humana e
o aperfeiçoamento das próprias aptidões através do ensino profissional de um
ofício e da educação moral e religiosa que lhes permitisse garantir o futuro.
Sebastião Leite de Vasconcelos apoiava-se no espírito e nas
obras educativas promovidas por S. João Bosco a favor dos jovens mais pobres e
abandonados da sociedade.
Em 2 de Outubro de 1887, Luiz I e a rainha Maria Pia visitaram
a instituição.
Os monarcas foram recebidos por Sebastião Vasconcelos, sua
mãe D. Margarida Vasconcelos, sua irmã Francisca dos Santos e seu cunhado
Francisco dos Santos Pereira.
Durante a visita, a rainha foi presenteada com um agulheiro
de metal feito no torno.
Os visitantes seguiram para a oficina de carpinteiro, na
qual foi oferecido à família real um paliteiro de luxo, cuidadosamente
torneado.
Na alfaiataria, foi oferecido ao rei um par de calças de
“casimira ingleza”, com forros de cetim azul e branco, em cuja alça da carcela
(parte interna) podia ler-se o seguinte dístico pespontado à máquina: “S.M.El. Rei D. Luiz”.
Por sua vez, na oficina de encadernação seria ofertado um
exemplar dos Estatutos da Oficina e, na sapataria, um par de sapatos.
O rei escreveria então, no livro de honra, as seguintes
palavras:
Estimei muito de ter occasião de visitar este util e benefico
estabelecimento, que faz grande honra ao seu instituidor. Prosiga sempre na
senda do bem e do trabalho, que Deus abençoará os seus esforços – Porto, 2 de
Outubro de 1887- El Rei D. Luiz”.
Em 1890, as instalações primitivas sofreram uma ampliação (passando
a albergar diversas áreas oficinais), da qual nos dá conta o fundador da obra
no texto seguinte:
“Foi de iniciativa
particular. Abrigam-se 78 jovens distribuídos por diversas artes de sapateiro,
alfaiate, encadernador e marceneiro, tipógrafo e impressor, sob a direcção dos
respectivos mestres.
(...) à entrada do
edifício lê-se:
«Este edifício
construído sobre três chãos doados pelo governo de S.M.F. e mais dois comprados
pela Officina de S. José foi feito a expensas da caridade christã, importando
em 30.730$180 réis, concorrendo para a sua construcção com 18.747$200 réis o
benemérito cidadão Manoel Esteves Ribeiro.
Inaugurado a 1 de
Novembro de 1890.
(...) o aumento do
edifício foi delineado pelo distinto engenheiro Francisco de Paula Azeredo
(Samudães)
(...) a oficina tem
estatutos aprovados por alvará de 8 de Setembro de 1887 e, em 8 de Maio de
1890, foi agraciada com o diploma de Real Officina de S. José”.
Fonte: Artigo do Padre Sebastião Leite de Vasconcellos, In
“Guia no Forasteiro do Porto e Província do Minho, Editor F. Lopes-1895
In "Jornal do Porto", em 27 de Outubro de 1891
De acordo com a notícia anterior, a instituição recebeu um importante donativo dos viscondes de Morais.
O visconde José Júlio Pereira de Morais era, à data, um importante capitalista, desde 1866 a viver no Brasil, com 17 anos incompletos, onde foi recebido por um seu irmão, já aí radicado e fez fortuna. Precisamente, naquele ano de 1891, tinha chegado a Portugal, por onde se manteve até 1895.
Regressado ao Brasil fundaria a "Companhia Hipotecária" e, entre muitos outros empreendimentos comerciais e industriais seria um dos fundadores do "Banco Português do Brasil", em 18 de Março de 1918, quando foi nomeado em assembleia como Director e a notícia lhe foi dada por telégrafo, já que, à data, se encontrava em Lisboa.
O visconde de Morais faleceria em Agosto de 1931.
Entretanto, o Padre Sebastião Leite de Vasconcellos haveria de se
envolver em campanha publicitária dos “Rebuçados Milagrosos” (Saccharolides de
alcatrão composto) fabricados, no Porto, pelo farmacêutico Ferreira Mendes.
Os “Rebuçados
Milagrosos” eram recomendados às casas de educação, às boas mães de família e
aos directores dos colégios para tratamento simples e infalível de todos os
padecimentos tossicólogos, e cujos bons efeitos são atestados pelo Padre
Sebastião Leite de Vasconcelos, fundador da Oficina de S. José.
A capela, que viria a servir a instituição, teve licença de construção
emitida em 1907.
