segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

(Continuação 6)

Bombeiros Voluntários do Porto
 
Na década de 70, do século XIX, surgiria um movimento associativo de combate a incêndios, complementar do serviço municipal até aí existente.
Em 1870, Alexandre Theodoro Glama e o seu cunhado Abílio Augusto Monteiro lideram um movimento para a criação de um corpo de bombeiros voluntários. A eles se juntarão, em 1872, Hugo E. Kopke e Walter C. Kendall.
Depois de reunidas as condições necessárias, foi no Pátio do Paraíso, a 25 de Agosto de 1875, instalado o corpo de bombeiros voluntários com a denominação de Real Associação Humanitária Bombeiros Voluntários do Porto (BVPorto), cuja primeira Direcção era presidida pelo Visconde da Ribeira Brava, e no lugar de 1º Secretário tinha Guilherme Gomes Fernandes (1849-1902), cuja nomeação efectiva para comandante, data de 11 de Julho de 1877, tendo sido já, anteriormente, em 25/8/1875, pela sua qualidade técnica, nomeado Inspector-Geral e chefe do Corpo de Salvação Pública.
Em Novembro de 1875, o corpo de bombeiros acorreria, pela primeira vez, a um incêndio deflagrado na Rua do Triunfo, em casa do Dr. Macedo Pinto.
 
 
 
A sede dos Bombeiros Voluntários do Porto no Pátio do Paraíso

 
 
Em 1909, o edifício do Pátio do Paraíso sofreria obras de beneficiação, cuja licença de obra recebeu o nº 867/1909.
O Pátio do Paraíso ocupava uma área que, hoje, respeita ao Teatro Rivoli, Caixa Geral de Depósitos, Café Garça Real e Associação de Jornalistas.
 
 
 

Gabinete do comandante dos Bombeiros Voluntários do Porto
 
 

Salão Nobre do quartel, com a foto de D. Carlos, em destaque
 
 
 
Durante as comemorações do seu 25º aniversário, os BVPorto recebem a visita do rei D. Carlos (sócio honorário da associação) e da rainha D. Amélia, madrinha da mesma associação.
Na ocasião, a rainha entregou a 1ª bandeira aos BVPorto, por ela desenhada e bordada a fios de ouro, que ainda hoje se encontra no quartel.
 
 
 
 
 

Exercícios no Pátio do Paraíso
 
 
 

Carro de bombeiros no Pátio do Paraíso, à Rua do Bonjardim
 
 
Em 1925, o Pátio do Paraíso foi vendido pelo seu proprietário, o 2º conde de Fijô, José de Castro Falcão Corte-Real (1877-1945), à Câmara Municipal do Porto e, desde aquela data até 1947, os BVPorto ficaram alojados num velho edifício apelidado de “barracão”, que daria lugar ao actual quartel.
Após a aquisição da propriedade por parte da autarquia foi possível executar obras de remodelação no Teatro Nacional que, depois, se chamou Rivoli, passando este a ocupar uma frente para a Rua do Bonjardim e passasse a ser feita por aí a sua entrada principal que, até entã, era feita pelo lado oposto, a Rua Elias Garcia (antiga Rua D. Pedro e, hoje, sensivelmente, o lado poente da Avenida dos Aliados).
 
 
 

Promoção para a nova casa dos B. V. Porto, na Rua Rodrigues Sampaio
 
 

Quartel dos Bombeiros Voluntários do Porto, na Rua Rodrigues Sampaio
 
 
 
As instalações da foto acima do Quartel dos B. V. do Porto na Rua Rodrigues Sampaio, que sucederam às do vizinho Pátio do Paraíso.
 
 
 
 
Bombeiros Voluntários Portuenses
 

Uma cisão entre dois grupos rivais no seio dos BVPorto - os "Saias" e os "Saldanhas" - viria a dar origem, em 1924, à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Portuenses (BVPortuenses) com instalações num pequeno quartel, na Rua do Bolhão, tendo transitado, em 1933, para as instalações na Rua Fernandes Tomás e que, desde Maio de 1950, ocupariam, também, o quartel da Foz, em frente à barra do Douro.
 
