Bombeiros Voluntários
do Porto
Na década de 70, do
século XIX, surgiria um movimento associativo de combate a incêndios,
complementar do serviço municipal até aí existente.
Em 1870, Alexandre
Theodoro Glama e o seu cunhado Abílio Augusto Monteiro lideram um movimento
para a criação de um corpo de bombeiros voluntários. A eles se juntarão, em
1872, Hugo E. Kopke e Walter C. Kendall.
Depois de reunidas
as condições necessárias, foi no Pátio do Paraíso, a 25 de Agosto de 1875,
instalado o corpo de bombeiros voluntários com a denominação de Real Associação
Humanitária Bombeiros Voluntários do Porto (BVPorto), cuja primeira
Direcção era presidida pelo Visconde da Ribeira Brava, e no lugar de 1º
Secretário tinha Guilherme Gomes Fernandes (1849-1902), cuja nomeação efectiva
para comandante, data de 11 de Julho de 1877, tendo sido já, anteriormente, em
25/8/1875, pela sua qualidade técnica, nomeado Inspector-Geral e chefe do Corpo
de Salvação Pública.
Em Novembro de 1875,
o corpo de bombeiros acorreria, pela primeira vez, a um incêndio deflagrado na
Rua do Triunfo, em casa do Dr. Macedo Pinto.
Em 1909, o edifício
do Pátio do Paraíso sofreria obras de beneficiação, cuja licença de obra
recebeu o nº 867/1909.
O Pátio do Paraíso
ocupava uma área que, hoje, respeita ao Teatro Rivoli, Caixa Geral de
Depósitos, Café Garça Real e Associação de Jornalistas.
Durante as
comemorações do seu 25º aniversário, os BVPorto recebem a visita do rei D.
Carlos (sócio honorário da associação) e
da rainha D. Amélia, madrinha da mesma associação.
Na ocasião, a rainha
entregou a 1ª bandeira aos BVPorto, por ela desenhada e bordada a fios de ouro,
que ainda hoje se encontra no quartel.
Em 1925, o Pátio do
Paraíso foi vendido pelo seu proprietário, o 2º conde de Fijô, José de Castro
Falcão Corte-Real (1877-1945), à Câmara Municipal do Porto e, desde aquela data
até 1947, os BVPorto ficaram alojados num velho edifício apelidado de
“barracão”, que daria lugar ao actual quartel.
Após a aquisição da
propriedade por parte da autarquia foi possível executar obras de remodelação
no Teatro Nacional que, depois, se chamou Rivoli, passando este a ocupar uma
frente para a Rua do Bonjardim e passasse a ser feita por aí a sua entrada
principal que, até entã, era feita pelo lado oposto, a Rua Elias Garcia (antiga
Rua D. Pedro e, hoje, sensivelmente, o lado poente da Avenida dos Aliados).
As instalações da
foto acima do Quartel dos B. V. do Porto na Rua Rodrigues Sampaio, que
sucederam às do vizinho Pátio do Paraíso.
Bombeiros Voluntários Portuenses
Uma cisão entre dois
grupos rivais no seio dos BVPorto - os "Saias" e os
"Saldanhas" - viria a dar origem, em 1924, à Associação
Humanitária dos Bombeiros Voluntários Portuenses (BVPortuenses) com
instalações num pequeno quartel, na Rua do Bolhão, tendo transitado, em 1933,
para as instalações na Rua Fernandes Tomás e que, desde Maio de 1950,
ocupariam, também, o quartel da Foz, em frente à barra do Douro.
Na foto acima,
observa-se o baptimo de fogo dos BVPortuenses, vendo-se a sair da clarabóia, o
cidadão britânico e o seu 1º comandante, Georges Corker.
Em 1926, no seio dos
Bombeiros Voluntários do Porto, dar-se-ia nova cisão com a formação da Associação
Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Invicta com instalações no
edifício Vizela, na Rua Cândido dos Reis.
Em 1937, por ter
entrado em declínio, a Invicta juntou-se aos Portuenses.
As antigas
instalações da foto acima situavam-se na Rua Fernandes Tomás esquina com a Rua
do Comandante Rodolfo de Araújo.
Na foto abaixo as
novas instalações dos B. V. Portuenses, na Rua das Cruzes nº 580, na freguesia
de Ramalde, inauguradas em 1993.
Guilherme Gomes Fernandes e o Serviço de Incêndios
Tendo a Câmara, em
1853, introduzido o sistema de alarme das chamadas "Caixas de
Sinais", desde 1 de Janeiro de 1889, a estrutura municipal de combate a
incêndios, o Serviço de Incêndios, passa a designar-se Corpo de Salvação
Pública, por proposta de Guilherme Gomes Fernandes.
O quartel principal
situava-se no próprio edifício da Câmara Municipal, na então Praça de D. Pedro,
e englobava o comando e estado-maior, a secretaria, o depósito de material, a
central telefónica, a escola de instrução, o ginásio e as oficinas.
Havia ainda,
espalhados pela cidade 16 quartéis dos quais cinco de primeira, nove de segunda
e dois de terceira classe, respectivamente.
“Guilherme
Gomes Fernandes nasceu na
Baía a 6 de Fevereiro de 1850. Aos 3 anos de idade veio viver para a cidade do
Porto e aos 13 partiu para Inglaterra, com o intuito de frequentar os estudos
liceais. Com 19 anos, este jovem abastado e culto fixou residência no Porto.
Entusiasta do desporto, acumulou diversas vitórias na disciplina de Ginástica.
Anos mais tarde, ajudou a fundar a Associação Humanitária dos Bombeiros
Voluntários (1874-75) e do Corpo de Salvação Pública e foi nomeado Comandante
do Corpo de Bombeiros em 1877 e Inspector de Incêndios do Porto em 1885. De
seguida, transferiu-se para a Companhia de Incêndios (designada Corpo de
Salvação Pública a partir de 1889 e Batalhão de Sapadores Bombeiros de 1946 em
diante), assumindo o cargo de comandante.
Guilherme Gomes
Fernandes notabilizou-se, entre outras acções, no combate ao trágico incêndio
do Teatro Baquet, ocorrido em 1888 e no Concurso Internacional de Bombeiros de
1900, realizado em Vincennes, onde, sob a sua direcção, os bombeiros do Porto
alcançaram o 1.º prémio. Desenvolveu, igualmente, actividade empresarial na
área do material de combate aos incêndios, mas também no âmbito do jornalismo,
tendo criado e dirigido o jornal "O Bombeiro Voluntário", publicado
entre 1877 e 1890. O seu contributo para o progresso dos bombeiros do Porto e
do país valeu-lhe o tratamento de "Mestre", assim como condecorações
nacionais e internacionais de prestígio. Guilherme Gomes Fernandes morreu em
Lisboa, no Hospital de S. José, a 31 de Outubro de 1902.”
In Universidade do
Porto
O corpo de Guilherme
Gomes Fernandes seria trasladado para o Porto, apenas, em 1950.
Na folha informativa
acima, se faz a notícia, sobre o primeiro prémio do Concurso em Paris, 1900
Na foto acima, a
inauguração do busto a Guilherme Gomes Fernandes, em 1/5/1915. A partir daqui,
o nome da praça de Santa Teresa passou para o deste ilustre bombeiro.
Folha informativa de
homenagem a Guilherme Gomes Fernandes
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