Nomeado como bispo de Beja em 1907, o fundador despediu-se
da obra que, então, entregou à diocese em que se ordenara.
Alguns portuenses associam, em memória, a Oficina de S. José a um
carrocel (roda de cavalinhos) que era instalada todos os anos em terreno anexo,
por altura das festas sanjoaninas das Fontainhas.
Cumprindo durante todo o século XX a sua função de acordo com os
objectivos traçados e tendo sido a espaços uma referência na assistência à
juventude portuense, sobre a orientação da igreja católica, em Março de 2010,
foi decidido fechar a valência de acolhimento de menores em risco que então era
praticada e anunciado que a Oficina passaria a funcionar como polo de formação
profissional, em parceria com o Instituto de Emprego e Formação Profissional, o
que nunca viria a suceder.
A drástica decisão de fecho ficou a dever-se ao facto da ocorrência de
um assassinato por espancamento, em Fevereiro de 2006, de Gisberto Júnior, conhecido
como Gisberta, transexual de nacionalidade brasileira, que se dedicava à prostituição
e com o lançamento do seu corpo a um poço, na zona do Campo 24 de Agosto.
A autoria do crime seria atribuída a 13 jovens, grande parte deles institucionalizados
na Oficina de S. José.
Actualmente, a Obra Diocesana continua a analisar que finalidade poderá
ser dada ao edifício do número 123, da Rua Alexandre Herculano.
11.3.4 Asilo de S. João
O Asilo S. João, instituição de beneficência foi criada em Lisboa em 1862, pela Maçonaria.
No Porto
é criado também pela Maçonaria em 1891, a instituição de beneficência Asilo de S. João, a fim de receber
rapazes órfãos. Um dos fundadores da
primitiva Associação Protectora do Asilo de S. João foi Alves da Veiga.
A instituição abriu as suas portas em 24 de Junho de 1892,
na mesma altura em que o fizeram o Asilo Profissional do Terço e o Municipal,
ambos também para menores do sexo masculino.
Sobre a instalação do asilo se refere o texto seguinte.
“Tratava-se de uma
casa com um amplo quintal e um jardim, situada no alto da Rua da Alegria, paredes
meias com a Escola Normal, onde antes sedeara um Colégio, local referenciado
pelos promotores como um dos mais saudáveis da cidade, adequado para o
bem-estar das crianças que, no dizer da Associação, chegavam em geral anémicas
e atrofiadas, pela escassez de recursos das pessoas que delas cuidavam. Depois
de beneficiar de algumas remodelações, o edifício foi modestamente equipado.
Contudo, algumas dependências vieram a merecer especial esmero, como o
dormitório amplo, luminoso, arejado, com caminhas de ferro pintado e mesas de
cabeceira, lençóis, travesseirinhas, almofadas e colchas de algodão, tudo
«dentro da maior economia e do maior asseio». A foto magnífica captada por
Aurélio da Paz dos Reis revela esse ambiente simples mas cuidado, à exata
semelhança de muitas das descrições apresentadas pelos colégios particulares,
na mesma época, nas suas brochuras informativas”.
Fonte: Site “ler.letras.up.pt”
O edifício da primeira instalação descrito no texto
anterior, haveria depois de abandonado pelo Asilo de S. João, ser ocupado pelo
Colégio Nossa Senhora da Estrela, que já existia na antigo palacete da Condessa
da Azambuja com entrada pela Rua de Santa Catarina.
Assim em 1918 dá-se a mudança para um novo edifício (Rua da
Alegria, n.º 342) que se situava na mesma rua, e tinha sido residência de uma
família conceituada da cidade, possuindo além de amplas acomodações, um belo
jardim, quintal e poço.
Hoje o asilo transformou-se em Internato de S.
João, mantendo a sua actividade quer no Porto, quer em Lisboa com os
mesmos fins e propósitos da sua criação, acolhendo crianças em risco, dando-lhe
abrigo, educação e preparando-as para a inserção na sociedade e na vida activa.
Aurélio da Paz dos Reis seria uma figura destacada que
integrou a Associação Portuguesa do Asilo
de São João.
Internato S. João na Rua da
Alegria actualmente – Ed. Teo Dias, “ruasdoporto.blogspot.pt”
11.3.5 Asilo das Raparigas Abandonadas ou Lar de Nossa
Senhora do Livramento
“O então chamado Lar
de Nossa Senhora do Livramento, surge no ano de 1810, ano em que se terão começado a sentir algumas das
consequências da passagem dos exércitos napoleónicos pelo Porto.