 
 

Incêndio na Estamparia do Bolhão em 16 de Julho de 1924 – Fonte: museubombeirosportuenses.blogspot
 
 
 
Na foto acima, observa-se o baptimo de fogo dos BVPortuenses, vendo-se a sair da clarabóia, o cidadão britânico e o seu 1º comandante, Georges Corker.
Em 1926, no seio dos Bombeiros Voluntários do Porto, dar-se-ia nova cisão com a formação da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Invicta com instalações no edifício Vizela, na Rua Cândido dos Reis.
Em 1937, por ter entrado em declínio, a Invicta juntou-se aos Portuenses.

 
 

Edifício dos B. V. Portuenses na Rua Fernandes Tomás
 
 
As antigas instalações da foto acima situavam-se na Rua Fernandes Tomás esquina com a Rua do Comandante Rodolfo de Araújo.
Na foto abaixo as novas instalações dos B. V. Portuenses, na Rua das Cruzes nº 580, na freguesia de Ramalde, inauguradas em 1993.
 
 
 

Instalações actuais dos B. V. Portuenses
 
 
 
 
Guilherme Gomes Fernandes e o Serviço de Incêndios
 
 
Tendo a Câmara, em 1853, introduzido o sistema de alarme das chamadas "Caixas de Sinais", desde 1 de Janeiro de 1889, a estrutura municipal de combate a incêndios, o Serviço de Incêndios, passa a designar-se Corpo de Salvação Pública, por proposta de Guilherme Gomes Fernandes.
O quartel principal situava-se no próprio edifício da Câmara Municipal, na então Praça de D. Pedro, e englobava o comando e estado-maior, a secretaria, o depósito de material, a central telefónica, a escola de instrução, o ginásio e as oficinas.
Havia ainda, espalhados pela cidade 16 quartéis dos quais cinco de primeira, nove de segunda e dois de terceira classe, respectivamente.
 
 
 

Foto de Guilherme Gomes Fernandes

 
 
Guilherme Gomes Fernandes nasceu na Baía a 6 de Fevereiro de 1850. Aos 3 anos de idade veio viver para a cidade do Porto e aos 13 partiu para Inglaterra, com o intuito de frequentar os estudos liceais. Com 19 anos, este jovem abastado e culto fixou residência no Porto. Entusiasta do desporto, acumulou diversas vitórias na disciplina de Ginástica. Anos mais tarde, ajudou a fundar a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários (1874-75) e do Corpo de Salvação Pública e foi nomeado Comandante do Corpo de Bombeiros em 1877 e Inspector de Incêndios do Porto em 1885. De seguida, transferiu-se para a Companhia de Incêndios (designada Corpo de Salvação Pública a partir de 1889 e Batalhão de Sapadores Bombeiros de 1946 em diante), assumindo o cargo de comandante.
Guilherme Gomes Fernandes notabilizou-se, entre outras acções, no combate ao trágico incêndio do Teatro Baquet, ocorrido em 1888 e no Concurso Internacional de Bombeiros de 1900, realizado em Vincennes, onde, sob a sua direcção, os bombeiros do Porto alcançaram o 1.º prémio. Desenvolveu, igualmente, actividade empresarial na área do material de combate aos incêndios, mas também no âmbito do jornalismo, tendo criado e dirigido o jornal "O Bombeiro Voluntário", publicado entre 1877 e 1890. O seu contributo para o progresso dos bombeiros do Porto e do país valeu-lhe o tratamento de "Mestre", assim como condecorações nacionais e internacionais de prestígio. Guilherme Gomes Fernandes morreu em Lisboa, no Hospital de S. José, a 31 de Outubro de 1902.” 
In Universidade do Porto
 
 
O corpo de Guilherme Gomes Fernandes seria trasladado para o Porto, apenas, em 1950.
 
 

Publicidade ao concurso de Paris (Vincennes)

 
 

Folha informativa

 
Na folha informativa acima, se faz a notícia, sobre o primeiro prémio do Concurso em Paris, 1900
 
 

Corpo de Salvação Pública do Porto

 
 

Bombeiros em 1900


 

Cerimónia na Praça Guilherme Gomes Fernandes

 
Na foto acima, a inauguração do busto a Guilherme Gomes Fernandes, em 1/5/1915. A partir daqui, o nome da praça de Santa Teresa passou para o deste ilustre bombeiro.


 

Praça Guilherme Gomes Fernandes, em 1915, já com o busto


 

Busto de Guilherme Gomes Fernandes


 
Folha informativa de homenagem a Guilherme Gomes Fernandes 

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