Nesta altura, nasceram
no Porto uma série de crianças muito loiras que atraíram sobre si e sobre as
suas mães a fúria da população.
António de Jesus
Lourenço, foi o homem responsável
por rapidamente as retirar para fora das muralhas e arranjou-lhes esconderijo.
A este esconderijo chamou-lhe Casa Refúgio e colocou desde
logo esta sob invocação de Nossa Senhora do Resgate e Livramento.
A Casa Refúgio em 1810
começou por acolher 7 mães e os seus filhos. Em 1818 já acolhia 58 mulheres.
Anos depois e após nova ocupação estrangeira novas misérias surgiram, desta vez
mais acentuadas pelo vaguear de muitas raparigas sem destino pela cidade Porto.
Marechal Saldanha,
tomando conhecimento deste facto manda para o Porto como governador civil um
homem da sua confiança – o Conde da Ponte – que arranjou uma outra casa que as
acolhesse designando-a Asylo das Raparigas Abandonadas (1853).
Tomando conhecimento
da existência da Casa Refúgio de Nossa Senhora do Livramento, o Conde da Ponte
decide juntar as duas obras e o nome que este escolheu para a segunda é o que
infelizmente fica: Asylo das
Raparigas Abandonadas. É em grande parte à custa de dinheiros do
Brasil que a obra continua a crescer tendo sido o próprio Conde Ferreira um dos
seus protetores.
Em 1873 coloca-se a
primeira pedra na construção do edifício mais funcional construído de raiz para
a obra no prédio que ainda hoje pertence à instituição na Rua de Santo
Ildefonso.
A luta pelo terreno
foi vencida a favor da obra graças à influência política de quem a dirigia e é
então lançada a primeira pedra em 1908.
Veio a ser visitada
pelo Rei D. Manuel II poucos meses depois havendo registo dessa visita no Livro
de Honra do Lar. A construção desta nova casa representava um enorme
investimento e grande esforço que agravou muito com a queda da monarquia em
1910 e implantação da república em Portugal.
À instauração da
República segue-se a guerra e estas instalações onde nos encontramos, que
estavam inacabadas, são requisitadas para fins militares e hospitalares”.
Com o devido crédito a “larlivramento.org”
Asilo das Raparigas Abandonadas, na Rua de Santo Ildefonso, sendo
visível os cabos aéreos dos Eléctricos
Próximo do Largo do
Padrão, o prédio onde esteve, na transição do século XIX para o XX, o Asilo das Raparigas Abandonadas
Fundado em 1852, pelo governador civil, conde da Ponte, na Rua de Santa Catarina, haveria de se transferir, no ano seguinte, para a Rua de Santo Ildefonso.
Em 16 de Fevereiro de 1918, são inauguradas as instalações do
novo Hospital para empestados (tifo), improvisado pelo Dr. Álvaro Pimenta, em
12 dias, na Rua de Santos Pousada, ao Campo 24 de Agosto, na casa que se
destinava ao Asilo das Raparigas
Abandonadas.
Em 1921, a casa é finalmente ocupada por 60 raparigas para o
fim a que se destinava inicialmente número que chegou a ser de 135.
A vida das jovens era passada em perfeita clausura e só
saíam aos 18 anos de idade.
Diga-se que o terreno onde está o asilo destinava-se, em 1887, à edificação do edifício que albergaria a futura Escola de Desenho Industrial, tendo, para o efeito, o rei D. Luís I lançado, naquela data, a primeira pedra. Tal, nunca viria a acontecer.
Com a entrada do Eng. Almeida e Sousa, conhecida personagem
portuense, na direcção da Instituição, na década de 70, seguiram-se grandes
mudanças que começaram logo pela do nome marcante que o Conde da Ponte havia
escolhido, tendo recuperado para a instituição, o nome inicial que é, ainda
hoje, o nome actual: Lar de Nossa Senhora do Livramento.
“Às mudanças seguem-se momentos de grande instabilidade. Foram tempos difíceis e entre muitas outras diligências sem sucesso, o Eng Almeida e Sousa procura um dia a Irmã Margarida Maria Gonçalves, do Instituto do Sagrado Coração de Maria, que imediatamente se prestou a ajudar apresentando a Irmã Maria Rosa Canito que viria a ser diretora do Lar. Desde então e até Agosto de 2014 as Irmãs do Sagrado Coração de Maria em muito contribuíram para esta Obra, através da sua ação educativa, pedagógica e humana”.
Com o devido crédito a “larlivramento.org”
Asilo das Raparigas Abandonadas, na Rua de Santos Pousada
Lar de Nossa Senhora do Livramento, na Rua de Santos Pousada, nos dias de hoje
Vista aérea do Jardim do Campo 24 de Agosto, sendo observável parte do edifício do Lar de Nossa Senhora do Livramento, cujos terrenos vêm até àquele jardim
11.3.6 Recolhimento das Irmãzinhas Pobres do Pinheiro
Manso
Santa Joana Jugan (1792 – 1879) foi a fundadora das Irmãzinhas dos
Pobres, uma congregação para apoio dos velhos doentes, abandonados e pobres.
“No dia 5
Novembro de 1897 inicia-se a construção do edifício das Irmãzinhas dos Pobres,
ao Pinheiro Manso, sendo a primeira pedra colocada pelos Cónego Dr. Cardoso
Monteiro, em representação do Sr. Cardeal D. Américo, conselheiro Araújo Silva,
director das Obras Públicas, e Dr. Terra Viana”.
Fonte: Álbum da Congregação; Cortesia de Rui Cunha
O Asilo Irmãzinhas dos Pobres localizado na Rua do Pinheiro Manso, nºs
217 -255, é começado a construir em 1898, sob a Licença de obra n.º:
101/1898, e esteve a cargo do empreiteiro João Gomes Guerra.
Foi a obra dada por finda em 1900, tendo-se procedido à respectiva
inauguração.
Em 1939, o edifício é ampliado pela Licença de obra n.º: 694/1939, quando
era conhecido por Asilo das Velhinhas Pobres.
No dia 1 de Fevereiro de 1911, durante uma visita ao Porto, o então
ministro da Justiça, Dr. Afonso Costa visitou na companhia do governador civil
do Distrito, Dr. Paulo Falcão, O Recolhimento das Irmãzinhas Pobres do Pinheiro
Manso.
Em sequência, foram ainda alvo da presença ministerial o Asilo das
Raparigas Abandonadas e o Recolhimento das Águas Férreas.
Estátua de S. José, em nicho da fachada do Recolhimento das
Irmãzinhas Pobres, obra de um escultor de nome Silva que trabalhava para o
empreiteiro.
Interior da Capela original, em 1904. As imagens sacras foram feitas
pelo santeiro João Monteiro Pereira Júnior - Fonte: Álbum da
Congregação
Actualmente, esta instituição é designada por Lar de Idosos das
Irmãzinhas dos Pobres do Porto, tendo sido também já designada por Associação
das Irmãzinhas dos Pobres e de Residência de Velhinhos das
Irmãzinhas dos Pobres do Porto, e mais antigamente por Asilo dos Velhinhos
das Irmãzinhas dos Pobres do Porto.
Hoje, como sempre, continua a viver de donativos de particulares e de
doações testamentárias, esporádicas, de benfeitores.
11.3.7 Abrigo
dos Pequeninos
O Abrigo dos Pequeninos teve projecto do arquitecto Rogério Azevedo,
tendo sido inaugurado no dia 20 de Abril de 1935, na sequência da proposta
apresentada em sessão da Comissão Administrativa de 14 de Março, desse ano.
A partir de 1938, em conformidade com o quadro da 1.ª
Direção dos Serviços Centrais e Culturais, o Abrigo dos Pequeninos passa a ser
constituído por uma directora, um médico, uma enfermeira, uma ecónoma e um
contínuo.
Entre 1935 e 1944, dirigiu-o D. Fernanda Tasso de Sousa. O
seu edifício estava situado entre a Rua de São Vítor e a Alameda das
Fontainhas. Esta obra de assistência social serviu de modelo para outras
instituições.
Em 1 de Maio de 1944, o Abrigo dos Pequeninos foi entregue pela Câmara
Municipal à Delegação do Porto do Instituto Maternal (Ordem de Serviço n.º
75/1944, Boletim da C.M.P. n.º 421, Ano 9, vol. 28, de 29-04-1944, p. 544).
As instalações do Abrigo dos Pequeninos já albergaram uma escola
e jardim-de-infância, abrigo de crianças carenciadas das inúmeras ilhas de São
Victor e daquela zona oriental da cidade.
Mas, em 2013, fechou portas e nunca mais as abriu, apesar de
algumas promessas e diversas discussões, em torno do tema.
A autarquia portuense, em Fevereiro de 2020, anunciou ter um
projecto orçado em 1,4 milhões de euros, em “fase de revisão”, para lançamento
do concurso que, quando executado e concluído, afectarão as instalações a um
núcleo museológico.
As obras devem arrancar em Julho e demorar um ano a ficar
concluídas.
Abrigo dos Pequeninos, na década de 1940
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